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Prevenção ainda é o melhor remédio

publicado: 11/03/2024 09h12, última modificação: 11/03/2024 09h12
Problemas mais comuns após os 60 anos incluem doença periodental, perda dentária, boca seca e até câncer
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Acompanhado por especialistas de diversas áreas, José Rodrigues, de 90 anos, também conta com a atenção periódica do dentista | Fotos: Edson Matos
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Cirurgião-dentista Miguel Franklin já tem experiência no atendimento aos mais velhos
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Jackson Nunes levou o pai ao dentista ao percerber a dificuldade do idoso para se alimentar
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por Sara Gomes*

É possível que a saúde bucal do ser humano sofra alterações na velhice como perda óssea, retração gengival e diminuição da produção da saliva, podendo levar a uma série de problemas dentários e periodontais. Nesta fase da vida, os cuidados devem ser redobrados por ser um público acometido com comorbidades como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

De acordo com o cirurgião-dentista especializado em implantes, Miguel Franklin, os problemas mais comuns que afetam os idosos incluem cáries dentárias, doença periodontal (gengivite e periodontite), perda dentária, boca seca (xerostomia) e câncer bucal. “A falta de acesso a cuidados odontológicos adequados e a incapacidade física de manter uma higiene bucal adequada também contribuem para esses problemas”, declarou.

A boca é porta de entrada para doenças e bactérias, portanto é essencial mantê-la saudável. Conforme o dentista, os sinais de que a saúde bucal do idoso está comprometida podem ser: dor de dente, sangramento gengival, mau hálito persistente, sensibilidade dental, perda de dentes, dificuldade para mastigar ou engolir alimentos e alterações na aparência da boca, como feridas ou manchas.

Se o idoso tiver comorbidades, Miguel Franklin orienta que ele seja acompanhado por um dentista que esteja ciente da condição de saúde geral. Algumas recomendações são importantes como: “Realizar exames odontológicos regulares, manter uma boa higiene bucal, controlar a dieta para evitar alimentos que possam prejudicar os dentes e gengivas e manter as próteses dentárias bem higienizadas, fazendo a substituição na época adequada”, recomendou.

Infecções e dentes quebrados são transtornos comuns

José Fernando Rodrigues, 90 anos, possui nove filhos que se revezam na assistência ao idoso. Seu Fernando é acompanhado por geriatra, cardiologista, psiquiatra e outros profissionais, como o dentista Miguel Franklin. Apesar da idade avançada, o filho Jackson Nunes, 54 anos, afirma que o pai tem boa saúde. “Meu pai tinha uma banca de revista por hooby e era muito independente. Na pandemia, ele desenvolveu depressão em virtude do isolamento social e um quadro de ansiedade que permeia até hoje. De comorbidade é apenas hipertensão”, disse o filho.

Por ser muito calado, os familiares ficam atentos em qualquer mudança de comportamento. Certa vez, Jackson observou que o pai estava se alimentando com dificuldade. “Perguntei a papai se ele estava com dor de dente. Ele confirmou então trouxemos ao dentista de nossa confiança”, disse o filho.

José Fernando utiliza prótese dentária há alguns anos. O cirurgião-dentista Miguel Franklin explica que há dois meses, o idoso se queixou de dor no dente, então a família o trouxe para uma consulta. “Quando fui investigar, o dente estava sem vitalidade, por isso quebrou. Já que quebrou, fiz o tratamento de canal no dente para não infeccionar e coloquei uma coroa de porcelana”, disse.

Se não tratar a infecção, o cirurgião-dentista explica que a bactéria pode cair na corrente sanguínea ocasionando uma infecção na musculatura do coração (endocardite bacteriana).  “Essa infecção acomete bastante o público idoso, mas se não tratar em tempo hábil pode agravar sua saúde”, declarou.

Se o idoso estiver acamado ou tiver alguma doença neurológica que comprometa sua autonomia, é importante que os cuidadores ou familiares ajudem na higiene bucal diária. “Isso pode incluir a escovação dos dentes, uso de fio dental e enxaguante bucal (se necessário). Se a pessoa estiver impossibilitada de realizar esses cuidados, um dentista pode recomendar alternativas, como a limpeza da boca com gazes umedecidas ou esponjas macias”, orientou o dentista.

José Alves Vieira, 66 anos, realiza periodicamente consulta com o dentista. Geralmente realiza a limpeza de tártaro e restauração de obturação, mas já fez tratamento de canal para o dente não infeccionar. Recentemente, realizou clareamento nos dentes por estética em uma dentista de sua confiança. “Primeiro ela fez todo o tratamento preventivo e depois preencheu com resina para alinhar os dentes antes do procedimento. Eu fiz três seções de clareamento e estou muito satisfeito com o resultado. Melhorou minha autoestima”, revelou.

Por fim, o cirurgião-dentista Miguel Franklin enfatiza a importância da prevenção e cuidados regulares com a saúde bucal na terceira idade. “Isso inclui visitas periódicas ao dentista, uma dieta equilibrada, hábitos saudáveis de higiene bucal e ficar atentos aos sinais e sintomas de problemas dentários, gengivais e tecidos moles bucais. Além disso, é essencial que os profissionais de saúde estejam cientes das necessidades específicas dos idosos e possam oferecer tratamentos adequados e personalizados”, destacou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de março de 2024.