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UE exclui 20 exportadores de carne e frango do Brasil

publicado: 20/04/2018 00h05, última modificação: 20/04/2018 00h52
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As empresas entraram na lista negra da União Europeia em razão de “deficiências detectadas no sistema oficial de controle brasileiro” - Foto: Divulgação


Jornal do Brasil

A Comissão Europeia confirmou nessa quinta-feira, 19, o embargo de carnes e produtos derivados fabricados por 20 estabelecimentos brasileiros. As empresas entraram na lista negra da União Europeia por unanimidade em razão de “deficiências detectadas no sistema oficial de controle brasileiro”. A suspensão atinge principalmente a exportação de carne de aves das unidades da BRF, dona das marcas Perdigão e Sadia.

A proibição deve entrar em vigor 15 dias após a publicação da medida no Diário Oficial da União Europeia, o que deve acontecer nessa sexta-feira. Em um comunicado, Bruxelas afirmou: “Nós confirmamos que os países-membros votaram (por unanimidade) em favor de retirar da lista 20 estabelecimentos brasileiros dos quais carne e produtos derivados são hoje autorizados”.

A decisão foi tomada após parecer do Sistema Especializado de Controle de Mercado da União Europeia (Traces). Desde 2017, o órgão estudava que medidas tomaria após o escândalo revelado pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que apontou fraudes no sistema de controle de qualidade brasileiro.

Entenda

A BRF teve oito unidades com exportação suspensa de produtos de aves para a União Europeia há cerca de um mês pelo próprio Ministério da Agricultura. A medida foi adotada pelo Brasil para se antecipar aos países europeus, que já haviam ameaçado suspender todas as importações após a Operação Trapaça, que revelou um esquema de fraudes na análise da bactéria salmonela em lotes.

Esta semana, porém, a pasta suspendeu o autoembargo e disse que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a decisão da União Europeia.
Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o bloco não acatou os apelos do governo na semana passada e anunciará, entre hoje e amanhã, o descredenciamento de nove unidades da BRF da lista de exportadores. Maior processadora de alimentos do País, a empresa é também a maior exportadora de carne de frango do mercado brasileiro.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que as 20 plantas exportadoras de carne de frango suspensas pela União Europeia (UE) correspondem a uma parcela de 30% a 35% das vendas do produto brasileiro para o bloco. Em Campo Mourão (PR), onde participou de reunião com dirigentes da Cooperativa Coamo, Maggi considerou que o veto europeu “traz impacto bastante grande” às companhias, as quais terão de buscar outros mercados enquanto os procedimentos de reabertura para a UE terão de ser feitos.

“Os frigoríficos têm mercado interno e em vários lugares do mundo, não só na União Europeia. Temos um problema que não é o fim do mundo, e as empresas têm capacidade de superar”, disse o ministro. Maggi afirmou que, apesar de o Ministério da Agricultura ser um “órgão regulador”, a pasta poderá auxiliar as companhias que tiverem dificuldades financeiras com uma intermediação junto a bancos para que o problema não se agrave.

O ministro explicou que, após a suspensão, o processo de reabertura recomeça “o mais breve possível”, com a elaboração de um plano de contingência e a solicitação de uma nova missão da UE para auditorias nas plantas suspensas. Ele não deu prazo para que uma reabertura ocorra, mas técnicos da pasta calculam que a retomada do mercado demorará mais de um ano. “O Brasil terá o direito de pedir uma nova missão da União Europeia em frigoríficos e teremos de estar sem qualquer problema, porque, se comprovado algo novo, poderemos ser penalizados”, afirmou.

Na próxima semana, o ministro terá reuniões em Brasília com representantes de cooperativas paranaenses e com empresas atingidas pelo veto da UE à carne de frango. Maggi confirmou também que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pela UE à carne de frango brasileira, de 1.024 euros por tonelada, para que a carne salgada entre no bloco econômico com um rigor sanitário menor. “Estamos sendo penalizados, pois há uma proteção por parte de saúde (com o veto) que a gente põe uma interrogação, e uma proteção de mercado que a gente não quer mais aceitar e quer brigar”, afirmou.

Fiscalização

Em Campo Mourão, Maggi anunciou a contratação de 58 médicos veterinários para atuar na fiscalização no Paraná, principal foco das investigações de irregularidades desde a Operação Carne Fraca, deflagrada há mais de um ano, e confirmou que o Peru anunciou a abertura do mercado para carne suína brasileira. “Esperamos que a Coreia do Sul possa anunciar a abertura de carne suína na semana que vem”, concluiu.