O paraibano Guilherme Soares começou a praticar natação aos 6 anos, por orientação médica, como forma de melhorar as condições respiratórias. Hoje, aos 16 anos e cursando o 2º ano do Ensino Médio, ele concilia os estudos com os treinos da modalidade esportiva, sendo um dos principais nomes dela a nível local. Ele é também uma das esperanças de medalhas para a delegação estadual que participará das Paralimpíadas Escolares 2025, a partir do dia 17 de novembro, em São Paulo.
Quase uma década já se passou desde que o garoto entrou pela primeira vez na piscina. De lá pra cá, muito conhecimento e experiência foram acumuladas, o que propiciou sua evolução dentro e fora d’água.
“No começo, minha técnica na natação não era das melhores, porque eu tentava imitar os atletas da natação convencional, fazer as braçadas e pernadas, só que aí, quando Mazinho, meu professor, começou a ser meu treinador, sugeriu que eu parasse de tentar imitar, fazer braçada, e só continuasse a pernada, porque era algo que me cansava e que não estava tendo muita eficiência. Então, essa foi a primeira melhora que eu tive”, explica.
Ao falar sobre sua trajetória e a forma como encara os desafios do dia a dia, o atleta relembra como se deu seu processo de adaptação. Ele conta como aprendeu, aos poucos, a lidar com os desafios do dia a dia e a conquistar sua independência.
“Desde pequeno, sempre precisei da ajuda dos meus pais, mas com o tempo em que fui crescendo, fui criando adaptações para conseguir vestir a roupa, tomar banho, coisas do tipo. eu consegui me adaptar a isso e fazer as coisas sozinho. Tanto é que a maioria das coisas, hoje, eu faço sozinho. Mas são obstáculos que cada pessoa vai ultrapassando. Não só o pessoal com deficiência, mas também as pessoas sem deficiência”, destaca.
Mesmo ainda dando seus primeiros passos na carreira, o jovem paratleta já projeta os próximos passos dentro e fora das piscinas. Além de seguir competindo, ele pretende ampliar sua atuação no esporte por meio da formação acadêmica.
“Quero continuar no esporte até onde eu puder, competindo, mas para ficar ainda mais perto disso eu quero cursar educação física, para me tornar técnico também e ajudar outras pessoas com deficiência e ingressar, não só na natação, mas para ajudar em outros esportes”, pontua o paraibano.
Para Mazinho, técnico de Guilherme há quase quatro anos, o esforço do esportista é fundamental para seu desempenho notável. “Nós nadamos todos os dias. O Guilherme é uma pessoa assídua. Ele é dedicado. Ele é um grande atleta. Você passa o exercício, pode sair que ele faz. Isso é bom para o técnico, isso é bom para todo mundo. Geralmente, nos paraescolares são cinco provas e ele participa de todas as cinco, isso é muito importante”, afirma.
Paratletismo paraibano
O professor ainda faz uma avaliação positiva sobre o momento do paratletismo paraibano. Segundo ele, o esforço coletivo, entre famílias e entidades públicas, é fundamental para que a modalidade se fortaleça no cenário estadual.
“Tem melhorado muito. Eu posso dizer assim, sem erro, já que estou desde o início. Agora, tem que ter ajuda. Desde a família, até a ajuda de uma maneira geral, como o Estado tem ajudado muito. O lado empresarial não despertou ainda. Mas temos boas perspectivas, sobretudo no paraescolar, porque, na região do Nordeste, nós estamos entre os três primeiros”, afirma.
Paralimpíadas Escolares 2025
A Paraíba terá a chance de melhorar ainda mais sua performance no paradesporto por meio das Paralimpíadas Escolares 2025, que começa no dia 17, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. A competição, organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e pelo Ministério do Esporte, contará com a participação de pessoas com deficiência física, visual e intelectual, com idade mínima de 11 anos (nascidos em 2014) e máxima de 18 anos (nascidos em 2007), das 27 Unidades da Federação.
A programação, que conta com 15 modalidades esportivas, será dividida em dois períodos: no primeiro bloco, de 17 a 22 de novembro, serão realizadas as provas de Atletismo, Basquete 3x3 em Cadeira de Rodas, Futebol de Cegos, Goalball, Halterofilismo, Taekwondo, Tênis em Cadeira de Rodas e Rúgbi em Cadeira de Rodas; já nos dias 24 a 29 de novembro, será a vez do Badminton, Bocha, Futebol PC, Judô, Natação, Tênis de Mesa e Voleibol Sentado.
Na edição de 2024, a iniciativa recebeu mais de 2.000 atletas em idade escolar, dos 26 estados e do Distrito Federal, em competições de 13 modalidades. Na ocasião, a delegação paraibana conquistou 104 medalhas, sendo 60 de ouro, 24 de prata e 20 de bronze.
Desta vez, o grupo estadual contará com 154 pessoas (considerando atletas, staffs, dirigentes, enfermeira e fisioterapeuta), sendo o nadador Guilherme Soares, que compete na categoria S6, uma das esperanças de medalhas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de novembro de 2025.