- João Pedro Stedile é o principal articulador da reforma agrária no país e dirige o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
De hoje até sábado (15), o Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, em Sapé, município da Zona da Mata paraibana, será palco de uma celebração histórica: o centenário de Elizabeth Teixeira, ícone da resistência camponesa no Brasil. João Pedro Stedile, um dos principais intelectuais da luta pela reforma agrária e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), junta-se às comemorações de amanhã.
Stedile destaca que Elizabeth Teixeira é um ícone nacional da luta pela reforma agrária. Para ele, homenageá-la é uma obrigação de todos os militantes e movimentos. ”E que seu legado de coerência política, para com o nosso povo sofrido, sirva de exemplo para as gerações atuais”.
Economista, Stedile é uma das figuras mais influentes no debate sobre a questão agrária no país. Ele esteve presente na fundação do MST, em 1984, e tem sido um dos responsáveis por articular políticas para o campo, fortalecer alianças internacionais e construir uma visão crítica sobre o agronegócio, que denuncia como concentrador de terras e riquezas.
A presença de Stedile na celebração das Ligas Camponesas reforça a continuidade da luta camponesa no Brasil. Antes do MST, a resistência no campo já era liderada por movimentos como a Liga Camponesa, organização da qual Elizabeth e o seu companheiro, João Pedro Teixeira, foram referências nas lutas.
Ele ressalta, também, o aprendizado com a luta e as experiências organizativas dos que antecederam o MST. “Sem eles, não seríamos o que somos. Por isso, somos uma continuidade de uma longa história para ver a terra dividida, por uma sociedade justa e igualitária”.
Celebração reunirá militantes, intelectuais e camponeses
Símbolo de luta e resistência, Elizabeth completa 100 anos hoje. A homenageada é conhecida por sua atuação nas Ligas Camponesas, que inspiram gerações na defesa dos direitos do seu povo. A celebração reunirá militantes, familiares, intelectuais e camponeses.
Elizabeth desempenhou um papel fundamental no movimento, destacando-se como mulher e companheira de João Pedro Teixeira, uma das principais lideranças. Ela assumiu um papel crucial no contexto educativo, na articulação e liderança das Ligas Camponesas, especialmente após a morte de João Pedro.
Ela defende que, enquanto houver fome e miséria atingindo a classe trabalhadora, vai ter luta dos camponeses. Embora os homens tenham uma predominância nesses movimentos, ela teve o seu papel fundamental de luta.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de fevereiro de 2025.