A Seleção Brasileira Feminina de Futebol começou com goleada a sua trajetória na Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia, mantendo a escrita de sempre vencer na estreia em Mundiais. A equipe comandada pela treinadora sueca Pia Sundhage confirmou o favoritismo e bateu o Panamá por 4 a 0, ontem, com show de Ary Borges, autora de três gols. Bia Zaneratto também marcou para o Brasil.
O resultado faz o Brasil largar na frente do Grupo F, com três pontos. França e Jamaica, pela mesma chave, empataram nesta primeira rodada e estão com um ponto cada. O próximo compromisso das brasileiras será contra a Seleção Francesa, uma das candidatas ao título do Mundial, no sábado, às 7h (horário de Brasília), em Brisbane.
Favorita para a partida, a seleção pressionou desde os primeiros minutos diante do Panamá, e a dificuldade do adversário, estreante em Copas, em ficar com a bola fez o gol parecer apenas uma questão de tempo. O time de Pia Sundhage mostrou força pelo lado esquerdo, com jogadas individuais de Debinha e as escapadas em velocidade de Tamires. Aos 18 do primeiro tempo, Ary Borges recebeu ótimo cruzamento e cabeceou livre de marcação para fazer 1 a 0 para o Brasil.
O gol deu tranquilidade ao Brasil, que passou a valorizar a posse de bola e a definir as jogadas com mais precisão. O Panamá até tentava sair jogando, mas mal passou do meio-campo, onde Luana foi soberana nas interceptações, e a goleira Lelê foi mera espectadora. O lado esquerdo voltou a funcionar aos 38 minutos, quando Tamires invadiu a área e cruzou para Ary Borges cabecear e, no rebote, fazer o segundo.
A etapa final teve a mesma tônica do primeiro tempo, com o Brasil indo para cima e não dando chances ao Panamá. Logo aos três minutos, Ary Borges recebeu livre na grande área e só rolou para Bia Zaneratto fazer 3 a 0. Foi o primeiro gol da atacante em três Mundiais pela Seleção. A jogada teve início novamente em boa trama de Tamires e Debinha, duas das melhores jogadoras na partida. O Panamá finalizou pela primeira vez somente aos 12, mas sem perigo.
O Brasil continuou com ampla posse de bola, ultrapassando a marca de 30 finalizações e mal vendo o Panamá se assanhar no jogo. A estrela de Ary Borges voltou a brilhar aos 24 minutos do segundo tempo. Novamente de cabeça, a meia fez o seu terceiro gol, ampliando o placar para 4 a 0.
A estreia em Copas do Mundo com um hat-trick fez a jogadora igualar Pretinha e Sissi (1999) e Cristiane (2019), as únicas a marcarem três gols no primeiro jogo de um Mundial. A meio-campista saiu ovacionada ao ser substituída por Marta, que, longe de suas melhores condições físicas, teve atuação discreta na reta final da partida.
Ary Borges
A imagem da meio-campista Ary Borges, autora de três gols na estreia da Seleção Brasileira contra o Panamá, aos prantos após balançar a rede pela primeira vez na Copa do Mundo feminina, demonstra como esta partida era importante para ela. Aos 23 anos, a maranhense atua pelo Racing Louisville, dos Estados Unidos, e se tornou um dos pilares do time de Pia Sundhage nos últimos anos.
Este é o primeiro Mundial da jogadora, que já conta com 28 atuações pela Seleção. Ary é Ariadina Alves Borges e ficou conhecida no cenário nacional ao ser campeã brasileira da Série A2 pelo São Paulo. Após boa temporada, foi contratada pelo Palmeiras, onde conquistou a Copa Paulista e a Copa Libertadores, fazendo gol na final da competição intercontinental.
Ary Borges não sonhava em ser jogadora de futebol até os dez anos. Criada pela avó, ela se mudou para São Paulo ainda na juventude e, por incentivo do pai, começou a praticar o esporte e chegou ao Centro Olímpico, clube que a formou como atleta. Ela pegou gosto pelo futebol e não parou mais.
De acordo com a meio-campista, sua família foi importante no processo para transformá-la em uma atleta profissional. Ary conta que sempre foi apoiada por tios e primos, que a protegiam com unhas e dentes, e que o pai sempre adorou o fato de ela jogar bola.
De personalidade forte e sem papas na língua, Ary Borges é uma das lideranças do elenco da Seleção Brasileira e faz questão de se posicionar nos mais diversos assuntos. Ela, por exemplo, já afirmou que não sabe se apoiará a candidatura brasileira a ser sede do Mundial de 2027 e criticou publicamente a contratação de Cuca pelo Corinthians.
A jogadora também é conhecida por sua alegria. Após o choro de emoção com o primeiro gol marcado, Ary fez questão de se levantar e, ao lado de Kerolin, fez uma dancinha em homenagem à Marta. Ela é uma das “dançarinas” da Seleção, sempre alegre no grupo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 25 de julho de 2023.