Notícias

Atletismo paraibano vive em busca de novos talentos

publicado: 29/07/2017 00h05, última modificação: 29/07/2017 02h34
article.jpg

O velocista paraibano Petrúcio Ferreira foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos 2016 e Jogos Paralímpicos também de 2016 - Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB

tags: atletismo , novos talentos , paraíba , petrúcio ferreira , matheus aguiar


Marcos Lima

O atletismo paraibano carece de novos talentos.. Descobrir valores para representar o Estado em competições de âmbito nacional e internacional tem sido uma meta difícil pelos que fazem este esporte na Paraíba. A Federação Paraibana de Atletismo (FPBA) reconhece que, a cada ano, se perde espaço para outros estados do país, inclusive com os escassos atletas mudando de domicílio. A conclusão é de que a revelação de novos quadros tem se tornado uma grande dificuldade, apesar de haver um calendário extenso de atividades voltado para a coletividade.

Nos últimos dez anos, pouco se renovou neste esporte. A Paraíba tem marcado sempre presença em diversas competições de caráter nacional e internacional, graças aos já renomados atletas que há muito tempo não residem mais no Estado. Neste contexto estão inseridos Andressa Morais de Oliveira (lançamento de disco), Jucilene Sales de Lima (lançamento de dardo), Jailma Sales de Lima (400m, e Revezamentos 40x400m e 4x100m), além de Basílio Emídio de Morais (Revezamento 4x400).

“Temos uma grande dificuldade na renovação dos nossos quadros de atletas. Há muito tempo não surgem novos talentos, mas, estamos trabalhando para isso. Nosso projeto a curto, médio e longo prazo vai surtir efeito”, disse Jônatas Martins, presidente da Federação Paraibana de Atletismo. “Estamos procurando dar uma melhor visibilidade a este esporte e acreditamos que, em breve, descobriremos atletas de ponta”, acrescentou.

Se no atletismo a dificuldade tem sido grande para a descoberta de novos atletas que possam levar o nome da Paraíba até outras dimensões, no paratletismo a história é totalmente diferente. O paradesporto do Estado tem dado uma grande visibilidade para a Paraíba, com atletas que, até pouco tempo, eram desconhecidos no cenário esportivo e hoje são os centros das atenções no Brasil e no exterior.

Um desses exemplos é o velocista Petrúcio Ferreira dos Santos, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos 2016 e Jogos Paralímpicos também de 2016, ocorridos no Rio de Janeiro. Na semana passada, o paraibano de São José do Brejo do Cruz venceu as provas dos 100m e 200m livres, na categoria T47, quebrando os recordes mundiais durante o Campeonato Mundial Paralímpico, que aconteceu em Londres, na Inglaterra.

“Não resta dúvida de que no paradesporto temos avançado muito nos últimos dois anos. O fenômeno Petrúcio Ferreira nos deu grande visibilidade dentro e fora do Brasil”, afirmou Pedro Almeida, treinador do paratleta e também professor de educação física da Universidade Federal da Paraíba. “Outros paratletas também elevam o nome do Estado no cenário nacional e internacional”, completou Pedrinho. 

Matheus, quinto do ranking brasileiro 

Matheus Aguiar é o quinto melhor do ranking nacional na prova dos 800 metros, na categoria Sub-20

Na atualidade, o principal nome do atletismo paraibano, que treina e reside no Estado, é o velocista Matheus Alves de Aguiar. Aos 18 anos, o atleta treinado pelo professor da Universidade Federal da Paraíba Luis Alcides é o quinto melhor do ranking nacional na prova dos 800 metros (1m52s67), na categoria Sub-20 e também o sétimo do ranking brasileiro na prova dos 400m livres (48s16), também na categoria Sub-20.

