Wellington Sérgio
O começo de 2017 não foi bom para os clubes mundiais que conquistaram títulos e fazem parte da história do futebol. No mês passado, o presidente da Fifa, o italiano Gianni Infantino, anunciou que a entidade internacional não reconhece os títulos mundiais das equipes antes de 2000, surpreendendo dirigentes, jogadores, treinadores, torcedores e os desportistas em geral que gostam do esporte mais tradicional e popular. A Fifa manteve a postura de considerar campeões mundiais os vencedores dos torneios realizados a partir de 2000, no formato atual do Mundial de Clubes.
A entidade esclareceu seus critérios, não reconhecendo o status de mundial aos títulos de Palmeiras (1951) ou dos demais clubes brasileiros que venceram os confrontos intercontinentais entre campeões da Liga dos Campeões e Libertadores antes da entidade assumir a organização. Ela não ignora as conquistas de Palmeiras, Santos, Grêmio, Flamengo, São Paulo e outros clubes do mundo, entre 1950 e 2000, mas desqualifica os títulos intercontinentais como oficiais.
Como ficam os Estaduais, Campeonatos Brasileiros, Mundiais de Clubes, disputas continentais e tantos outros que representam muito para os clubes tradicionais do esporte? Interessante é que várias equipes são filiadas às Confederações, que consequentemente são também “ligadas” a Fifa que nunca impediu as disputas antes de 2000. Um fato curioso, por exemplo, é que o Corinthians-SP tem o reconhecimento sem ganhar a Libertadores.
Insatisfação também na Paraíba
E se no caso do Campeonato Paraibano, quando a Federação Paraibana de Futebol (FPF) - fundada no dia 24 de abril de 1947 - começou a realizar a disputa, os títulos dos clubes não valessem mais? Outro exemplo é o Nordestão, que passou um bom tempo sendo promovido pela Liga do Nordeste - antes da edição de 2013 -, mas que depois recebeu o apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Como ficam os títulos conquistados pelos times participantes? Se as disputas foram reconhecidas pelas Confederações ou Federações internacionais? Questionamentos repugnados por todos que acreditam se tratar de um retrocesso no futebol.
Cronistas e dirigentes de clubes alegam se tratar da pior notícia para o futebol
A decisão da Fifa foi a pior notícia que ocorreu nos últimos anos para quem participa, trabalha, vive, gosta e ama o futebol, principalmente para clubes que têm histórias maravilhosas, com títulos inesquecíveis que fazem parte da vida do time. O cronista e comentarista da Rádio Tabajara, Ivan Bezerra, achou um absurdo e falou que trata-se de coisa de quem não tem nada para fazer e fica inventando mudar tradições que já vêm de longos anos. Segundo ele, não se pode retirar títulos das equipes de uma hora para outra, sem convencer a ninguém.
“Coisa de louco que deseja inventar e achar que está revolucionando o futebol mundial com medidas que são impopulares. Creio que a CBF tem que tomar uma decisão e brigar para reverter a medida”, disse. O narrador esportivo Eudes Moacir Toscano comentou que o fato de clubes tradicionais de todas as partes do mundo perderem os títulos de uma hora para outra é falta de reconhecimento
“Resta buscar esforços de todas as confederações, federações e dirigentes para pressionar a Fifa a mudar de opinião. Não se pode apagar a história e as façanhas de equipes de ponta do futebol de todas as partes do mundo”, observou. De acordo com o vice-presidente do Botafogo, Guilherme Novinho, a história não pode acabar de repente com uma decisão que não tem explicação. O dirigente afirmou que é inconcebível uma entidade internacional esquecer as alegrias e glórias dos clubes.
”É repudiar a atitude daqueles que não sabem o que é conquistar façanhas com esforço, dedicação de todos que fazem as equipes. Temos que reunir todos os que fazem o futebol para reverter a decisão”, disse. O presidente do Campinense, William Simões, foi outro que ficou indignado com a atitude da Fifa que tomou uma decisão que choca a todos os clubes do mundo. “Não tem lógica você acabar com os títulos das equipes que conquistaram com merecimento. Tem meu voto de repúdio a Fifa”, observou.