Da Ciberia/Hypeness
Desde o início de 2017, casos de febre amarela voltaram a aparecer gradativamente na sociedade brasileira. A doença, que parecia superada, ganhou proporções maiores neste mês de janeiro, com casos em São Paulo, especialmente, assustando a população e provocando filas imensas nos postos de vacinação.
Há um ano, a bióloga Márcia Chame, do instituto de pesquisas Fiocruz, explicou que o fenômeno pode estar diretamente relacionado com a tragédia de Mariana, ocorrida em 2015. Na época, ninguém deu muita bola, mas agora parece valer a investigação.
O rompimento da Barragem do Fundão, controlada pela mineradora Samarco Mineração S.A., em conjunto com a Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton, provocou destruição na região pertencente ao estado de Minas Gerais. A lama levou casas, deixou aos menos 25 pessoas desaparecidas e três mortos, além de provocar impactos até hoje incalculáveis no ecossistema da região.
A hipótese tem como ponto de partida o fato de os primeiros pacientes com sintomas da doença serem residentes de cidades na região próxima do Rio Doce, que foi invadido pelos dejetos da barragem e perdeu quase toda sua vida útil.
“Mudanças bruscas no ambiente provocam impacto na saúde dos animais, incluindo macacos. Com o estresse gerado pelos desastres e com a falta de alimentação adequada, eles se tornam mais suscetíveis a doenças, incluindo a febre amarela”, explicou Márcia ao Estadão.
Muito provavelmente os macacos da região foram as primeiras vítimas do vírus. Diante do desastre, eles migraram para outras regiões, podendo ter sido a principal fonte de disseminação da doença. Em 2018, a tragédia em Mariana completa três anos. Até hoje, as vítimas lutam para receber indenizações das empresas responsáveis em processos que se arrastam na Justiça.
Mas cuidado: os macacos não têm culpa nenhuma da transmissão do vírus. “Na verdade, os macacos, assim como os seres humanos, são vítimas da doença, que também pode matá-los, e não efetivos causadores, como muitos podem erroneamente pensar. Não há como vacinar os macacos que vivem em áreas de mata, contrariamente ao que ocorre com os humanos, que podem se vacinar”, conta Alexandre Rossi, zootécnico e cursa Medicina Veterinária, em texto publicado no Portal iG.