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PRÁTICA SUSTENTÁVEL

Reciclagem gera emprego e renda

publicado: 02/09/2024 09h36, última modificação: 02/09/2024 09h36
Associação recolhe cerca de 120 toneladas de materiais reaproveitáveis mensalmente, na capital paraibana
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Trabalho desenvolvido por mais de 20 sócios gera uma renda semanal individual de R$ 400 | Fotos: Leonardo Ariel
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por Samantha Pimentel*

Embalagens plásticas, latas de alumínio e papéis são alguns exemplos de itens usados no dia a dia que são rapidamente descartados. O que é apenas lixo para muitos pode garantir o sustento familiar, por meio da coleta seletiva de materiais recicláveis. Na capital paraibana, a Associação dos Catadores de Recicláveis de João Pessoa (Ascare-JP) recolhe e encaminha para reciclagem cerca de 120 toneladas de material reciclável todo mês.

A associação conta com a colaboração de mais de 20 sócios. O trabalho desenvolvido gera uma renda semanal de aproximadamente R$ 400 para cada um deles. Entre as atividades que os associados desempenham, está o recolhimento de materiais em condomínios, empresas, hotéis e órgãos públicos que fazem a separação de materiais recicláveis.

Etapas

Kelson Galdino, associado da Ascare-JP, trabalha com o reaproveitamento de resíduos sólidos desde os anos 1990. Ele explica que o material coletado é levado para a sede da Associação. “Aqui a gente trabalha em cima dos quatro eixos: nós recolhemos, triamos, compactamos e comercializamos esses produtos”, conta.

Segundo ele, a separação dos itens de forma adequada é muito importante. Como exemplo, ele menciona que é preciso identificar o tipo e a derivação do plástico. “Cada um faz parte de uma cadeia produtiva diferente. Por isso, cada um tem o seu destino, porque, enquanto um faz sacola, o outro retorna para fazer baldes”, esclarece.

Depois das estapas de coleta e de separação dos resíduos, é o momento de iniciar a revalorização. Nessa fase, o material passa por um processo para voltar a ser matéria-prima. Em seguida, a transformação em um novo produto pode começar.

Para Kelson, esse trabalho gera um grande impacto para o meio ambiente. “A gente sabe que cada 50 kg de papelão reciclado, é uma árvore que a gente deixa de cortar. Quando a gente tira 30 toneladas de papelão, a gente deixa de cortar quantas árvores? Então, estamos preservando o meio ambiente”, defendeu.

 Convênio 

Segundo o associado, a Ascare-JP é regulamentada e atua em convênio com o Poder Público de João Pessoa. As atividades desempenhadas no local são variadas e incluem funções burocráticas e de logística, além da atuação direta na coleta dos materiais, com carrinhos, bicicletas ou caminhões. A instituição funciona de segunda a sábado. 

Ações educativas

No ponto de vista de Kelson, as pessoas estão cada vez mais conscientes sobre a importância da coleta seletiva e da reciclagem de resíduos sólidos. Para ele, os órgãos públicos devem ser mais atuantes nas ações educativas.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas-PB) atua no apoio técnico tanto para os gestores municipais quanto para os catadores de recicláveis em todo o estado, além de promover ações voltadas ao fortalecimento das políticas públicas, coleta seletiva e educação ambiental. Já a Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema-PB)desenvolve o projeto EduColetar, iniciativa que visa capacitar professores e agentes de saúde a respeito da coleta seletiva, para que eles sejam agentes multiplicadores dessa prática em seus municípios, trabalhando a educação socioambiental a partir da perspectiva dos resíduos sólidos.

O tempo de decomposição de resíduos sólidos pode durar meses ou até séculos.

Saiba Mais

Confira:

    Papel: de três a seis meses 
    Metal: mais de 100 anos
    Alumínio: mais de 200 anos
    Plástico: mais de 400 anos

    Cidadãos pessoenses podem aderir à prática de coleta seletiva em casa 

    A população de João Pessoa pode aderir à coletiva seletiva por meio do Programa Municipal de Coleta Seletiva (Recicla JP), executado pela Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur-JP). A iniciativa atende todo o município, fazendo o recolhimento de materiais recicláveis e reaproveitáveis em casas, condomínios residenciais, empresas e órgãos públicos.

