Campina Grande chega a mais uma data comemorativa de sua emancipação política. Essa conquista foi marcada por batalhas, busca pelo desenvolvimento e proezas que a projetam para todo o país, a exemplo da sua evolução e enriquecimento na educação. De sua fundação até hoje, passaram-se 159 anos e ao longo das décadas essa pujança para qualificar, formar e aperfeiçoar pessoas apresentasse cada vez mais vigorosa e consistente. Na cidade existem 16 instituições de ensino público e privado por onde circulam mais de 50 mil pessoas. Destacam-se nesse rol as duas academias públicas: Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Elas concentram a maior quantidade de alunos e o ensino de qualidade se evidencia também com projetos inovadores que as direcionam a um patamar de elevado conceito, tendo como consequência, premiações, a obtenção de patentes, reconhecimento nacional e internacional.
UEPB celebra 36 anos da estadualização hoje
A UEPB, que celebra 36 anos de estadualização hoje, mesmo dia do aniversário da cidade, já contabiliza 58 cursos de graduação, sendo 28 licenciaturas e 27 bacharelados; três cursos tecnólogos; seis doutorados e 21 mestrados aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior (Capes); e, também, conta com 14 cursos de especialização. Nesse conjunto, a universidade forma mais de dois mil novos profissionais a cada ano, oferecendo ensino a mais de 18 mil alunos de graduação, pós-graduação e ensino a distância.
A UEPB, nos últimos anos, vem alcançando status de uma das melhores instituições de educação do Nordeste. De acordo com a reitora Célia Regina Diniz, a universidade tem desenvolvido projetos relevantes em todo Estado da Paraíba no ensino presencial e no ensino a distância, mas particularmente no Campus I, localizado na Rainha da Borborema, que conta com 29 cursos de graduação distribuídos em cinco Centros.
“Os resultados colhidos com as pesquisas desenvolvidas nos programas de pós-graduação são quase todos de relevância para o desenvolvimento local e regional, compilando dados que impactam diretamente a cultura e a história popular, a saúde, as artes, o meio ambiente; preconizando soluções sustentáveis, voltadas para a agricultura familiar ou para a escassez hídrica do Semiárido.
De forma muito especial, a UEPB se orgulha da vocação própria para a formação de professores, qualificando-os para atender ao estado e seus municípios, nas licenciaturas e nas formações continuadas”, frisou.
A instituição também computa resultados com a prestação de serviços à comunidade na área da saúde visto as atividades clínicas com enfermagem, fisioterapia, odontologia, psicologia, e no Laboratório de Análises Clínicas, localizados no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), conferindo mais de 30 mil atendimentos ao longo do ano.
Nesse mesmo Centro, encontra-se o Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes), que tem o objetivo de trazer inovação e soluções tecnológicas por meio do desenvolvimento e aprimoramento de produtos e serviços médico-hospitalares.
Nas salas do núcleo funciona um Centro de Especialização em Engenharia Biomédica apto a executar atividades nas áreas de engenharia clínica, validação de software embarcado em equipamentos médicos, design e manipulação de imagens médicas.
Nele também está o Laboratório de Computação Biomédica (LCB), onde foi desenvolvido o Sênior Saúde Móvel: uma Plataforma Inteligente de Monitoramento de Idosos. Ele funciona com a integração de sensores de dispositivos vestíveis e óculos de realidade virtual para prevenção de síndromes geriátricas. Ele já possui clientes no Brasil e na Europa e já monitorou mais de dois mil idosos.
Software desenvolvido para o Opera PB
O Nutes também é o responsável pelo desenvolvimento do software que é usado pelo Programa Opera Paraíba da Secretaria de Saúde do Governo do Estado. Todo o fluxo de regulação de cirurgias eletivas foi desenvolvido pelo Laboratório de Sistemas de Gestão Hospitalar (Lab-SISGH), do Nutes.
A plataforma denominada de RegNutes está sendo utilizada pelas unidades de saúde do Estado e as secretarias municipais de Saúde.
A regulação de cirurgias compreende a solicitação de um procedimento para que a Central de Regulação possa direcionar o paciente para um hospital habilitado mais próximo. O RegNutes também possibilita o monitoramento da lista de espera por cirurgias, o que proporciona transparência no processo das cirurgias eletivas e o acompanhamento por parte do paciente.
“Foi um software desenvolvido por toda equipe do laboratório para atender uma demanda da Secretaria Estadual de Saúde. O sistema é capaz de organizar as listas de cirurgias cadastradas pelos municípios, impactando diretamente e de forma positiva na vida dos cidadãos paraibanos que aguardam por uma intervenção cirúrgica”, destacou a coordenadora do Laboratório de Sistemas de Gestão Hospitalar, professora Sabrina Souto.
Projeto pioneiro voltado à pessoa idosa
Outra grande iniciativa da UEPB e que tem grande repercussão entre os campinenses, por sua audácia e ao mesmo tempo cuidado com quem já está na terceira idade, foi a implantação da Universidade Aberta à Maturidade (Uama), direcionada a idosos que decidiram por voltar a estudar.
Desde a sua fundação, em 2009, já passaram por ela cerca de 900 pessoas com idade a partir dos 60 anos. O projeto é pioneiro no país e já chegou a ter estudante com 95 anos de idade.
“Os alunos fazem desse lugar um local para adquirir conhecimento e são levados e orientados a lançar um olhar em um horizonte de ideias ao lado dos colegas. Tenho testemunhos de alguns que relatam terem encontrado novas famílias aqui”, disse o professor e coordenador Manuel Freire.
