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Ginastas retornam à dinâmica dos treinamentos na Vila Olímpica Parahyba sob o comando de Lenise Sousa

Ginástica Rítmica: sintonia entre corpo e mente

publicado: 13/06/2022 09h47, última modificação: 13/06/2022 09h47
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Foto: Marcos Russo

por Laura Luna*

Vendo de longe pode até parecer fácil, mas se engana quem pensa assim. Para alinhar o manejo dos aparelhos e performance é preciso treinar, treinar e treinar. É a repetição exaustiva que garante às ginastas a realização plena dos movimentos. Na Vila Olímpica Parahyba, a Seleção Paraibana de Ginástica Rítmica retorna, aos poucos, à dinâmica de treinamentos. O pós-pandemia está sendo encarado como um desafio, um momento de retomada que passa por readaptação do corpo e da mente.

Vivian Batista, de 14 anos, começou na ginástica rítmica aos 7. A atleta, que se prepara para disputas nos Jogos Escolares e no campeonato regional da modalidade, que será realizado no mês de julho em João Pessoa, precisa correr atrás do tempo perdido. Os dois anos de pandemia prejudicaram um pouco o preparo físico da atleta, que convive também com uma escoliose. Campeã mirim dos Jogos Escolares 2019 e campeã paraibana juvenil, Vivian está focada. “Estou treinando maças (que se assemelham a pinos de boliche) e arco (uma espécie de bambolê). Estava com saudades dos treinos e dos campeonatos”. Vivian sabe que as dores na coluna aumentam com a falta de treinamento. “Porque quando estou praticando fortaleço a minha musculatura, trabalho a postura e tudo isso contribui para que eu me sinta melhor”. Com o arco em mãos, ela mostra que não está longe do objetivo. As coreografias estão sendo ensaiadas diariamente. “Cada uma tem 1 minuto e meio de duração, sendo uma meio estilo tango e a outra mais alta, mais pra cima”, detalha a ginasta que tem nas brasileiras Natália Gaudio e Bárbara Domingos, as maiores inspirações. “Sonho em chegar a um Campeonato Brasileiro e vou me esforçar para isso”.

Na ginástica rítmica, as atletas trabalham com aparelhos portáteis. Bola, arco, fita, maça e corda fazem parte da rotina das ginastas, que precisam dominar cada um dos objetos. A seleção paraibana, por exemplo, tem treinado diariamente, inclusive aos sábados. São, pelo menos, cinco horas por dia sob o olhar atento da treinadora Lenise Sousa, que já foi atleta da seleção paraibana e é uma das grandes fomentadoras da ginástica na Paraíba. “A pandemia afastou muitas atletas. Hoje estamos com cerca de 10, mas esse número já foi maior”, lembra.

Nada que desanime Lenise, que já atravessou momentos mais difíceis ao longo da vida. Em 2019, ela estava com a equipe em uma competição poucos dias após uma das sessões de quimioterapia. Um câncer de mama havia sido diagnosticado e o tratamento foi feito, sem que o trabalho fosse paralisado. “Apenas os três meses pós-cirurgia, depois voltei. Teve momento de passar mal, me sentir enjoada, mas eu tava lá com elas. Eu brincava, era feliz e isso me ajudou muito”. Hoje curada, fazendo apenas o acompanhamento de rotina, Lenise Sousa não tem dúvidas sobre a importância do esporte para a vida. “Me motivou, incentivou e não me deixou desanimar”.

Motivação que inspira Iasmym Piccoli. A ginasta de 12 anos ouve atenta aos comandos da técnica e com a bola em uma das mãos dá um giro na ponta do pé. O arremesso da bola para o alto permite que a atleta role no chão. Sincronia que encanta e chama a atenção, impossível não admirar uma apresentação de ginástica rítmica, mesmo se tratando de um treino. “Comecei por incentivo de uma prima há quatro anos. Gosto muito porque me faz bem, me sinto bem praticando a ginástica”, conta a atleta que já foi quarto lugar nos Jogos Escolares e que está focada na próxima etapa da competição, que acontece no mês de agosto. Dessa vez a ginasta quer ir mais longe. “Estou recuperando rápido a forma física, treinando bastante e acredito que vai dar certo”.

Campeonato regional

Uma das mais importantes competições da modalidade, o Campeonato Regional de Ginástica Rítmica, já tem data e local confirmados. Será em João Pessoa, de 12 a 17 de julho, no ginásio do Colégio Marista Pio X, e deve reunir 400 ginastas de todo o Nordeste. O objetivo da equipe paraibana é participar com pelo menos quatro atletas. “Três do juvenil e uma do adulto. Mas temos que correr muito para estarmos bem até lá. Temos praticamente um mês”, lembra a treinadora.

Por isso, o aumento no volume e intensidade dos treinos que passa por exercícios físicos, alongamentos e coreografias. As cinco horas diárias passam rapidamente quando se trabalha com um propósito e a Seleção Paraibana de Ginástica Rítmica, que reúne títulos paraibanos e nacionais, a exemplo de 2013 quando o conjunto adulto (com cinco atletas apresentando coreografia simultaneamente) conquistou o título brasileiro em Caxias do Sul, pretende voltar aos pódios. “Vamos treinar também aos domingos. É com esforço e dedicação que vamos retomando a prática e assim voltando a conquistar os espaços que a ginástica sempre ocupou”, finalizou Lenise Sousa, que há pelo menos 30 anos se dedica à prática aqui no estado.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de junho de 2022