O contato com ambientes naturais propicia bem-estar ao ser humano. Bastam alguns minutos contemplando um parque, jardim, mar, ou outro espaço natural para a pessoa sentir os benefícios, que vão desde relaxamento até o fortalecimento da imunidade. Em João Pessoa, um dos lugares próprios para a contemplação da natureza, a caminhada em trilhas ecológicas, e a aquisição de conhecimento sobre espécies vegetais e animais é o Jardim Botânico Benjamin Maranhão.
Com uma área de 343 hectares, o Jardim está inserido em um remanescente de Mata Atlântica, que possui 515 hectares chamado Refúgio da Vida Silvestre (RVS), também conhecido como Mata do Buraquinho. Esse atrativo natural está situado na Avenida Dom Pedro II, em pleno coração de João Pessoa, sendo bastante visitado toda semana. De acordo com a coordenadora do Jardim Botânico, Suênia Oliveira, o local recebe cerca de 600 pessoas toda semana.
Suênia, que é graduada em Turismo e tem mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, afirmou que as contribuições da natureza para a saúde e bem-estar das pessoas é um fato comprovado cientificamente. “Há vários estudos que comprovam que as pessoas inseridas nos espaços naturais apresentam menos estresse, redução no nível de cortisol, menos chance de ter ataque cardíaco, pressão alta e ajuda no combate de várias doenças da mente”, frisou.
Segundo ela, estar perto de espaços naturais é uma forma de manter, em equilíbrio, a saúde do corpo e da mente. Ela destacou que existem estudos realizados com crianças que abordam essa relação entre homem e natureza.
“Existe o transtorno de Déficit de Natureza. Ou seja, quanto mais essas crianças são afastadas dos espaços naturais, mais problemas de desenvolvimento e cognitivo elas têm. Trazendo para a parte adulta, pesquisas comprovam que, quanto mais tempo a pessoa ficar próxima desses lugares, mais relaxada a pessoa fica, refletindo no bem-estar do organismo. Apenas com 15 minutos de contemplação da natureza, já surgem os benefícios”, disse.
Essa conexão, consequentemente, fortalece o sistema imunológico, uma vez que a serenidade e contentamento individual estão ligados à melhoria do organismo como um todo. Cada pessoa deve buscar qual melhor cenário lhe atrai e proporciona bem-estar: pode ser o mar, floresta, sítio, parque, ou outro ambiente natural.
A professora e bióloga Aline Paiva de Medeiros, afirmou que apenas o fato de uma pessoa praticar atividade física ao ar livre - seja adulto ou criança, já são perceptíveis os benefícios, e um deles está ligado à vida moderna, que é o desligamento das famosas telas (TV, computador, celular, jogos eletrônicos, entre outros).
“Para crianças, especificamente, a experiência com a natureza ainda apresenta vários estímulos sensoriais - cores, sons e cheiros, que ajudam a desenvolver capacidades exploratórias e de resolução de problemas. Essa proximidade com a natureza ainda pode despertar uma consciência de preservação ambiental”, acrescentou Aline.
Elementos naturais atraem seres humanos
Que o vínculo com a natureza faz bem à mente e ao corpo do ser humano, não há dúvida. É importante saber, porém, porque há essa conexão. Segundo a professora e bióloga, Aline Paiva de Medeiros, a resposta é simples: basta pensarmos que somos parte dessa imensa criação que permeia toda a Terra, ou seja, a natureza.
“Há uma teoria chamada de Biophilia. Ela sugere que os seres humanos têm uma afinidade inata com a natureza, já que somos parte dela. Por isso, somos atraídos por elementos naturais como árvores, flores e paisagens. Temos essa sensação de paz e conexão quando em contato com ambientes naturais. O simples uso da cor verde, aquele verde floresta, possibilita essa sensação de calma e não ‘cansa’ o ambiente”, ressaltou.
A bióloga explicou que os seres humanos são animais com uma capacidade extraordinária de modificar o ambiente em que trabalham ou residem. “Por isso fica ‘fácil’ se distanciar de elementos naturais quando estamos dentro de casa, controlando a temperatura ambiente.”
Mas, quando trata-se de um espaço infinitamente maior, como um país ou o planeta, os fatores que mantém a sobrevivência da sociedade não tem relação com equipamentos artificiais, mas com o funcionamento equilibrado do meio ambiente. “Nós dependemos da natureza. Por exemplo, as florestas regulam o clima e os regimes de chuva; os recifes de coral diminuem a potência das ondas (evitando que ondas mais fortes atinjam as praias); abelhas são as grandes responsáveis pela polinização da maioria das frutas que compramos no mercado. Para mim, é compreensível que o meio ambiente exerça esse poder sobre nosso corpo e mente, porque nós somos parte dele”, declarou a bióloga.
Espaço é um celeiro de pesquisas e conhecimentos
E quem pensa em fortalecer o vínculo com a natureza, uma boa oportunidade é aproveitar o período de férias da criançada para visitar o Jardim Botânico Benjamin Maranhão. De acordo com Suênia Oliveira, o local não oferece uma programação específica para o período, por conta da instabilidade das chuvas, mas mantém a agenda de visitação normal, recebendo as pessoas toda semana.
- Contato com a natureza traz benefícios para a saúde física e mental - Foto: Roberto Guedes
O Jardim Botânico Benjamin Maranhão está aberto para o público de terça a sábado, das 9h até as 14h. Não é preciso fazer agendamento, a não ser que se trate de visitas em grupos, como os organizados por empresas ou escolas. Nesse caso, o passeio deve ser agendado pelos meios eletrônicos do Jardim Botânico: @jardimbotanicojp (instagram) ou o jardimbotanico.jp@gmail.com (e-mail).
O local possui cerca de 15 trilhas ecológicas, orquidário - que está sendo reformado, além de um viveiro com capacidade para 10 mil mudas de plantas. O visitante que desejar participar de uma das trilhas, poderá optar pelo horário das 9h ou das 14h, e deverá usar calça comprida e calçado fechado.
Celeiro de pesquisas
Em agosto deste ano, o Jardim Botânico Benjamim Maranhão completa 23 anos de criação. O espaço é considerado um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica natural em área urbana do Brasil. Segundo a coordenadora da instituição, Suênia Oliveira, o espaço é um importante celeiro de pesquisas e atividades pedagógicas.
A instituição é bastante procurada por alunos que estão realizando trabalhos acadêmicos para diversas instituições de ensino, principalmente, de curso superior. Lá é possível detectar mais de 550 espécies de plantas catalogadas e acima de 350 espécies de animais registrados.
Algumas das plantas existentes no Jardim estão ameaçadas de extinção, a exemplo da árvore pau-brasil. “Em nossa mata, temos alguns exemplares plantados, e no nosso viveiro fazemos reprodução do pau-brasil”, disse Suênia. As mudas da planta no viveiro são usadas como uma ferramenta educativa e usada para conservação de espécies ameaçadas. “Mostramos às pessoas a importância das plantas”, frisou.
Além do pau-brasil, o viveiro ainda tem mudas de plantas para reflorestamento, com o foco na Mata Atlântica, cujo material atende às necessidades do Jardim, sendo adotado ainda em projetos firmados, por meio de parceria, com algumas instituições. O viveiro tem capacidade de produção de 10 mil mudas, que são utilizadas conforme a demanda. Dentre a variedade encontrada, há desde plantas florestais, ervas aromáticas, até plantas ornamentais.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 9 de julho de 2023.