Apesar de estarem inseridos no âmbito esportivo, os Jogos Paralímpicos nos convidam a exercer um olhar para além do simples ato de competir: é a oportunidade de promover a inclusão, o reconhecimento das capacidades atléticas das pessoas com deficiência, além de derrubar estereótipos e ampliar a consciência sobre a diversidade e a superação. Nesta quarta-feira, a partir das 15h (horário de Brasília), a majestosa capital francesa, Paris, será o grande palco da tradicional cerimônia de abertura.
O pioneirismo de Paris em realizar o evento de abertura das Olimpíadas em local aberto será mantido, também, nas Paralimpíadas. O comando será, mais uma vez, de Thomas Jolly, o diretor artístico das cerimônias, que explanou os principais detalhes do projeto a ser materializado: a cerimônia contará com um desfile das delegações na Champs-Elysées, e a segunda parte acontecerá na Place de La Concorde. Toda a cerimônia, que durará cerca de duas horas, será transmitida ao vivo pelo canal Sportv 2.
“Embora a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Paris 2024 seja a primeira do gênero, seu conceito monumental e popular é, para mim e antes de mais nada, uma magnífica fonte de inspiração. Da Champs-Elysées à Place La Concorde, estou ansioso para criar este espetáculo que transformará o coração de Paris, com apresentações nunca vistas antes. Um espetáculo que mostrará os atletas paralímpicos e os valores que eles personificam. Um espetáculo que unirá espectadores e telespectadores de todo o mundo em torno do espírito único dos Jogos Paralímpicos”, expressou Thomas Jolly ao Olympics. com.
A delegação brasileira conta com 280 esportistas — sendo 255 com deficiência — disputando em 20 modalidades. Na abertura, o Brasil terá como porta-bandeiras Beth Gomes, de 59 anos, do lançamento de disco, e Gabriel Araújo, 22 anos, da natação. Ambos subiram ao lugar mais alto do pódio em suas respectivas modalidades em Tóquio 2020.
“Beth e Gabriel são dois dos grandes nomes que o Brasil traz a Paris depois de um ciclo impecável, com resultados esportivos e aproveitamento impressionantes nas principais competições pelo mundo, desde o fim dos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Eles dão forma àquilo que o CPB trabalhou e acreditou nos últimos três anos. Temos a certeza e a tranquilidade de que eles orgulharão os compatriotas quando entrarem na Champs-Élysées, empunhando o pavilhão brasileiro”, disse Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e bicampeão paralímpico no futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008) ao CPB.
A competição
Criados e realizados pela primeira vez em 1960, em Roma, na Itália, os Jogos Paralímpicos chegam, em 2024, à sua 17a edição. Até o dia 8 de setembro, 4.400 atletas, de 184 delegações participantes, competirão nos 149 eventos programados para acontecer das 22 modalidades integrantes.
A participação paraibana (11 atletas, ao todo) em solo francês deve ser fundamental para colocar o Brasil na briga pelas primeiras posições do ranking de medalhas. O atual paratleta mais rápido do mundo, Petrúcio Ferreira, além de Willians Araújo, atual bicampeão mundial na categoria peso-pesado (acima de 90kg) no Judô, são esperanças de ouro brasileiro no individual. Já a seleção de futebol de cegos, que tem os dois goleiros (Luan de Lacerda e Matheus da Costa) advindos do mesmo estado, é uma das grandes candidatas ao lugar mais alto do pódio em modalidades coletivas.
A lista ainda tem Ariosvaldo Fernandes da Silva (o Parré), que é da classe T53 (compete emcadeira de rodas); Cícero Valdiran Lins Nobre, que compete na classe F57 (atletas com deficiência nos membros inferiores e que competem sentados) e foi bronze no lançamento de dardo nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020; e Joeferson Marinho (classe T12, atleta com baixa visão);
A Seleção Brasileira de Goalball, por sua vez, terá um integrante paraibano, o ala, Emerson Ernesto, que chega a esta edição com um ouro conquistado em Tóquio 2020. O time faz sua estreia amanhã, primeiro dia de disputas gerais, às 12h30, contra a França.
A bocha olímpica, a quarta modalidade mais vencedora do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos, com 11 medalhas (seis ouros, uma prata e quatro bronzes), contará com a atleta de Campina Grande, Laissa Guerreira; o halterofilismo tem Ailton de Andrade, categoria Até 80 kg, que vai em busca da primeira medalha olímpica; no parataekwondo, Silvana Mayara Cardoso Fernandes, que foi bronze em
Tóquio 2020;
Retrospecto histórico
O Brasil já acumula 373 medalhas (109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes), conquistadas desde a segunda vez em que competiu, nos Jogos de Toronto 1976 (em sua estreia, nos Jogos em Heidelberg, quatro anos antes, e em Arnhem-1980, não houve brasileiros no pódio). Rio 2016 e Tóquio 20 renderam, igualmente, 72 medalhas ao Brasil. Competindo ‘em casa’, foram 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes; já na última edição paralímpica, foram 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de agosto de 2024.