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itr 2025

PB alcança três pódios em competição internacional

publicado: 15/09/2025 09h14, última modificação: 15/09/2025 09h14
Equipes do estado são formadas por jovens do programa Limite do Visível
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Resultados revelam histórias de superação; todos são egressos da rede pública de ensino | Foto: Divulgação/Secties

Três equipes formadas por jovens do programa Limite do Visível fizeram história no International Tournament of Robots (ITR 2025), realizado em Santiago, no Chile, ao conquistarem pódios nas três principais modalidades da competição mundial. Mais do que troféus, os resultados revelam histórias de superação, dedicação e transformação de vidas pela ciência e pela tecnologia. Esse resultado demonstra os frutos da atual política pública estadual da Paraíba em ciência, tecnologia e inovação, feita por meio de ações e programas executados por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties).

Lançado em 2022, o projeto é pioneiro no incentivo à formação tecnológica de jovens egressos da rede pública estadual. Durante os cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) e Ciência de Dados, os alunos receberam bolsas de R$ 1 mil mensais.

O secretário da Secties, Claudio Furtado, ressaltou que esse tipo de investimento é uma prioridade para o Governo do Estado. “Com isso, estamos primeiro promovendo a questão do letramento em robótica e, com essas competições, você estimula não só a rede pública, mas a rede privada também, ou seja, esse conjunto de escolas pensando na robótica como uma ferramenta fundamental para a questão do ensino”, disse. 

Secretário de Estado da Ciência e Tecnologia, Claudio Furtado, esteve presente ao evento | Foto: Divulgação/Secties

As equipes competiram contra representantes de diversos países em provas que desafiavam habilidades de programação, engenharia, raciocínio lógico e estratégia. O desempenho da Paraíba trouxe grandes resultados: primeiro lugar para a Equipe Olimpo-RP, na modalidade Resgate de Alto Risco; segundo lugar para a Equipe GDA, também na modalidade Resgate de Alto Risco; e terceiro lugar para a Equipe Bumblebee, na modalidade Carros Autônomos.

A delegação, composta por 12 estudantes divididos em três grupos e três professores, é formada por alunos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e integrantes do Projeto Limite do Visível. As equipes já tinham conquistado o título de campeã brasileira em 2024, além de outras vitórias internacionais no mesmo ano.

Claudio explicou que a robótica é uma ferramenta multidisciplinar. “Com isso, nós estamos pensando em física, matemática, química, nas áreas de ciências, mas até nas áreas de cultura, que hoje tem dança, na área de história. Ou seja, pensamos na robótica como uma ferramenta de desenvolvimento da cognição do estudante que vai fazer com que ele possa abordar e resolver problemas de maneira muito mais eficaz, porque ele vai ser treinado a fazer aquilo”, comentou.

As equipes receberam o apoio do Governo da Paraíba para o custeio da viagem e estadia. Para Luan Carlos, líder da Equipe Olimpo-RP, que ficou em primeiro lugar na modalidade Resgate de Alto Risco, o apoio financeiro é essencial para que ele se dedique inteiramente aos estudos. “Minha primeira experiência foi no ano de 2022, enquanto ainda estava no Ensino Médio. Sempre admirei o mundo da tecnologia, porém, por condições financeiras da minha família, nunca tinha tido a oportunidade de praticar”, disse.

Estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS), na UEPB, por meio do projeto Limite do Visível, ele conta que o estudo em robótica foi um divisor de águas. “Eu não tinha noção do que a robótica era capaz de fazer, principalmente no quesito de resolver problemas e desafios, e do quanto ela pode melhorar a qualidade de vida das pessoas. Também desconhecia seu uso pedagógico para desenvolver o raciocínio de vários alunos, que foi exatamente o que aconteceu comigo”.

Já Davi Luiz Cândido, líder da Equipe GDA, que ficou em segundo lugar na modalidade Resgate de Alto Risco, contou sobre a alegria do resultado. “Sem a presença de Deus, nada disso teria sido possível. Foram tantas coisas boas que a robótica trouxe que me emociono só de pensar. Além de me dar uma carreira profissional e o amor pela programação, ela me trouxe grandes amizades, amigos mais chegados que irmãos, pessoas únicas que ajudaram aquele menino tímido a se tornar o campeão que sou hoje”.

Davi estuda e compete em robótica desde os 13 anos. De lá para cá, ele venceu em diversas modalidades e conquistou resultados importantes: segundo lugar na etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica e terceiro lugar na Latin American Robotic Competition, na modalidade Soccer. Além disso, vieram os títulos regionais e municipais no Torneio Juvenil de Robótica (TJR), Expotec, MNR, entre outras disputas. “Dos 16 aos 23 anos, tive o prazer de participar de várias modalidades, agora participo como aluno mais velho. Minha missão era ajudar os mais novos, enquanto me preparava para minhas próprias competições. Nesse período, conquistei dois títulos no ITR, na modalidade Resgate de Alto Risco, além de um segundo lugar na RoboCup Júnior, na modalidade Challenger, de longe, o maior desafio da minha vida”, contou.

Enquanto isso, Miguel Lucas Luna, líder da Equipe Bumblebee, que ficou em terceiro lugar na modalidade Carros Autônomos, contou que a robótica despertou muito interesse por unir tecnologia, criatividade e trabalho em equipe. “A robótica tem transformado minha vida, me proporcionando aprendizados técnicos, crescimento pessoal e a chance de viver experiências que jamais imaginei. Hoje, sigo motivado a continuar firme nessa caminhada, pesquisando e levando o nome do estado da Paraíba cada vez mais longe através da ciência e da tecnologia”.

Programa Limite do Visível

Na última quarta-feira (10), 50 estudantes dos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) e Ciência de Dados se formaram e mais 50 estarão com seus diplomas em mãos até o fim do ano. Um dos diferenciais da iniciativa foi a construção de Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) inovadores, elaborados em parceria com especialistas e empresas do setor. Essa integração assegurou que o currículo formativo atendesse às demandas contemporâneas do mundo do trabalho, unindo competências técnicas, visão crítica e habilidades socioemocionais.

Sobre o campeonato

O ITR é ligado ao TJR e à RoboLeague, plataforma internacional de ranking de robôs, e se posiciona como um evento integrador e de consolidação de rankings mundiais, diferente da RoboCup, focada em pesquisa de ponta, e do FIRST, voltado à formação educacional global. Ele fortalece a ideia de uma liga internacional de robótica competitiva, criando uma ponte entre educação, ciência aplicada e reconhecimento mundial, com o objetivo de criar um circuito global estruturado, conectando eventos nacionais e continentais, TJR e Torneio de Robótica Juvenil/da Juventude (YTRo), em um ranking oficial.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de setembro de 2025.