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Paraibano João Aguiar é deportado

publicado: 08/10/2025 09h12, última modificação: 08/10/2025 09h12
Ativistas que integravam missão humanitária à Faixa de Gaza foram levados, ontem, para a Jordânia
João Aguiar e ativistas brasileiros Foto Divulgação Global Samud.jpg

João (de óculos, em pé, à direita) e outros 12 brasileiros que integravam a flotilha foram interceptados pelo governo de Israel | Foto: Divulgação/Global Samud

por Pedro Alves*

Os cidadãos brasileiros que foram interceptados pelo governo de Israel a caminho da Faixa de Gaza, numa embarcação que fazia parte de uma flotilha chamada Global Samud, já estão na Jordânia desde ontem, depois de finalizadas as audiências judiciais. Entre eles está o paraibano João Aguiar, um dos ativistas que embarcaram rumo ao território palestino para levar ajuda humanitária aos habitantes de Gaza. Ele, inclusive, que estava sem contato com a família havia dias, conseguiu conversar com os familiares ontem.

Em uma foto postada em um dos seus perfis de rede social, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) confirmou que todos estão bem e que já estão em solo jordaniano. O processo de deportação foi acompanhado pela embaixada brasileira em Tel Aviv e também pelo governo da Jordânia.

Ontem, já em solo jordaniano, o ativista paraibano conseguiu retomar o contato com a família, de acordo com seu irmão, Vladimir Aguiar. A reportagem do jornal A União conversou com Vladimir, que comemorou a saída do seu irmão de Israel e o rápido contato que João Aguiar conseguiu fazer com os familiares que estão no Brasil.

“Eles foram conduzidos para a fronteira com a Jordânia e foram entregues a autoridades brasileiras. Na embaixada estão recebendo tratamento médico e alimentação para serem enviados de volta ao Brasil. Quando chegou à Jordânia, ele conseguiu entrar em contato com minha irmã e disse que está bem”, contou Vladimir.

João Aguiar, ao lado de mais 12 ativistas brasileiros, foi detido entre a última quinta-feira (2) e a última sexta-feira (3), pelo governo israelense, em águas internacionais. Todos foram enviados para o centro de detenção em Ketziot, no deserto de Negev, o maior centro de detenção israelense.

Nota do Itamaraty

O Itamaraty publicou uma nota oficial ontem, explicando como foi o processo de negociação para que os brasileiros pudessem ser retirados com segurança rumo à Jordânia, país que faz fronteira com Israel e com outro território palestino, a Cisjordânia, que é ocupada pelo governo israelense.

“Após negociações conduzidas pelo governo brasileiro, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, os 13 brasileiros que integravam a flotilha Global Sumud, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), foram conduzidos até a fronteira com a Jordânia e libertados”, informou o Itamaraty em nota.

Na semana passada, a diplomacia brasileira havia criticado fortemente o governo de Israel por conta das detenções. Segundo o Itamaraty, Israel “viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”.

Retorno ao Brasil

Até o fechamento desta reportagem, o Ministério de Relações Exteriores não havia confirmado quando e como seria realizado o plano de repatriação dos brasileiros que estão, no momento, sob a responsabilidade do governo da Jordânia.

Além do paraibano João Aguiar e da deputada cearense Luizianne Lins, fazem parte do grupo brasileiro que agora está na Jordânia os ativistas Thiago Ávila, Bruno Gilga, Lisiane Proença, Magno Costa, a vereadora Mariana Conti, Ariadne Telles, Mansur Peixoto, Gabriele Tolotti, Mohamad El Kadri, Lucas Gusmão e Miguel Castro.

Ajuda humanitária

Na semana passada, cerca de 40 pequenas embarcações foram até Gaza com o objetivo de levar ajuda humanitária, como alimentos, mantimentos e remédios para a população palestina que vive sob o constante ataque de Israel, sob a premissa de operações do governo israelense que intentam desarticular o Hamas na região.

Segundo Israel, 473 participantes de várias nacionalidades foram presos, oriundos dessas missões humanitárias que são realizadas por meio de águas internacionais. As missões, para além da ajuda prática de envios de itens para a sobrevivência da população palestina, buscam denunciar o que chamam de genocídio em Gaza, território que vem sendo sistematicamente atacado e destruído, assim como o seu povo. 

O conflito na Faixa de Gaza já dura dois anos e, segundo dados chancelados pela Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 67 mil palestinos foram mortos e mais 170 mil foram feridos. No dia 7 de outubro de 2023, o Hamas realizou um ataque em território israelense que matou 1.200 pessoas e sequestrou outras 250. Em resposta, Israel passou a ocupar e a bombardear a Faixa de Gaza por meio de suas forças armadas.

Para grande parte da comunidade internacional, incluindo o Brasil, a reação foi desproporcional, visto que a Palestina não tem um exército organizado nacional para poder se defender. O resultado das respostas vem diminuindo drasticamente a população no território, com destruição de áreas civis, como casas, hospitais e escolas.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de Outubro de 2025.