Notícias

Universidade aberta aos idosos

publicado: 23/10/2023 10h46, última modificação: 23/10/2023 10h46
Projeto vinculado à UEPB completa 14 anos e tem atuação nos campi de Campina Grande, Lagoa Seca e Guarabira
1 | 2
Mais de mil idosos já passaram pelos cursos ofertados pela Uama; recentemente, mais 100 iniciaram as aulas em duas novas turmas do semestre 2023.2 - Foto: Fabiana Veloso
2 | 2
Edivam Gonçalves diz que é preciso encarar o envelhecimento como uma etapa natural da vida - Foto: Fabiana Veloso
01.jpg
02.jpg

por Giovannia Brito*

A Universidade Aberta à Maturidade (Uama) vin­culada à Universidade Es­tadual da Paraíba (UEPB) chega aos seus 14 anos de fundação agora em 2023 contabilizando uma histó­ria de serviços e atenden­do a demanda educativa de idosos a partir dos 60 anos de idade, contribuindo na melhoria das capacidades pessoais e funcionais dos seus alunos. Já são cerca de mil estudantes que por ela passaram. Recentemente, um grupo de 100 idosos ini­ciaram as aulas das duas novas turmas do semestre 2023.2.

A Uama tem atuação em três campus da UEPB: Campina Grande, Lagoa Seca e Guarabira, e objeti­va possibilitar aos idosos à participação em aulas de formação especial aberta à maturidade, aprofundan­do seus conhecimentos em diversas áreas como: saúde, educação, ciências agrárias, direito, letras, pedagogia, tecnologia, cultura, lazer e temas relacionados ao en­velhecimento humano.

Envelhecer é belo, porque quer dizer amor. Oferecer um novo valor para a vida é algo que devemos sempre pensar - Edivam Gonçalves

O projeto é pioneiro no país e já chegou a ter estu­dante com 95 anos de ida­de, e no campus da Rainha da Borborema funciona nas dependências da instituição, no bairro de Bodocongó.

A Uama oferece aos ido­sos o curso de dois anos de duração, carga horária de 1,4 mil horas aula, que deve ser feito em quatro semestres e com disciplinas ligadas à saúde, educação e lazer. Os professores são todos da UEPB, convidados dos de­partamentos.

Pela Universidade Aber­ta à Maturidade, os idosos podem fazer ainda os cursos de inglês, espanhol, francês, e atividades que vão além da sala de aula como tea­tro, coral, palestras, semi­nários, sarau, participação em congresso, atividade fí­sica, viagens extracurricu­lares, eventos comemorati­vos, projetos de extensão e de pesquisa.

O critério para conse­guir o certificado do cur­so de Educação para o Co­nhecimento Humano é ter a idade a partir dos 60 anos e 75% de frequência. As aulas acontecem duas vezes na se­mana.“Este é um curso para a vida. São disciplinas que conseguem ensinar, liber­tar e dar empoderamento a cada estudante. Aqui, todos terão a oportunidade de vi­venciar um envelhecimen­to ativo, melhorando a qua­lidade de vida, com nutrição e o mais importante, trocan­do conhecimentos e vivên­cias”, destacou o professor e coordenador Manuel Freire de Oliveira Neto.

Projeto pioneiro no país é fruto de pesquisa feita na Espanha

A ideia do projeto foi fruto de um trabalho reali­zado na Espanha por Ma­nuel Freire, com alunos da terceira idade que estuda­vam numa instituição na qual existia proposta. A partir do acesso ao traba­lho e, demonstrando inte­resse pela temática, ele de­senvolveu pesquisas a cerca do assunto e adaptou para a realidade do Brasil.

A Universidade Aberta à Maturidade tem como meta atender a demanda educa­tiva de pessoas da tercei­ra idade, contribuindo na melhoria das capacidades pessoais, funcionais e so­ciais, por meio da formação e atenção social, que visa criar e dinamizar regular­mente atividades sociais, culturais, educacionais e de convívio, favorecendo uma melhor qualidade de vida, exclusivamente para pessoas de 60 anos ou mais.

Um dos professores da Uama é Edivam Gonçalves, que também leciona no De­partamento de Psicologia da Estadual. Ele lembrou, durante o início das aulas do semestre, que o envelhe­cimento faz parte de cada etapa de vida e que novas e importantes experiências podem ser acrescentadas com a chegada da terceira idade. “Envelhecer é belo, porque quer dizer amor. Oferecer um novo valor para a vida é algo que devemos sempre pensar e vivenciar cada experiência que temos. Nós precisamos entender es­sas questões porque cada processo de envelhecimen­to nos apresenta um sen­tido para a nossa vida. Se nós estamos envelhecendo, é porque estamos aprenden­do muita coisa”, disse o pro­fessor.

Uma das novas estudan­tes da Uama é a aposentada Josélia Fernandes Dantas. Aos 64 anos, ele afirmou que o que a trouxe à Uni­versidade Abertas à Matu­ridade foi a admiração ao trabalho que é feito junto aos idosos, além da possi­bilidade que ela terá de en­tender melhor o seu pro­cesso de envelhecimento. “Minha herança materna e paterna mostra que eu preciso entender melhor o meu envelhecimento. Isso me motivou a vir até aqui e eu estou muito contente em fazer parte desta famí­lia”, afirmou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de outubro de 2023.