Após pesar no bolso dos brasileiros nos últimos anos, o preço da carne bovina começou a mostrar leve queda, segundo as pesquisas mais recentes. Os consumidores ainda não sentem grande diferença, mas observam reduções pontuais do valor do produto nos supermercados. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em fevereiro o preço médio da carne reduziu 1,22%, com destaques para a picanha (-2,63%), alcatra e fígado (-2,5%), costela (-2,28%) e filé-mignon (-1,77%). No ano passado, o abate de bovinos cresceu 7,5%, com a maior oferta de gado.
O presidente da Associação dos Supermercados da Paraíba (ASPB), Cícero Bernardo, afirma que os preços estão estabilizados, com leves reduções em alguns tipos do alimento. “O preço da carne de segunda está caindo e deve reduzir mais. Apesar disso, ainda não percebemos um aumento grande no consumo. No caso da picanha, a redução é mais significativa, mas é um produto que nem todos vão comprar”.
O proprietário de um restaurante no Bairro dos Estados, em João Pessoa, Arnaldo Marques, comenta que tem sentido mais estabilidade no produto: “Só em não haver aumento, já é uma situação que ajuda a controlar os gastos na manutenção do restaurante”.
A média da inflação em fevereiro foi de 0,84%. O segmento de alimentos e bebidas registrou alta de 0,16%. O grupo alimentação no domicílio teve acréscimo de 0,04%. Contudo, no acumulado dos últimos 12 meses, o índice é de 10,51%.
“Eu já compro carne com estabilidade já há algum tempo. Geralmente, adquiro nos mesmos locais. Só mudo quando há uma promoção grande”, explica Arnaldo Marques. Os tipos de carne que ele serve no estabelecimento tiveram reduções no mês de fevereiro: patinho (-0,73%), acém (-1,43%), lagarto (-0,1%) e cupim (-1,20%).
Filé mignon cai 7,5%
O preço do filé mignon caiu 7,5% nos últimos 12 meses, aponta o IPCA. No período, fígado (-7,09%) e acém (-5,84%) são destaque. Os preços das carnes em geral nos mercados reduziram em 1,63%. A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indica uma redução de 1,1% no custo da carne bovina de primeira, em fevereiro, e alta de 1,50%, nos últimos 12 meses.
O empreendedor Edwin Leibniz tem um food truck na Villa Goumet João Pessoa, no bairro do Bessa e costuma comprar carne no atacado para produzir as baguetes que comercializa.
“Já percebo redução no preço do coxão mole, por exemplo. Há três ou quatro meses, o preço médio era de R$ 42. Hoje, é possível encontrar até por R$ 35. Eu ainda consigo comprar por R$ 33,50. Mas até nos supermercados mais caros, o valor não chega aos R$ 40”. Segundo o IPCA, o custo do coxão mole ou chã de dentro, reduziu 3,22% em 12 meses, e 0,78% em fevereiro.
Cresce abate de bovinos
O abate de bovinos voltou a crescer, no ano passado, após dois resultados consecutivos de redução. Foram abatidas 29,80 milhões de cabeças em 2022, o que corresponde a um aumento de 7,5%, em relação ao ano anterior, isto é, 2,09 milhões de cabeças a mais. Os dados são da Estatística da Produção Pecuária, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme a pesquisa, o aumento de 19,1% no abate de fêmeas foi fundamental para a retomada do abate de bovinos. O setor pecuário passou por um período de retenção das vacas para procriação, seguido pela entrada dos bezerros no mercado, o que resulta em redução dos preços, com o aumento de oferta.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de março de 2023.