O critério para conseguir o certificado do curso de Educação para o Conhecimento Humano é ter a idade a partir dos 60 anos e 75% de frequência. As aulas acontecem duas vezes na semana.
A Uama oferece aos idosos um curso de dois anos de duração, carga horária de 1,4 mil horas aula. Trata-se de um curso só, para ser feito em quatro semestres e com várias disciplinas ligados à saúde, educação e lazer.
Pela Universidade Aberta à Maturidade, os idosos podem fazer ainda os cursos de inglês, espanhol, francês, e atividades que vão além da sala de aula como teatro, coral, palestras, seminários, sarau, participação em congresso, atividade física, viagens extracurriculares, eventos comemorativos, projetos de extensão e de pesquisa.
Um desses alunos da Uama é o aposentado João Cinésio Dantas de 74 anos de idade. Conforme explicou, depois que passou a frequentar o curso, passou a ter outra perspectiva de vida com os ensinamentos constantes, a troca de ideias com os colegas e a oportunidade de avançar no seu nível de saber. “Eu me sinto privilegiado por ter tido a chance de conhecer a Uama. Aqui eu encontrei muito mais do que uma sala de aula, mas o sentido para continuar buscando conhecimento”, frisou.
Pesquisas da UFCG colecionam prêmios
Também participando do desenvolvimento local e do país encontra-se em Campina Grande e com centros em outras cidades paraibanas está a UFCG. A instituição conta atualmente com pouco mais de 20,5 mil estudantes. Desses, 18,5 mil são da graduação, e atualmente oferece 27 mestrados acadêmicos, nove mestrados profissionais e 11 doutorados. Na graduação, são 97 cursos distribuídos pelos sete campi da universidade.
Por meio desse conglomerado estão conquistas e vitórias obtidos por meio do empenho de professores, diretores e estudantes. A UFCG coleciona altos conceitos, notas máximas pela qualidade dos seus cursos e premiações.
Uma dessas condecorações veio em março último, com dois projetos da instituição foram premiados na 11ª edição do Programa Campus Mobile, promovido pelo Instituto Claro, concurso nacional de inovação e empreendedorismo. Foram premiados os projetos na categoria SmartFarms (Fazendas Inteligentes) de Auto Piscicultura e o SimSilo.
O Auto Piscicultura é um dispositivo para auxiliar o produtor rural automatizando a sua produção de peixes. O aplicativo permite que o homem do campo, através do seu próprio celular, controle a alimentação dos animais e os parâmetros qualitativos da água.
Já o SimSilo foi projetado para monitorar o funcionamento de silos via Internet das Coisas (IoT, da sigla em Inglês), podendo ser acessível via celular ou computador, trazendo para o cliente as informações de funcionamento, variáveis ambientais e dos produtos armazenados, proporcionando fidelidade de estoque, diminuindo riscos de acidentes e economia de mão de obra.
Outra premiação ocorreu no final do ano passado, quando uma pesquisa desenvolvida na UFCG foi uma das vencedoras do Google Award for Inclusion Research (AIR) 2022, prêmio mundial de apoio a pesquisas inovadoras de inclusão e impacto social na área de Tecnologia da Informação (TI). A universidade foi a primeira instituição federal brasileira a receber a premiação. O projeto envolve alunos do curso de Ciência da Computação da UFCG com algum tipo de deficiência cognitiva, bem como alunos do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).
Setembro premiado
Dois alunos da Unidade Acadêmica de Sistemas e Computação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) venceram, no mês passado, concursos em Engenharia de Software realizados pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) durante o Congresso Brasileiro de Software: Teoria e Prática (CBSoft), que aconteceu em Campo Grande-MS.
Débora Souza, estudante de graduação, conquistou o primeiro lugar no Concurso de Trabalhos de Iniciação Científica, com uma pesquisa que tinha por finalidade entender melhor os pontos positivos e limitações do CHatGPT para gerar código a partir de linguagem natural.
Já José Aldo Silva conquistou o segundo lugar no Concurso de Teses e Dissertações com um trabalho que visa usar a câmera de rastreamento ocular para melhor entender o impacto de estilos diferentes na compreensão de código.
Prevenção a acidentes
No ano passado, um invento desenvolvido na UFCG poderá ser capaz de aumentar a segurança do transporte aéreo em todo o planeta, reduzindo consideravelmente o risco de colisão de aviões e helicópteros com linhas de transmissão de energia.
Uma pesquisa publicada em 2020 nos EUA revelou que cerca de 5% dos acidentes aéreos envolvem colisões com linhas de transmissão de energia. O produto consiste numa esfera de sinalização iluminada com LEDs por meio de um circuito de colheita de energia acoplado ao próprio equipamento. Esferas de sinalização de linha de transmissão, são equipamentos de coloração alaranjada instalados nos fios das torres de transmissão a fim de melhorar a visibilidade para os pilotos de aviões ou helicópteros.
O dispositivo criado na UFCG converte o campo magnético das linhas de transmissão em fonte de energia para alimentar os LEDs que iluminam as próprias esferas, permitindo que o equipamento possa ser aplicado tanto para sinalização diurna quanto noturna e em condições adversas do tempo, como chuva, fumaça, neblina ou cerração. A pesquisa recebeu a carta patente emitida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em outubro.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 11 de outubro de 2023.