A magia do Natal tem invadido algumas residências em João Pessoa. São luzes, guirlandas, o pinheiro e, claro, o Papai Noel. A aposentada Mércia Ataíde, 71 anos, é apaixonada pela figura do bom velhinho. Para se ter uma ideia, são mais de 100 enfeites de Papai Noel espalhados pelos cômodos da casa, desde o rol de entrada ao corredor que dá acesso aos quartos. Ela desenvolveu o hábito de decorar sua casa com Papais Noéis de todos os tamanhos e materiais por incentivo de sua amiga, Maria das Neves. De lá para cá são oito anos mantendo a tradição, convidando amigos e familiares a vivenciar uma imersão natalina.
A colecionadora de Papais Noéis não sabe ao certo o porquê de sua admiração pelo bom velhinho. “Acredito que seja porque meus pais não decoravam a casa no Natal. Antigamente não existia a cultura de decoração natalina, era mais a reunião em família. Acho que foi a ausência da simbologia do Natal”, disse.
Em seu apartamento, localizado em Cabo Branco, é possível encontrar papais-noéis de todos os tamanhos, materiais e de diversos locais do mundo. “Tenho Papai Noel da Escócia, Alemanha, Estados Unidos, Camboriú (SC) e Pará. Sempre que viajo, trago um Papai Noel como lembrança, mas também ganho muito de presente”, disse.
Embora na decoração existam Papais Noéis mais sofisticados, Mércia não se desfaz do primeiro, que deu sentido a tudo. No rol de entrada, o presépio possui 10 anos.
“Eles têm um significado especial pra mim”, disse. O verdadeiro sentido do Natal é a família reunida e o nascimento do Menino Jesus Cristo, mas a decoração para Mércia é um gesto de amor.
Na pandemia, mesmo sem poder receber visitas, Mércia continuou decorando sua casa no Natal. “Acabei comprando muito produto caro em uma loja de decoração famosa em Camboriú. Analiso que foi um momento de fuga, pois a pandemia deixou as pessoas muito ansiosas devido ao isolamento social”, disse.
Todo ano Mércia faz um café natalino em sua casa. Seu filho, Alfredo José Ataíde, considera esse hobby uma terapia para a mãe. Ela organiza a decoração natalina com muito amor, pois adora receber amigos e familiares. “É algo que a deixa feliz, pois ela faz tudo com muito amor e capricho, como uma verdadeira anfitriã. As amigas dela pedem dicas de decoração e ela ama ajudar”, analisou.
A decoração natalina é uma forma de manter a memória afetiva de quem partiu
Os pais do jornalista Orlando Júnior sempre enfeitaram a casa no Natal. Era um acontecimento quando chegava dezembro e preparavam a casa para receber os enfeites natalinos. Seu pai e seu irmão pintaram a casa e organizavam o jardim, enquanto sua mãe e irmãs consertavam alguns enfeites e até criavam outros manualmente. “ Íamos na mata da UFPB escolher um arbusto legal para montarmos nossa árvore. Naquela época não existia tanta consciência ambiental. Pouco tempo depois, compramos uma árvore de Natal”, disse.
Com a morte dos seus pais, Orlando manteve a tradição. Enfeitou a casa em quase todos os cômodos da casa, terraço, cozinha, sala, banheiro e até área de serviço. “Fazendo isso, sinto mais forte a presença dos meus pais. Isso me fortalece, pois relembrar o passado é deixar mais forte seu presente e seu futuro. A família se engaja para caprichar na ornamentação. Meus sobrinhos-netos brincam com alguns enfeites e isso também fortalece o lado lúdico deles”, frisou. Ele também aproveita a oportunidade para explicar que o Natal é muito mais que presentes e enfeites. “ É um momento de reflexão, renascimento, união, amor e paz”, concluiu.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de dezembro de 2023.