Assistir à televisão faz parte do dia a dia dos brasileiros — seja na sala de espera de um consultório, durante as refeições em família ou até na lanchonete do centro da cidade, o conteúdo exibido na telinha já se consolidou como parte da identidade nacional. Hoje, celebram-se 75 anos da inauguração da TV Tupi, em São Paulo, a primeira emissora da história da televisão no Brasil.
Para marcar a data, o Departamento de Comunicação da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em parceria com o Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), está realizando, ao longo desta semana, o Seminário 75 anos da TV Brasileira. A abertura, ocorrida ontem, contou com a presença de Jô Mazzarolo, ex-editora do Jornal Nacional e ex-diretora de jornalismo da Rede Globo Nordeste.
Durante o evento, a jornalista também lançou seu livro “Mude o Conceito – Quando inovar não era opção” e compartilhou reflexões sobre os desafios vividos ao longo de seus 40 anos de carreira na televisão, além das transformações e inovações que acompanhou nesse período.
“Vivi 40 dos 75 anos da televisão brasileira e, por isso, acredito que sempre devemos estabelecer paralelos entre a trajetória histórica e a realidade atual. Uma palavra que permeia todas as minhas conversas é “pessoas”. São os profissionais que mais necessitam de desafios e transformações. Afinal, foi a televisão que nos permitiu compreender quem somos — mostrando como vive o Nordeste, o povo do Norte ou mesmo como funciona o trânsito em determinada região. A TV tem mais vida e alcance do que o jornal impresso, com grande capacidade de mobilizar, difundir e unir a população. Não é por acaso que ela ajudou — e ainda ajuda — a moldar nossa identidade nacional”, destacou Mazzarolo.
Apesar dos avanços conquistados com o surgimento e a consolidação da televisão no Brasil, a jornalista destacou que os desafios permanecem. “A desinformação hoje é a maior preocupação. Eu nunca imaginei que seria necessário formar grupos de pessoas apenas para realizar a checagem de notícias dentro de uma redação. Outro grande desafio é a concorrência com outras plataformas. Antigamente, sabíamos exatamente quem estava assistindo, pois todos paravam para ver TV; hoje, nosso público é difuso”, ressaltou Jô.
Para Emily Piano, estudante do 4º período de Jornalismo na UEPB, o seminário tem sido essencial para ampliar sua compreensão sobre a relevância da televisão — um meio que ela só passou a consumir com mais frequência depois de ingressar na graduação. “Meu foco sempre foi o fotojornalismo, mas hoje assisto TV e até influencio minha família a acompanhar também, pela qualidade das matérias. No celular, recebemos informações o tempo todo, mas muitas vezes sem profundidade ou cuidado. Já a televisão, percebo, está sempre se reinventando ao longo do tempo”, relatou a aluna.
História
A história da televisão no Brasil e da Paraíba caminham lado a lado. Isso porque foi um paraibano de Umbuzeiro, Assis Chateaubriand, quem teve a visão pioneira de trazer ao país a primeira emissora de TV: a TV Tupi. Com sua inauguração, em 18 de setembro de 1950, o Brasil passou a figurar entre as primeiras nações do mundo a contar com esse meio de comunicação, tornando-se o nono país a possuir uma emissora televisiva.
“Para nós é uma alegria muito grande realizar esse seminário sobre a televisão brasileira. A TV no nosso país é fruto da ousadia e teimosia paraibana sob a figura do empresário Assis Chateaubriand. Instalar a televisão aqui na década de 50, analisando as condições socioeconômicas da época, foi um feito extraordinário, e hoje nós temos uma das quatro melhores televisões do mundo”, destacou Rômulo Azevêdo, jornalista e diretor do Centro de Ciências Sociais da UEPB.
O evento na universidade também contou com a participação do diretor do Departamento de Comunicação, Hipólito Lucena, e da pró-reitora de Graduação, Vagda Gutemberg.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de setembro de 2025.