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Pokémon GO traz interatividade e beneficia relação de pais e filhos

publicado: 15/08/2016 00h05, última modificação: 15/08/2016 14h40
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Aplicativo tem sido utilizado para acelerar recuperação de crianças hospitalizadas em um hospital de Michigan, nos Estados Unidos - Foto: Reprodução/Internet

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Jadson Falcão - Especial para A União

Depois de aguardarem ansiosamente durante quase um mês após o lançamento de Pokémon GO no Japão e nos países da América do Norte e Europa, os treinadores Pokémon do Brasil finalmente podem participar da nova febre mundial. Pokémon GO chegou ao país na quarta-feira passada, dia 3, e tem, em pouco tempo, modificado a realidade e o cotidiano de crianças, jovens e adultos em todos os cantos do país.

O game é a nova aposta da desenvolvedora de games norte-americana Niantic em parceria com a Nintendo e a The Pokémon Company, e traz funcionalidades e possibilidades de interação e de jogabilidade inovadoras, que prometem mudar drasticamente a forma como são explorados os jogos na atualidade.

A principal novidade trazida pelo game é a realidade aumentada presente no aplicativo, que permite que o jogador visualize os animais virtuais na tela de seu smartphone ou tablet como se estivessem no mundo real. Os pokémons estão espalhados pelo mundo e aparecem em localidades aleatórias e a qualquer momento, o que faz com que o jogador precise sair de casa para capturar os monstrinhos; outra grande inovação trazida pelo jogo.

A jornalista Janielle Ventura, de 22 anos, é fã da saga Pokémon desde a época em que o anime foi lançado, e tem aproveitado o tempo livre para rever o desenho e entender um pouco mais sobre o funcionamento dos Pokémons. “Eu sempre fui muito fã de Pokémon, e inclusive eu já vinha reassistindo o desenho pelo Netflix muito antes do jogo ser lançado. Com a chegada do jogo no Brasil, eu voltei a ver para entender como batalhar melhor e melhorar meu desempenho no jogo”, explicou.

Janielle afirmou que em sua jornada Pokémon tem contado com a ajuda de seu pai, que facilita para ela a obtenção dos itens necessários para dar continuidade ao jogo como as Pokébolas, as porções de recuperação de força e os doces que ajudam na captura dos bichinhos. Esses itens podem ser retirados nas Pokéstops, locais aleatórios - geralmente pontos turísticos, igrejas e obras de arte - também espalhados pelo mundo. “Já saí com meu pai de moto várias vezes pra gente jogar por aqui. Ele pilotando a moto e eu atrás pegando os Pokémons e pegando os itens nas Pokestops. Isso é muito legal”, contou ela empolgada.

Janielle afirmou que, para ela, o sucesso do jogo se deve à realidade aumentada, à interatividade e a reunião de amigos que este proporciona. “Acredito que você ter que sair de casa para caminhar com seus amigos e chamá-los para jogar é um dos principais fatores para toda essa febre. Você passa mais tempo junto com eles se divertindo e querendo pegar pokémons, como aconteceu no último evento onde uma galera surpreendente se reuniu para caçar pokémons na praia”, afirmou.

O evento ao qual a jornalista se referiu foi criado no facebook por um grupo de amigos e aconteceu no sábado, dia 6, no Busto de Tamandaré, em João Pessoa. Intitulado de “Caçada Pokémon em Jampa”, a primeira grande reunião dos caçadores na cidade contou com a presença de centenas de jogadores ansiosos.

O jogo traz consigo um grande potencial para os pontos comerciais, uma vez que lugares que são Pokéstops e Ginásios - locais de batalha onde acontecem a constante de jogadores aos locais. No Japão, a rede de fast foods McDonald’s é uma das patrocinadoras da s disputas entre os Pokémons que também estão presentes no jogo - atraem a presença nova febre mundial, e os cerca de 3 mil restaurantes da rede espalhados pelo país agora são ginásios ou Pokéstops.

Surgimento da Série

Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas que não são familiarizadas com o universo Pokémon, a série de sucesso mundial surgiu não a partir do famoso anime, mas sim dos jogos “Pokémon Red” e “Pokémon Blue”, lançados na década de 90 pela fabricante japonesa de jogos eletrônicos, Nintendo. Os dois jogos se tornaram sucesso em todo o mundo e deram origem a dezenas de outros lançados pela Nintendo que, por sua vez, foram seguidos pelo anime - que está atualmente em sua 19ª temporada -, e por cartas colecionáveis, filmes, mangás e brinquedos de todos os tipos envolvendo os pequenos animais que tem superpoderes.

