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Pinturas rupestres revelam: sem cães, sobrevivência humana teria sido impossível

publicado: 19/12/2017 22h03, última modificação: 19/12/2017 22h03
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As pinturas rupestres descobertas na Arábia Saudita mostram que o homem já caçava com cães há 8 mil anos - Foto: Ash Parton/Maria Guagnin (Palaeodeserts Survey)

tags: paleontologia , pinturas rupestres , cães , arábia saudita , caça


Do ZAP

Foram descobertas na Arábia Saudita pinturas rupestres que mostram que o homem já caçava com cães há 8 mil anos. Os cientistas continuam tentando entender quando e como começou a relação entre humanos e cães. Agora, segundo o El País, pinturas rupestres descobertas recentemente na Arábia Saudita mostram algo muito importante: sem estes animais, a sobrevivência do homem poderia ter sido bem mais complicada (ou impossível).

As descobertas no noroeste do país, nos sítios arqueológicos de Shuwaymis e Jubbah, representam um grande avanço, porque estão entre as imagens mais antigas de cães, entre 8 mil e 9 mil anos, e se destacam, sobretudo, por serem as primeiras que mostram o trabalho conjunto com humanos.

No total, são 350 imagens, e em algumas delas é possível observar claramente a caça em conjunto, com os cães presos com um tipo de corda e os homens armados. Sobre raça, poderia se tratar de uma que ainda existe nos dias de hoje: os cães de Canaã.

“As imagens nos mostram que os caçadores controlavam os cães e que os utilizavam para suas estratégias de caça, muito antes de terem domesticado outros animais, como vacas ou cabras. Até agora, não era claro se os cães se sentiam atraídos pelos povoados humanos ou se foram ativamente domesticados”, explica Maria Guagnin, pesquisadora do Instituto Max Planck, atualmente na Universidade Livre de Berlim, e uma das autoras do estudo publicado no Journal of Anthropological Archaeology.

“A utilização de cães aumenta as possibilidades de caçar e ajudar os humanos a sobreviver, especialmente numa época em que a comida era escassa e só estava disponível em certos momentos do ano”, acrescenta a cientista. Embora assegure que se trata de um momento da história difícil de datar, o cientista da Escola de Arqueologia da Universidade de Oxford, Greger Larson, um dos principais pesquisadores da origem dos cães, reconhece a importância da descoberta.

“Parece razoável pensar que são cães e que os humanos caçam com eles. Parece-me mais difícil perceber se tratam-se de coleiras, no entanto, é certo que trabalham em conjunto”, conta. “Muito provavelmente, eles tinham uma grande importância para os homens porque estão ligados a cordas. Isto sugere que sua presença na caça era muito útil e que as presas podiam ser encontradas – e mortas – muito mais facilmente graças aos cães”, diz também Mietje Germonpré, do Departamento de Paleontologia do Real Instituto Belga de Ciências Naturais.

Por sua vez, Robert Losey, professor de Antropologia da Universidade de Alberta e um dos grandes pesquisadores da relação entre cães e homem, assinala que “as imagens indicam que vivemos próximos dos cães há milhares de anos. “Caçamos com cães há muitos anos também. Suspeitava-se disso há muito tempo, mas até agora não se tinha descoberto nenhuma prova arqueológica disso”, diz Losey.

Questionado se estes animais, que são conhecidos como ‘o melhor amigo do homem’, ajudaram a humanidade a sobreviver enquanto espécie, Losey não tem dúvidas. “Sem dúvida alguma. Em algumas situações, os cães podem aumentar muito as nossas habilidades. Se não tivessem estado conosco, era muito possível que agora não estivéssemos aqui”, conclui.