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Ingá e Mogeiro

Rota destaca as belezas do Agreste

publicado: 11/12/2025 09h25, última modificação: 11/12/2025 09h25
Produto do Programa de Roteirização do Sebrae-PB, em parceria com o Governo do Estado, inclui vários atrativos
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Pedra do Ingá, monumento com inscrições rupestres, tombado no ano de 1944, é um dos pontos de visitação da recém-criada Rota Culturas e Tradições | Fotos: Divulgação/Rosa Aguiar

por Rosa Aguiar (Especial para A União)*

A Pedra do Ingá, monumento com inscrições rupestres estudada por pesquisadores do mundo inteiro e que ainda guarda muitos mistérios, sempre foi o maior atrativo turístico do município e cidades vizinhas. Ingá está localizada a apenas 105 km de João Pessoa e esse foi o primeiro monumento rupestre a ser tombado no Brasil, em 1944. É comum os turistas visitarem o Parque das Itacoatiaras, na cidade —  formado pela pedra e pelo Museu de História Natural, com peças originais e réplicas — e depois retornarem direto para a capital paraibana. Mas isso, em breve, poderá mudar.

Além da famosa Pedra do Ingá, uma série de atividades e experiências foi estruturada para os visitantes e faz parte da recém-criada Rota Culturas e Tradições, produto do Programa de Roteirização do Sebrae Paraíba, em parceria com o Governo do Estado. Atrativos naturais, da cultura e da economia criativa das cidades de Ingá e Mogeiro formam o roteiro proposto pelo agente de roteirização Victor Gomes, em parceria com o guia de turismo Carlitos Paraíba.

O objetivo é atrair turistas para vivenciar a cultura, a gastronomia e os diferenciais naturais da região. A estreia da rota foi feita com um grupo de guias de turismo e jornalistas. Eles passaram dois dias conferindo as atrações, cujo foco é o turismo de experiência, aquele em que o visitante conhece as comunidades e até participa de suas atividades.

Pontos para visitação

Cuscuz é o prato principal no restaurante de Dona Lia

Em Ingá, a dica para tomar o café da manhã é no Memorial do Cuscuz, para saborear o famoso cuscuz de cabeça amarrada e ouvir a história de superação de Dona Lia Mendes, uma agricultora que começou a cozinhar essa refeição e vender nas ruas para vencer as privações da vida. Depois de uma consultoria do Sebrae, transformou o quintal da casa simples em um restaurante todo decorado com chita em homenagem ao cuscuz. “Depois do Sebrae, minha vida mudou”, diz ela, que recebe os visitantes com diversos tipos de cuscuz, tapiocas, café e sucos, e o mais importante: muito carinho.

Costume

Outra experiência que é um costume da região é ir à feira por meio do pau de arara, caminhões adaptados, famosos no Nordeste, que levam pessoas na carroceria. Em Ingá, eles fazem parte da tradição e circulam bastante pelas localidades da região. Para o turista, o passeio é opcional, mas quem gosta de experimentar aprovou. O motorista, seu João Faustino, levou a turma até a pousada rural recém-inaugurada, o Sítio da Pedra Encantada. São 20 leitos, cozinha regional e uma natureza encantadora, com pomar e horta, animais e muitas trilhas a fazer.

Uma grande mesa reúne todos com harmonia para as refeições feitas por Elizete, uma cozinheira de mão cheia, moradora da fazenda. À noite, o grupo apreciou uma cantoria em um lual com fogueira e petiscos que encantou a todos.

O proprietário do stítio, Wilson Seixas, deseja transformar a área em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural e pretende fazer reflorestamento. Ele também já plantou videiras da uva Cabernet sauvignon e Chadornay e quer oferecer experiências rurais. Seu Wilson destaca a importância da comunidade local. “O seu Ney está aqui há 50 anos, então eu acho que valorizar eles é muito importante. E o turismo é uma grande alternativa para um turismo de vivências”, afirmou.

Cultura popular

Dentro da área da pousada, duas trilhas são imperdíveis. A mais leve, para conhecer a furna do famoso cangaceiro Antônio Silvino é a primeira. A cultura popular conta que ele se escondia nessa espécie de caverna, quando estava na região. A outra trilha, que exige mais esforço, é feita, especialmente, ao cair da tarde, para ver o turista contemplar o pôr do sol de cima da Pedra Verde, com 500 m de altitude. Essa é uma oportunidade para sentir a natureza e como somos parte dela.

Na rota, o artesanato é o símbolo da economia criativa, preservando as tradições transmitidas de mãe para filha e contribuindo na economia. A tradição da renda de labirinto está presente e vem se renovando por meio da Associação das Labirinteiras do Distrito de Chã dos Pereira. São 22 mulheres que se unem para produzir toalhas de mesas, passadeiras, almofadas, fronhas e estão incluindo o labirinto em peças do vestuário com grande sucesso, iniciativa da presidente da Associação, Janaína Alves. Existe uma loja com peças para venda que  podem ser conferidas no Instagram @associacaodacha.

Queijaria da Fazenda Serra Verde é famosa na região

E que tal uma visita a uma queijariapremiada? A produção de queijos da Fazenda Serra Verde não podia faltar no roteiro: é famosa. Eles produzem 100 litros de leite por dia e transformam tudo em queijos diversos. A queijaria arrebatou a medalha de ouro na categoria Queijo Coalho Tradicional e medalha de prata com o queijo de manteiga no 2º Concurso de Produtos Lácteos da Paraíba, para orgulho do produtor, Jó Bacalhau. Mas eles produzem queijos maturados e também temperados. 

Empreendimento produz queijos premiados no 2o Concurso de Produtos Lácteos da Paraíba

Cidade colada a Ingá, Mogeiro é um charme, com seu casario colorido e muito o que ver. Uma visita obrigatória é conhecer a renomada Budega de Seu Antônio, que fica na Serra do Cabral e tem de tudo. Lá é lugar para uma prosa degustando a cachaça dentro do coco. A budega está em funcionamento desde os anos de 1950 e mantém seu aspecto original. Outro destaque é o Memorial Casa de Farinha, também na Serra do Cabral. Nesse ponto turístico, entendemos a importância da mandioca na sobrevivência dos locais diante das grandes secas.

Crochê

As crocheteiras de Mogeiro de baixo, a parte histórica da cidade, produzem peças do vestuário e bolsas com muito bom gosto, além de artesanato de madeira e comidas típicas. A região é grande produtora de camarão, com grandes viveiros, sendo conhecida também pela oferta de amendoim. 

Na Fazenda Vitória, uma casa de farinha oferece a experiência de fazer tapiocas e beijus, participando de todo o processo, que vai desde a etapa de descascar a mandioca, triturar e peneirar, até fazer o cozimento. Depois, é só provar com um cafezinho. A casa fica junto ao restaurante rural, que serve comidas típicas, como galinha de capoeira, pirão, farofa d´água e a melhor cabidela do mundo. Para fechar com chave de cultura e resistência as nossas tradições paraibanas, a degustação do vinho e do licor de jabuticaba, produção da fazenda. Tem ainda o Centro Cultural São João, espaço amplo onde se pode degustar iguarias típicas, comprar artesanato e ouvir música.

Ingá e Mogeiro têm muito o que oferecer e vale a pena passar por essas experiências. Todos retornam revigorados com o exemplo das pessoas e a riqueza da Paraíba. Agências de turismo da capital e outras regiões do país já estão vendendo o roteiro Culturas e Tradições, entre elas Andera Turismo e Receptivo (83 998879-2210), Famileva Turismo (83 99173-8719) e Kelly Oliveira (81 98133-6775).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de dezembro de 2025.