A franquia Pokémon é até hoje uma das franquias de jogos mais lucrativas do mundo, e continua fazendo a cabeça de muitas crianças, jovens e adultos, tendo sido incorporada permanentemente na cultura pop não somente do Japão, mas de todo o Ocidente.

Para além do lançamento de Pokemón GO - que vem ocorrendo desde o mês passado -, a Nintendo agendou para novembro desse ano a chegada de dois novos jogos da franquia para vídeo games, chamados de “Pokémon Sun” e “Pokémon Moon”. Os novos jogos devem trazer 31 novas criaturas, que chegam para se somar às 721 já existentes.

Jogo modifica rotina e aproxima pais e filhos

Pokémon GO tem proporcionado momentos de diversão e reunião não somente à amigos que se unem em grupos para jogar, mas também a pais e filhos, que têm se aproximado cada vez mais com a nova rotina de sair em busca dos bichinhos.

O analista de sistemas, Marcus Philippe, de 32 anos, garante que a relação com o filho Davi, vem melhorando com a chegada do jogo por aqui. Segundo ele, a dupla agora faz questão de sair de casa e passear, justamente para ir capturando os monstrinhos no jogo. “O jogo mudou nossa rotina. Desde que foi lançado aqui no Brasil, a gente passou a sair junto para todo canto, e meu filho que não gostava muito de sair, agora usa tudo como um pretexto para sair junto. Se eu vou fazer uma caminhada ele vai junto, e a gente fica ajudando um ao outro”, explicou.

Marcos afirmou que considera muito importante acompanhar o filho na jornada Pokémon porque isso estreita os laços entre pai e filho. “A gente acaba passando mais tempo junto, e isso fortalece nossa relação e ajuda a nos aproximar”, afirmou ele, que acredita que o jogo traz um novo paradigma no mundo dos games.

“Acho o game bem interessante e divertido pelo fato de os Pokémons aparecerem nos lugares que você vive. Já capturamos muitos Pokémons, e no evento que aconteceu sábado era um ajudando o outro e chamando o outro pra capturar”, observou.

O pequeno Davi, de 10 anos, afirmou gostar de Pokémon GO por ser um “jogo bem diferente”, que o possibilita passar mais tempo com o pai. “Eu gosto de jogar com o meu pai porque a gente sempre pega muitos Pokémons juntos, é muito legal . A gente sempre se ajuda e quando um não pega, o outro vai lá e consegue”, explicou o garoto.

Aplicativo tem ajudado pessoas em depressão

Os benefícios trazidos pelo game vão além da diversão instantânea e da mera descontração. Pokémon GO tem sido bastante útil também à pessoas que sofrem de depressão e ansiedade, ajudando-os a sair de casa para capturar o maior número possível de bichinhos.

De acordo com o especialista em saúde mental, John Grohol - em entrevista ao site Psych Central -, ainda que a experiência do jogo seja obtida online, realizar atividades básicas do cotidiano pode parecer impossível para alguém que sofre com distúrbios de humor, e Pokémon GO tem ajudado diversas pessoas com relação a isso.

Não é difícil encontrar nas redes sociais testemunhos de pessoas que dificilmente saiam às ruas e que, depois da chegada do jogo, passaram a sair e andar quilômetros, num exercício que beneficia não somente o corpo, mas também a mente.

A usuária Zaiana Samin desabafou no twitter e afirmou que o game tem a ajudado bastante em seu quadro de depressão. “Pokémon GO tem realmente me ajudado com minha depressão. Se você está depressivo e encontra alguma coisa que te traz pelo menos um pouquinho de felicidade, te fazendo levantar de sua cama pelo menos um pouco, não importa o que isso seja, e nem o que outras pessoas falem sobre isso, continue. Continue por você”, escreveu a garota na rede social.

Nos Estados Unidos, o jogo tem ajudado também crianças em sua difícil rotina durante o tempo em que estão internadas. O hospital infantil universitário C.S. Mott Children’s, que fica no estado de Michigan, decidiu usar o jogo dos monstrinhos para fazer as crianças saírem de seus leitos, melhorando assim o tratamento, pois, como se sabe, incentivar o paciente a ficar animado e feliz ajuda a acelerar a melhora em diversos casos clínicos.

Em um vídeo publicado no YouTube, o gerente de Mídia Digital e especialista infantil do hospital, J.J Bouchard, explicou que o aplicativo é “uma forma divertida de incentivar a mobilidade dos pacientes”, e tem ajudado a fazer o hospital parecer “menos assustador para as crianças”. Ainda segundo ele, o jogo faz as crianças hospitalizadas saírem da cama e tem sido utilizado como forma de terapia física e ocupacional para elas. O edifício do C.S. Mott Children’s conta com várias PokéStops e um ginásio em suas dependências.

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