O Dia
A derrapada na largada da Copa do Mundo pode cobrar um alto preço à seleção. O Brasil nunca foi campeão depois de tropeçar na estreia. Numa corrida de tiro curto, a confiança pode se perder antes da primeira curva. Para contrariar a tendência histórica, Tite tem a missão de arrumar a casa e provar que retrospecto não entra em campo. Na calculadora, a classificação se mostra viável. Neymar e seus companheiros precisam, porém, estar bons da cabeça. E isso não tem a ver com corte de cabelo.
O Brasil só não venceu na primeira partida do Mundial em quatro oportunidades. Perdeu para Iugoslávia (1 a 2) e Espanha (1 a 3) em 1930 e 1934, respectivamente, e empatou com Iugoslávia (1 a 1) e Suécia (0 a 0), em 1974 e 1978, nessa ordem.
Outros três favoritos ao título perderam pontos na primeira rodada: Alemanha, atual campeã, Argentina e Espanha.
A elas, o passado também serve de alerta. Nas 20 edições da competição já disputadas, apenas três seleções transgrediram a lógica. A Inglaterra empatou em 0 a 0 com o Uruguai, no início de sua única campanha vitoriosa em Mundiais, em 1966; a Itália, contra a Polônia (0 a 0), em 1982, ano em que a equipe da velha bota eliminou o supertime do Brasil comandado por Telê Santana; e a Espanha, em 2010, perdeu por 1 a 0 para a mesma Suíça que, domingo, atrapalhou a vida de Neymar & Cia.
Nas três exceções, em apenas um caso a seleção campeã não recuperou o fôlego imediatamente em seguida. Inglaterra e Espanha emendaram duas vitórias e terminaram em primeiro do grupo. Já a Itália empatou as duas partidas seguintes, se classificou em segundo e só embalou na outra fase, anterior à semifinal, quando, em outro formato de torneio, encontrou e venceu Argentina (2 a 1) e Brasil (3 a 2) na chave.
Embora a Seleção Brasileira nunca tenha conquistado a taça sem vencer na estreia, em três de seus cinco títulos, perdeu ponto na fase de grupos: 1958, 1962 e 1994. Sinal de que, mais do que matemática, a questão é psicológica. Se todas as partidas valem os mesmo pontos, a primeira tem maior peso subjetivo.
Nessa linha, a Costa Rica, adversária do Brasil na próxima rodada, sexta-feira, às 9h, em São Petersburgo, apresenta-se como rival ideal. Das dez vezes em que a seleção enfrentou o país da América Central, ganhou nove e perdeu uma. Em Copas do Mundo, foram dois confrontos, ambos vencidos pelos brasileiros, o último por 5 a 2, na campanha do penta de 2002. Se vencer o próximo jogo e a Suíça superar a Sérvia, o Brasil precisará de apenas um empate na rodada derradeira para se classificar às oitavas.