Ivo Marques
O adiamento do cumprimento da lei do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) - que determina que os clubes estejam em dia com as obrigações junto a Caixa Econômica, Receita Federal e Ministério do Trabalho, para participar de uma competição oficial - não chegou a ser uma surpresa para os dirigentes do futebol paraibano, que já esperavam um “jeitinho brasileiro” para resolver o problema. Com o novo prazo, estendido agora até 2018, os clubes ganharam mais tempo para resolver o problema, e até poderão participar de competições no próximo ano, mesmo que estejam sem cumprir com todas as suas obrigações.
Para o presidente do Centro Sportivo Paraibano, Josivaldo Alves, a mudança é mais um exemplo de que nosso País não é sério. “Não é só no futebol. Toda vez que se cria uma lei para tentar moralizar um setor no Brasil, acontece isto. Quando a lei começa atingir a determinadas pessoas, ou entidades influentes, se cria uma brecha para burlar a lei, e fazer com que ela não seja cumprida. O Brasil tem tudo para ser o melhor lugar do mundo, mas não é, porque não existe um cumprimento da lei. Bastava isto e seríamos uma super potência. Quando chegar 2018, se alguns clubes grandes não tiverem cumprido com as obrigações, certamente haverá uma nova saída para adiar. É sempre assim”, disse o dirigente.
O presidente do Botafogo, Guilherme Novinho, também concorda com Josivaldo, e tem uma opinião bem parecida sobre o problema. “O Botafogo não aderiu ao Profut, porque já está em dia com suas obrigações, há muito tempo. Mas tudo no Brasil é assim. Tem sempre um jeitinho brasileiro para continuar a coisa errada. Até grandes times do País só vieram regularizar a situação, há poucos meses. A pressão é grande, e aí se acha sempre uma saída para driblar a lei”, disse o presidente do Belo.
Mas nem todos os presidentes de clubes paraibanos são contrárias ao adiamento do cumprimento da lei. Um deles é o do Sousa, Aldeone Abrantes. Para ele, o tempo dado aos clubes foi pequeno para se adequarem. “O Sousa está em dia com tudo, e não é problema para mim. Mas acho que nenhuma lei nova funciona bem neste País, de imediato. Tem que dar um tempo maior para que os clubes se organizem, e possam cumprir com as exigências. Outro detalhe importante é que nenhuma lei pode ferir o direito adquirido. Alguns clubes já adquiriram o direito de disputar algumas competições nacionais no próximo ano, como o Sousa , por exemplo, e não poderia agora uma lei tirar este direito dos clubes”, disse o dirigente.
A reunião que aprovou o adiamento da entrada em vigor do Profut foi realizada no último dia 6 de setembro, pelo Conselho Nacional do Esporte, do Ministério do Esporte. A resolução acabou sendo publicada, dias antes da nomeação do presidente da Autoridade Pública do Futebol (Apfut), Luiz André de Figueiredo Mello.