Matheus é um atleta a ser batido na Paraíba. Campeão estadual por vários anos esteve em vários Jogos Escolares da Juventude, estando sempre presente no pódio. “Meu sonho é um dia disputar uma Olimpíada”, disse o atleta, recentemente, em entrevista ao jornal A União e que deverá se transferir para São Paulo. O bom desempenho do paraibano no Campeonato Brasileiro deste ano, em São Paulo, realizado no primeiro semestre, lhe deu o direito de disputar o Sul-Americano, representando o Brasil, ainda este ano.

Outro atleta também remanescente do atletismo paraibano é Esdras Martins de Lima, hoje competindo pelo Instituto Elisângela Maria Adriano (IEMA), de São Paulo. Há dois anos o velocista da prova de 1.500 metros trocou o Estado para tentar a sorte na maior cidade da América Latina. Também foi revelado pelo professor Luis Alcides.
Esdras Martins ocupa atualmente o segundo lugar no ranking nacional na prova dos 1.500 metros (3m49s24), categoria Sub-23. É também o 100º melhor brasileiro na prova dos 800 metros (1m52s67), na mesma categoria. Esteve presente no Troféu Brasil de Atletismo, recentemente, buscando uma vaga para o Campeonato Mundial, onde não obteve êxito. Em visita a João Pessoa, ele disse que o foco é muito trabalho. “Só com esforços é que chegaremos lá. Continuo trabalhando forte”, afirmou.

No paratletismo, a Paraíba deu um grande salto nos últimos três anos na revelação de grandes nomes. O principal destaque do Estado é o velocista Petrúcio Ferreira dos Santos, campeão Parapan-Americano e paralímpico. É também recordista mundial nos 100m e 200m livres, categoria T47. Petrúcio sofreu um acidente com uma máquina de moer capim aos dois anos e perdeu parte do braço esquerdo. Gostava de jogar futsal e sempre foi muito rápido, até que esta velocidade chamou a atenção de treinadores de atletismo do Estado.

Além de Petrúcio, outros paratletas também elevam o nome do Estado no cenário nacional e internacional. Destaques para João Luiz dos Santos, no lançamento do disco e Ariosvaldo Fernandes, nos 100m, 200m e 400m, categoria T53. Ambos os atletas já estiveram em jogos Parapan-Americanos, Jogos Paralímpicos e Campeonatos Mundiais, estando sempre presentes ao pódio.

Treinadores mostram grande preocupação O professor Luis Alcides, responsável pela descoberta de novos talentos, afirma que a situação da modalidade no estado é complicada

Um debate amplo sobre o assunto envolvendo universidades, iniciativa pública e privada, federação, atletas e outros segmentos esportivos. Isto é o que defende alguns técnicos que trabalham com o atletismo ao longo dos anos, no sentido de revelar novos talentos para o cenário nacional e internacional.

“É preciso se fazer algo. Já não temos quase nada e o que temos tem que sair do Estado à procura de melhoras. Hoje, com exceção apenas de Matheus Aguiar, todos os nossos atletas de ponta defendem outros estados. Não podemos estar formando grandes quadros e perdendo para nossos concorrentes”, desabafou o professor Luis Alcides Quirino, técnico de Matheus Aguiar e que também descobriu Esdras Martins, hoje no Iema-SP.

A falta de novos quadros tem feito com que a Paraíba há muito tempo não tenha uma representatividade no pelotão de frente da tradicional Corrida Internacional de São Silvestre. “Faz tempo que não indicamos dois nomes de atletas que temos direito. A última vez foi em 2016, com Pretinha. É preciso trabalhar muito”, afirmou Jônatas Martins, presidente da federação.

“No paratletismo temos bons nomes, mas as dificuldades também são muitas. Não é só o esforço físico, técnico e tático dos atletas. É necessário também o apoio logístico e isso, na Paraíba, é muito difícil. É preciso um conjunto no todo para elevarmos esse esporte no Estado”, alegou Pedro Almeida, treinador do recordista mundial Petrúcio Ferreira.