Campina Grande amanheceu ontem enlutada. Uma de suas maiores crias partiu. O homem que tinha sobrenome de cidade, Severino Xavier de Souza, o Biliu de Campina, foi velado no Teatro Municipal Severino Cabral, no mesmo palco onde fez da sua vida um espetáculo. Durante o velório, o cantor, compositor e advogado recebeu homenagens de companheiros de profissões e outros que possuem o ofício de admirar.
No teatro, a música não parou de tocar, e quem realmente conhecia Biliu, dançou e cantou, para manter o seu legado que não é somente artístico, mas de alegria. Crispim foi um desses.
O zabumbeiro considera uma honra ter tido a oportunidade de dividir o palco com Biliu tantas vezes. “Para mim, ele era uma referência. Hoje, o sentimento é de tristeza por ter perdido um grande artista, mas feliz por termos trabalhado juntos e por saber que agora ele descansou, porque já vinha sofrendo há um tempo”, comentou.
Dentre os que acompanharam a cerimônia, estavam políticos da Rainha da Borborema que conviveram com a arte do cantor. Inácio Falcão, vereador de Campina, relatou pesar pela perda. “Infelizmente, a nossa cultura paraibana e campinense perde muito. Nós sabemos o quanto ele era importante para as nossas raízes, principalmente n’O Maior São João do Mundo. Ele trazia alegria para o povo de Campina Grande, e hoje é um momento muito triste, porque não nos despedimos apenas de um artista, mas de um amigo, uma pessoa generosa e de coração gigantesco”.
Homenagem
Pouco antes de ser internado no Hospital de Trauma de Campina, Biliu recebeu uma homenagem à sua vida e obra. A professora Gorete Sampaio foi responsável pela pesquisa e montagem do documentário produzido para prestigiar o artista e admitiu que revisitar o material agora será doloroso. “O processo de produção foi muito prazeroso, porque, além dele ser aquela pessoa que sempre representou a música, nós também acabamos descobrindo um lado afetuoso de Biliu”, contou a professora.
Segundo ela, em todos os momentos da pesquisa, desde a parte documental às entrevistas e captação de imagens, ele queria estar presente. “Foi um convivência intrínseca, e Biliu sempre foi solidário, nunca vaidoso. E resultou nesse trabalho que agora temos a obrigação e a responsabilidade de finalizar, mas serão dias difíceis”, exprimiu Gorete.
Após as despedidas, o velório foi encerrado por volta das 16h e o corpo seguiu para o Cemitério do Monte Santo, onde foi sepultado “o maior carrego do Brasil” e agora também imortal.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de julho de 2024.