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Erros na arbitragem do futebol põem em discussão o uso de recursos eletrônicos

publicado: 30/10/2016 00h05, última modificação: 29/10/2016 06h55
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O jogador Warley enxerga casos absurdos na arbitragem que poderiam ser resolvidos através dos recursos eletrônicos - Foto: Divulgação

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Wellington Sérgio

Nos últimos anos, a arbitragem brasileira no futebol vem ocupando espaços na mídia nacional: são denúncias, reclamações, polêmicas, confusões dentro e fora de campo, com dirigentes de clubes e torcedores chamando sempre esses profissionais e seus assistentes de “ladrões”, além de outras palavras de baixo calão. Isso tem se repetido nos Campeonatos Brasileiros das Séries A,B,C e D. A situação é idêntica em outras competições em disputa, com interpretações e erros, que “beneficiam um lado e prejudicam o outro”. 

Como diz o velho ditado popular, o “choro é livre e salve-se quem puder”. Nas Olimpíadas de 2016, que aconteceram no mês de agosto, no Rio de Janeiro, a experiência de colocar o recurso eletrônico nos confrontos do voleibol e tênis - para tirar as dúvidas e os lances mais polêmicos - chamou a atenção de todos que participaram do evento internacional, instrumento este que está prestes a chegar ao futebol mundial e, porque não dizer, no futebol brasileiro.

Mas, será que um aparelho que terá um árbitro de vídeo, que acompanhará todo o desenrolar de uma partida de futebol, será suficiente para acabar com as indecisões e indefinições, em relação aos impedimentos, pênaltis, gols de mão e lances duvidosos se a bola entrou ou não? Na atual temporada dos campeonatos promovidos pela Confederação Brasileira de Futebol, muitas dessas confusões acabaram nos tribunais de Justiças Desportivas, principalmente no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro.

Devido às denúncias dos clubes que participam da Série A do Brasileirão, Sérgio Corrêa da Silva deixou a presidência da Comissão Nacional de Arbitragem, em sua segunda passagem pelo cargo. No seu lugar, foi indicado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marcos Cabral Marinho de Moura (Coronel Marinho), ex-dirigente da Federação Paulista de Futebol (FPF). Na Paraíba, árbitros e assistentes falaram sobre o tema.

A assistente Adriana Basílio, que pertence aos quadros da Federação Paraibana de Futebol (FPF) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), não concorda com o novo método de tirar as dúvidas que podem ser colocadas em prática no próximo ano. Ela frisou que nos outros esportes a coisa funciona, já que a exemplo do voleibol e tênis, o espaço é menor e tem como observar as dúvidas, diferente do futebol, onde o espaço é bem maior e com mais atletas em campo.

“Teríamos que parar o jogo várias vezes, em decorrência das dúvidas que podem ocorrer. Acredito que vai tirar à dinâmica, beleza e a magia do futebol”, disse, ciente de que os erros acontecem em qualquer parte da vida, onde o ser humano é vítima. “Todo profissional quer fazer o melhor e quem comanda o espetáculo deseja realizar uma grande arbitragem. Temos que tentar errar o mínimo possível para sair de campo com a consciência tranquila”, observou.

Diferente da companheira de trabalho, o árbitro João Bosco Sátiro comentou que tudo que for para colaborar com uma boa arbitragem, é favorável. Integrante dos quadros da CBF, o paraibano avaliou que o recurso eletrônico pode ajudar o trio nos lances polêmicos que venham a acontecer durante uma partida de futebol. “Ganham todos que estão envolvidos, onde os lances poderão ser avaliados por pessoas capacitadas que estarão acompanhando. O que for para ajudar na arbitragem, dará mais segurança para que ninguém possa reclamar”, disse ele. Já o árbitro da FPF e dos quadros da entidade nacional, Clizaldo Luis, diferentemente, também, da assistente Adriana Basílio, é totalmente favorável ao recurso eletrônico. “O recurso vem para beneficiar aqueles que são responsáveis pelo espetáculo e vai possibilitar que as dúvidas sejam sanadas”, afirmou.

Como seria a mudança

A Comissão de Arbitragem da CBF recebeu do International Football Association Board (IFAB) a primeira versão do protocolo para testes da atuação do árbitro de vídeo. A Fifa criou um infográfico para facilitar a compreensão dos torcedores. O IFAB aprovou o projeto do árbitro de vídeo, elaborado pela CBF e ampliado com a opinião de outros países, mais ainda não liberou para a sua utilização no Brasil. Confira alguns detalhes de aplicação da tecnologia para resolver as dúvidas em lances decisivos do futebol. 

Passo 1:

O árbitro principal (campo) faz a marcação que acredita ser a correta, mas informa ao árbitro de vídeo que deseja conferir as imagens de um determinado lance ou o árbitro de vídeo indica ao árbitro principal que a marcação deveria ser conferida.

Passo 2: 

O árbitro de vídeo assiste ao replay e relata o que viu ao árbitro principal, que tem sempre a palavra final. Ainda haverá a definição quanto à captação das imagens. Podem ser as geradas pela TV detentora dos direitos de transmissão da competição ou por uma estrutura da própria entidade organizadora.

Passo 3:

O árbitro aceita a informação do árbitro de vídeo, que está em uma cabine do estádio, para revisar ou confirmar a marcação. Outra alternativa é o árbitro assistir às imagens ao lado do assistente do árbitro de vídeo (ou quatro árbitro), na lateral do campo, e tomar a sua decisão

Dirigentes e jogadores defendem o novo sistema

Não são apenas os torcedores que ficam lamentando os erros de arbitragens que ocorrem durante os jogos. Os dirigentes e jogadores são vítimas e chegam até a brigar com o trio, principalmente quando o resultado não foi o esperado. Para o ex-presidente do Botafogo-PB, Guilherme Novinho, o recurso eletrônico pode diminuir as dúvidas que acontecem durante a partida, ressaltando que será benéfico para a arbitragem, clubes e os torcedores. Segundo ele, o que não pode é continuar como está, onde as equipes prejudicadas não têm como se defender.

“Quando se perde por erro da arbitragem, o time não tem como provar, sendo prejudicado e até eliminado da competição. É um sistema interessante que pode tirar muitas dúvidas e tentar diminuir os constantes erros que ocorrem nas disputas”, observou o botafoguense. Outro que defende a tese é o presidente do Campinense, William Simões, que torce pela implantação o mais breve possível em todas as disputas. O raposeiro ressaltou que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem que tomar uma medida enérgica, diante de tantos erros da arbitragem que vem acontecendo em todo o País. “A medida terá que ser urgente com a implantação do sistema nos jogos. Acredito que possa tirar muitas dúvidas e ganha o melhor, sem a interferência da arbitragem”, disse.

O presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Amadeu Rodrigues, é um dos mais otimistas para que este recurso possa ser implantado na próxima temporada, em princípio, na Série A do Brasileirão. “Acredito que teremos novidades sobre o assunto nos próximos dias, afinal, a CBF busca uma forma de diminuir as reclamações que surgem nas competições. Tudo que vier para melhorar e beneficiar o futebol, terá meu apoio”, avaliou.

O atacante do Botafogo, Warley, ressaltou que o recurso poderá dar mais estrutura ao trio de arbitragem para observar os lances mais polêmicos durante os jogos. “Existem casos absurdos que apenas o árbitro não viu, prejudicando o time e o atleta que vai reclamar e leva o cartão amarelo e às vezes até o vermelho. Creio que as imagens não deixarão dúvidas com relação aos lances polêmicos”, comentou o experiente atleta.