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Restos de naufrágios nas praias de JP: novo aparecimento de objetos na costa nordestina intriga pesquisadores

publicado: 21/03/2022 09h39, última modificação: 21/03/2022 11h18
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Foto: Acervo Museu EXEA

por Márcia Dementshuk*

Domingo passado, o coordenador de Pesquisa e Acervo Museológico do Museu Marítimo EXEA, George Henrique, percorreu as praias de Cabo Branco, Tambaú, Manaíra e, ao chegar na praia do Jardim Oceania, conhecida como Bessa, encontrou o que buscava: um fardo de borracha, como os que começaram a aparecer na costa nordestina em 2018 e 2019; novamente em 2021; e atualmente.

Pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar da Universidade do Ceará (Labomar) descobriram que os fardos encontrados entre 2018 e 2019 haviam sido soltados de um navio alemão, o SS Rio Grande, naufragado pelos americanos ao largo da costa do Brasil em janeiro de 1944. Os fardos apresentavam etiqueta identificando produto da “Indochina Francesa”, atual Vietnã, local de onde a carga seria transportada até a Europa a fim de suprir o esforço de guerra alemão.

Mas, em 2021, com o novo aparecimento de fardos de borracha entre Alagoas e Bahia, dois detalhes intrigaram os pesquisadores. Um foi a quantidade de fardos encontrados, mais de 200. O outro, o fato de essas cargas apresentarem inscrições gravadas em ideograma japonês, o kanji.

O Labomar, em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL/Penedo), descobriram que durante a II Guerra Mundial, um navio alemão, o MV Weserland, havia saído do Japão em direção à Europa carregando fardos de borracha e estanho. O MV Weserland “foi naufragado pelo destróier USS Somers, da Marinha americana, em janeiro de 1944, poucos dias após o navio SS Rio Grande”.

Com mais investigações, os pesquisadores “descobriram que houve um salto no preço do estanho no mercado internacional no primeiro semestre de 2021, resultando em um aumento de quase três vezes quando comparado aos preços praticados em 2020”, conforme noticiado no site do Labomar.

Havia a suspeita, portanto, de que “piratas poderiam ter mexido no naufrágio (a mais de cinco mil m de profundidade) na tentativa de recuperar essa carga, fato que foi confirmado pelo pesquisador britânico que atua nessa área, David Mearns, em contato com os pesquisadores do Labomar”.

O professor Dr. Luis Ernesto Arruda Bezerra, do Labomar, afirmou que os fardos que apareceram em 2018 na costa nordestina são do navio MV Rio Grande. Os encontrados entre Alagoas e Bahia, em 2021, provavelmente vieram do MV Weserland.

“Esse novo aparecimento na Paraíba (em 2022) pode ser dos fardos daquela época, que não foram retirados das praias e são levados de uma praia a outra pelas correntes e marés”, explica o professor. “Mas, se for em grande quantidade, pode ser de outro navio. É preciso pesquisar”, salientou o professor.

Apesar das buscas de George Henrique nas praias paraibanas por mais vestígios, ainda não há respostas para essa história. Mas, em pesquisas, o historiador George descobriu como o Brasil estava envolvido no naufrágio do MV Weserland, na Batalha do Atlântico (1939-1945).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de março de 2022