A história do Câmbio na Paraíba iniciou através do gaúcho Valmor Cruz, que o trouxe para cá em 2018. Hoje, essa modalidade esportiva praticada por pessoas com idade acima de 50 anos tem se consolidado no estado, contando, inclusive, com competições. Na tarde de hoje, a Arena Beach Games, em Tambaú, receberá algumas partidas, a partir das 15h, após as finais do Circuito Brasileiro de Handebol de Praia.
Valmor Cruz é, hoje, Diretor de Esportes do Sol Nascente, que conta com cerca de 35 participantes. Ele explica que a expansão do esporte não é notada apenas na Paraíba, mas pelo Brasil afora, impulsionada pelas pessoas que vêm à João Pessoa, conhecem algum dos muitos clubes aqui existentes e divulgam em suas cidades.
“Esse esporte é muito popular no Rio Grande do Sul. Eu jogo há 25 anos e, chegando aqui, está dando uma boa aceitação. E a partir daqui, nós estamos dando orientação para surgir novos grupos, são pessoas que vêm aqui, conhecem e implantam em suas cidades. Nós temos um casal que veio e conheceu, no ano passado, durante três meses, foi a Brasília e instalou lá, está num grupo bom já. Teve uma outra senhora que veio, conheceu em Manaíra, e levou o câmbio para Belo Horizonte, a gente dá toda a cobertura, e ela já está com três grupos lá. Então, de pouco em pouco tem pessoas que chegam aqui e gostam, porque não existe muita técnica, é só ter alguém interessado e que assuma a responsabilidade”, explicou ele.
O câmbio é um jogo coletivo adaptado do voleibol, criado no Rio Grande do Sul. Entre as principais diferenças em relação ao esporte originador, destaca-se a forma de tocar na bola, segurando-a para, em seguida, arremessá-la para o companheiro da equipe, ou até mesmo jogá-la para o lado adversário.
Ou seja, são evitados saltos, o que resulta em menos impactos das articulações, permitindo a aderência dos idosos. Para competições, há duas categorias: Master, para pessoas entre 50 e 60 anos; e Sênior, para quem tem mais de 60 anos.
O professor e árbitro Júnior Black teve seu primeiro contato com o Câmbio no Centro de Referência Municipal da Pessoa Idosa (CRMPI) — onde atua - ainda em 2018. “Eu comecei a estudar as regras do câmbio. Apesar de se assemelhar com o voleibol, a regra é adaptada para o idoso, então, eu comecei a estudar as regras que estão em vigência lá no Rio Grande do Sul e comecei a aplicar aqui em João Pessoa. Aí, eu comecei a praticar, a trabalhar fundamentos, como recepção, saque, a movimentação, o que se chama câmbio, porque, justamente, o nome é voltado a essa característica, por conta desse rodízio, dessa mudança dos atletas”, relembra ele.
O professor corrobora a fala de Valmor sobre a popularização do esporte na capital pessoense. “Depois de 2018, começou a se espalhar aqui, por João Pessoa. O Valmor começou a atividade lá com uma equipe em Tambaú, e hoje nós temos, em média, de 11 a 12 equipes aqui em João Pessoa e Cabedelo. Nós estamos aí em pleno Campeonato Paraibano, e temos alguns torneios também que são regionais”, comentou.
Os benefícios da prática esportiva são inúmeros e vão desde o fortalecimento da saúde dos praticantes, até a ampliação do convívio social, com a construção de novos laços. Através da demonstração dentro do Paraíba Beach Games, o Júnior garante que toda comunidade sai ganhando.
“Quando a gente consegue promover a modalidade, nós promovemos também saúde e qualidade de vida, porque a gente está pro
movendo um envelhecimento ativo e saudável. O câmbio é uma atividade que traz diversos benefícios para o idoso. A gente trabalha a atenção do idoso, a coordenação motora, a resistência, a questão da socialização entre eles, que é importantíssima”, inciou ele.
“A gente tem idosos em quadros de depressão, ansiedade e, quando começa essa prática de fazer novas amizades, eles acabam melhorando e evoluindo bastante. Então, é uma atividade que traz diversos benefícios. E a importância de um evento como esse, que promove a modalidade, é que isso faz com que surjam mais adeptos e, consequentemente, mais pessoas que a gente vai ajudar a transformar a vida delas, através da saúde e qualidade de vida”, finalizou Júnior.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de novembro de 2024.