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Atletas da Paraíba são exemplos de superação através do esporte

publicado: 11/09/2016 00h05, última modificação: 10/09/2016 08h43
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Cícero Valdiran bateu duas vezes o recorde mundial da classe F43 e agora vai em busca do ouro paralímpico - Foto: Divulgação

tags: Jogos Paralímpicos do Rio 2016


Marcos Lima

Os sete atletas paraibanos e os quatro técnicos e assistentes que representam o Estado e o País nos Jogos Paralímpicos 2016, no Rio de Janeiro, apesar de suas deficiências físicas, não estão dentro das estatísticas feitas pela imprensa do Sul do Brasil, durante a semana, com base em dados do Comitê Paralímpico Brasileiro, onde apontam que 18% da delegação brasileira foram vítimas de colisão de veículos ou atropelamentos. Este percentual representa 50 paratletas, dos 287 que estão na competição.

Os representantes paraibanos entram em outras estatísticas que também merecem reflexão por parte da sociedade, com dados que evidenciam problemas de outros tipos, dentre eles, os acidentes em geral (35%), ocorrências no trabalho (13%), deficiências congênitas ou complicação após parto (38%).

Petrúcio Ferreira

Medalhista de ouro no Parapanamericano, no Canadá, ano passado e no Mundial, em Doha, no Catar, o velocista Petrúcio Ferreira está incluso nos 13% em acidentes decorrentes no trabalho. Recordista mundial nos 100m e 200m, categoria T47 (amputados de braços), é favorito ao ouro paralímpico. Disputa pela primeira vez uma Paralímpíada.

Ainda criança, Petrúcio perdeu a mão esquerda em uma moenda de cana, na cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte, onde morava, quando ajudava os pais no trabalho. O acidente não intimidou o garoto, que procurou o futebol como alternativa. “Eu jogava bem. Recebia a bola, dava uma arrancada para o ataque... Eu me destacava até entre os normais”, lembra ele, que foi descoberto pelo professor Ricardo Ambrósio, disputando futsal. Ricardo falou com o professor Paulo Roberto, responsável pelo time brasileiro, sobre a possibilidade do garoto ir para o atletismo. Petrúcio aceitou o convite mesmo sem muitas informações sobre o esporte.

Cícero Valdiran

A exemplo de Petrúcio, Cícero Valdiran é outro paraibano do atletismo nos Jogos Paralímpicos que também tem história interessante. Bons e maus momentos. Nascido em Igaracy, Sertão do Estado, está há quase quatro anos no paratletismo. O atleta, hoje com 24 anos, nasceu com uma má formação congênita na altura do tornozelo, mas a deficiência não o parou. No ano passado, Cícero bateu duas vezes o recorde mundial da classe F43. Antes de chegar ao atletismo, Cícero Valdiran começou praticando basquete adaptado. No entanto, ele se apaixonou mesmo pelo atletismo.

Contudo, ele e seu técnico decidiram mudar para a categoria F56 - para pessoas que não tem nenhum movimento ou tem amputações no tornozelos. Nesta classe, os participantes fazem o lançamento do dardo sentados em uma cadeira.

“Competir em pé estava me causando lesões frequentes. Tive a possibilidade de passar para a categoria em que eu ia competir sentado e mudei. Acho que fiz a coisa certa”, afirmou Cícero Valdiran.

Luan Lacerda, Damião Robson e Marquinhos

Os três atletas são os representantes da Paraíba na Seleção Brasileira de Futebol de 5. Damião e Marquinhos são deficientes visuais por nascença e integram a delegação há vários anos, com vários títulos internacionais. Luan é natural de João Pessoa, no entanto, mora no Rio Grande do Sul onde defende uma equipe local. Ele é goleiro e não é necessário ser deficiente visual.

O Futebol de 5 é uma adaptação do futebol para atletas com deficiências visuais, incluindo os cegos. O campo de jogo é menor e rodeado de placas. Cada equipe tem cinco jogadores, incluindo o guarda-redes. A bola está equipada com um dispositivo que faz barulho para os jogadores poderem localizá-la pelo som.

José Roberto e Romário Marques

José Roberto e Romário Marques também são deficientes visuais, estando inseridos nos 38% das estatísticas levantadas, no que diz respeito a deficiências congênitas ou complicação após parto. Ambos são atletas do goalball, esporte cujo objetivo é arremessar uma bola com as mãos no gol do adversário. Os paraibanos, assim como os demais atletas deste esporte, tem a percepção pelo tato e audição; as linhas do chão são o motivo do jogo em que o tato prevalece. A bola possui guizos para o grande uso da audição e assim eles podem saber em que direção a bola está indo. É um jogo que precisa de muita concentração.

Fábio Luiz, Josinaldo Costa, Dailton Freitas e Jonatas Castro

Os treinadores Fábio Luiz e Josinaldo Costa (Futebol de 5) e Dailton Freitas e Jonatas Castro (Goalball), também paraibanos, vivem momento ímpar na carreira. Eles comandam as seleções do Brasil nessas duas modalidades e no entanto, não são portadores de deficiências físicas.