    Os moradores do Condomínio Valle Nevado, localizado no bairro Manaíra, aderiram a essa prática.  De acordo com o síndico do local, Orival Nascimento de Lima, a iniciativa surgiu por intermédio do Rotary Club, que entrou em contato com o pessoal da Emlur.  “A gente teve reuniões e foi acertada uma determinada quantidade de condomínios para iniciar a coleta aqui na região. Com isso, nós fomos convidados a participar do projeto e nós aceitamos”, disse.

    A ação foi bem-aceita pelos moradores e, hoje, o condomínio conta com três depósitos, um para lixo orgânico, outro para lixo seco e um terceiro para o lixo sanitário, como papel higiênico e absorventes usados. “Nós compramos o material, começamos a orientar o pessoal e começamos a fazer essa separação dentro de casa, dentro dos apartamentos”, destacou.

    Segundo Orival, este é o segundo ano que a coleta seletiva vem sendo feita no condomínio. “Realmente, a gente começa a perceber que dentro do nosso lixo tem muita coisa que pode ser separada e pode ser transformada, assim, em venda, pode fornecer geração de renda para esse pessoal. O ideal é que todo mundo pudesse fazer isso em casa, nos condomínios, na sua residência, que tivesse uma educação da população. Aos poucos vamos nos transformando numa sociedade consciente”, acredita.

    Adesão

    De acordo com a Lei Estadual no 10.041/2013, a coleta seletiva de resíduos deve ser feita em todas as edificações com mais de três pavimentos.

    O serviço é realizado pela Emlur-JP, em parceria com associações de catadores, que recebem do órgão equipamentos operacionais, veículos para coleta, equipamentos de proteção individual e refeições.

    Segundo a Emlur, a população pode solicitar a inclusão na coleta seletiva pelos telefones 3213-4237 e 3213-4238 e também pelo aplicativo João Pessoa na Palma da Mão.

    Outra opção é pelo site da Prefeitura de João Pessoa, no www.joaopessoa.pb.gov.br/, por meio da plataforma Prefeitura Conectada.
    Separar o lixo exige cuidados para evitar a contaminação dos itens

    Além da geração de renda para quem trabalha com a coleta e a comercialização de materiais recicláveis, fazer a coleta seletiva é uma prática sustentável que contribui com a redução da poluição. O comprometimento e a participação da população são indispensáveis para gerar impactos ambientais significativos. Além da redução do consumo de itens reutilizáveis, também é fundamental realizar a separação correta nas residências.

    A gerente operacional de Coleta Seletiva da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas-PB), Giovana Alves, explica que é necessário saber quais são os itens que podem ser reciclados. “Dentre os materiais mais comuns que utilizamos, no nosso dia a dia, e com potencial de reciclagem, temos o plástico, vidro, metal e papel”, afirmou.

    Itens como potes, frascos, sacos de plástico, latas de alumínio, garrafas de refrigerante e água mineral, recipientes de produtos de higiene pessoal, jornais, revistas e caixas de papelão podem ser reciclados, além de outros objetos. “No caso de recipientes plásticos ou de vidro que contenham restos de bebidas ou alimentos, é indicado que se faça a higienização antes da separação, para que não sejam atraídos insetos, moscas ou outros vetores que possam contaminar o material, tornando-o impróprio para reciclagem”, esclareceu.

    A gerente da Semas-PB comenta ainda que alguns objetos, como pregos, parafusos, vidros quebrados, facas e lâminas, devem ser embalados, para evitar acidentes com os catadores. Já itens como papel higiênico e guardanapos com restos de alimentos não são recicláveis.

     Quanto a outros resíduos sólidos, como baterias, pilhas, lâmpadas e medicamentos, devido ao risco que oferecem ao meio ambiente e à saúde humana, eles não devem ser descartados no lixo comum ou reciclável, como aponta Giovana. “Esses itens devem ser entregues em pontos específicos para serem retornados à indústria, pois contêm substâncias que podem causar impactos significativos”, destacou.

    A Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur-JP) conta com o serviço Cata-Treco, que oferece a coleta de móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e materiais recicláveis de médio porte, na casa das pessoas. Os equipamentos recebidos são recolhidos pela Associação Brasileira de Reciclagem de Eletrônicos e Eletrodomésticos (Abree).

    *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 1ª de setembro de 2024.