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Radar Ecológico

Repugnantes e salvadores da terra

publicado: 09/10/2023 09h57, última modificação: 09/10/2023 09h57
Diversos animais que provocam repulsa nas pessoas têm importância e impacto no meio ambiente e na vida humana
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Mosquitos, abelhas e serpentes possuem suas funções no meio ambiente, controlando algumas pragas ou contribuindo para a melhora da área em que vivem, o que reflete positivamente na vida das pessoas - Foto: Pexels-Johann-Piber
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Apesar de provocar repugnância nas pessoas, os sapos controlam as pragas - Foto: Pixabay
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Foto: Pixabay
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Foto: Pixabay
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por Anderson Lima* (Especial para A União)

 Animais indesejáveis e insignificantes aos olhos da população também são importantes para o equilíbrio da natureza. Um exemplo disso, é os sapos que são importantes para a preservação do ecossistema porque são controladores de pragas, uma vez que eles se alimentam de mosquitos. As temidas abelhas são responsáveis pela polinização das flores e a produção de mel.

A bióloga do Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), Helze Lins, conta que normalmente animais como cobras, ratos, pombos, sapos, abelhas, que antes viviam nos campos e nas florestas, hoje aparecem nos centros urbanos devido à expansão das cidades, onde eles acham condições adequadas de abrigo, água e comida para se reproduzirem.

Helze Lins destaca, ainda para os ratos que podem causar leptospirose; os mosquitos que transmitem vários tipos de vírus; e os pombos que invadem algumas casas e, através do acúmulo de fezes, causam doenças pulmonares. “Se encontrar em sua casa, você pode eliminar porque esses podem causar várias patologias. Eles precisam ser combatidos, para que se preserve a saúde da população”.

“Quanto às serpentes, sapos e abelhas são animais que não constituem perigo para a saúde se as pessoas não têm contato direto com eles. São importantes para a preservação da natureza porque os sapos são controladores de pragas, já que se alimentam de mosquitos. As cobras se alimentam de outros animais que também provocam doenças. Em resumo, todos os animais são importantes para a vida na terra. Cada um com sua função específica”, ressalta.

Organismos vivos mantêm relações e interações entre si 

O chefe da Divisão de Fauna da Superintendência de Administração do Meio Ambiente, Leandro Costa Silvestre conta que os organismos biológicos estão vinculados entre si por interações ecológicas. Essas relações podem ser harmônicas ou desarmônicas. Por exemplo, algumas plantas necessitam de animais como abelhas e morcegos para sua polinização. Desta forma, os animais são atraídos em busca de alimentos e, ao visitarem, transportam o grão de pólen.

O gambá ou timbu realiza o controle de insetos nocivos como escorpiões e baratas; as corujas caçam os pequenos roedores, de modo que ambos interferem negativamente sobre as suas presas, realizando um controle populacional.

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Apesar de provocar repugnância nas pessoas, os sapos controlam as pragas - Foto: Pixabay

“Cada animal apresenta um nicho próprio e faz parte de uma cadeia trófica, no entanto, devido às alterações ambientais e ao processo de antropização, algumas espécies passam a ter maior contato e convivência com os humanos e, mesmo nos ambientes urbanos, permanecem exercendo suas funções”, reforça o chefe da Divisão de Fauna, Leandro Costa Silvestre.

O técnico explica que a presença de construções, o acúmulo de resíduos e a disponibilidade de recursos orgânicos favorecem a ocorrência de algumas espécies mais adaptadas às áreas antropizadas. Estes animais de espécies silvestres nativas ou exóticas, que utilizam recursos de áreas antrópicas, de forma transitória ou permanente, são classificados como fauna sinantrópica, que são bichos que já estão adaptados à vida nas cidades, como João Pessoa.

Algumas espécies permanecem nas áreas urbanas sem ocasionar maiores problemas, no entanto, em condições desordenadas, podem causar transtornos significativos de ordem econômica ou ambiental, ou que represente riscos à saúde pública.

Seres invasores são maioria em ambientes naturais

O professor associado do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba, Marcio Bernardino da Silva, explica que a maior parte da diversidade de animais ocorre em ambientes naturais e que a maioria é de invasores, como é o caso das bactérias, baratas, ratos, gabiru ou camundongos. O professor retrata esses bichos como “cosmopolitas”, ou seja, que vivem no mundo com o ser humano.

Marcio Bernardino destaca ainda para a espécie de escorpião amarelo, que é bastante comum no Sudeste, Centro-Oeste e do Nordeste, sendo o tipo que causa acidentes graves, podendo levar até a óbito.“Em João Pessoa e em todas as cidades da Paraíba ela é uma espécie muito comum e também pode causar acidentes sérios”.
“Em relação às cobras, elas são mais comuns em ambiente rural, apesar de terem algumas espécies que causam muitos encontros com seres humanos, como é o caso das corais, que é bem comum também na Paraíba. A coral, apesar de comum, pode causar acidentes sérios. Mas, no geral, as cobras são menos comuns e causam poucos acidentes, principalmente na cidade”, ressalta.

Limpeza dos ambientes pode evitar as pragas urbanas

O professor Marcio Bernardino da Silva orienta que se encontrar um animal peçonhento, como um escorpião ou uma cobra, o recomendado é não mexer nele e tente afastá-lo do convívio. Se for uma cobra grande, o ideal é chamar a Polícia Ambiental.

Se for um escorpião, uma aranha, o ideal é que se utilize uma vassoura ou algum objeto para afastar o animal. No caso dos escorpiões, se for amarelo, ou baratas, ratos, mosquitos, não há problema em matá-los porque são pragas. Então, no caso de pragas urbanas, é lícito matar esses animais, inclusive, para não causar acidentes.

“Nas cidades, o ideal para evitar esse tipo de animais é não deixar terrenos baldios com muito entulho, metralha, com muitas coisas acumuladas, deixar sempre limpo. No caso de ralos ou debaixo de portas, deixar alguma forma de obstáculo para esses animais não passarem. E, claro, o lixo, porque ele atrai baratas e ratos que são os principais alimentos dos escorpiões”, reforça o professor Marcio Bernardino.

Serviço

Para o resgate de animais silvestres ou exóticos o contato pode ser feito diretamente com o Batalhão da Polícia Ambiental, através do contato (83) 3218-7222. Em casos específicos, como criadouros naturais e ninhos, há a necessidade de uma avaliação técnica. Neste caso, o interessado deve entrar em contato 83 3690-1964, 92000-7927 (WhatsApp) ou difausudema@gmail.com.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 08 de outubro de 2023.