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Mulheres liberadas para ir aos estádios na Arábia Saudita

publicado: 13/01/2018 17h05, última modificação: 13/01/2018 17h29
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Depois do direito de dirigir, as mulheres da Arábia Saudita agora já podem ir a alguns estádios de futebol e torcer por seus clubes - Foto: Divulgação

tags: arábia saudita , mulheres , estádios , feminismo , igualdade , arquibancadas


Do ESPN

Qual a importância, para o mundo, do jogo entre Shabab Al-Ahli Club e Al-Baten Club disputado nessa sexta-feira (12), na cidade de Riade, pela primeira divisão do futebol na Arábia Saudita? Mais do que a bola rolando em campo, a grande atração foi nas arquibancadas. Pela primeira vez na história do país, as mulheres tiveram a permissão para assistir a um evento esportivo profissional de dentro do estádio.Até sexta, elas só podiam torcer por seus times em casa, pela televisão. Em 2014, uma mulher saudita foi presa por entrar em uma partida de futebol no estádio Jiddah’s al-Jawhara.

Na época, a polícia relatou que ela, a torcedora, foi detida em flagrante, disfarçada com calças, blusa de manga comprida, chapéu e óculos. A vestimenta obrigatória para elas é vestido preto longo e rosto e cabelos cobertos por véu. A Arábia Saudita está ranqueada pelo Fórum Econômico Mundial como 141º entre 144 países no que diz respeito à disparidade de gênero. O cenário começou a mudar em julho do ano passado, com a posse do príncipe Mohammed bin Salman.

Em setembro, ele assinou decreto que garantiu às mulheres o direito de dirigir, uma conquista classificada como histórica. E no mês seguinte anunciou que colocaria fim à regra de elas não poderem frequentar estádios. A princípio, estarão liberadas em três arenas: Rei Fahd (em Riade), Rei Abdullah (em Jidá) e o estádio que leva o nome do príncipe (em Dammam). “É muito difícil ser obrigada a assistir seu time só pela televisão, principalmente quando é um clássico ou uma final. Mas agora meu desejo vai se tornar realidade. Não sei como descrever o que estou sentindo com essa conquista. Espero por isso, desde que comecei a torcer pelo Al-Hilal, em 2010. Estou muito ansiosa para acompanhar meu time das arquibancadas”, disse ao jornal The Guardian a torcedora Ghadah Grrah, de 22 anos.

A Arábia Saudita é um dos países mais rígidos do mundo em termos de segregação de gênero e há muitas atividades cotidianas que mulheres simplesmente não podem fazer ou precisam de autorização do pai ou marido. Para frequentar os estádios, elas têm de acompanhar os jogos em uma ala destinada apenas para famílias. O príncipe Mohammed bin Salman, de 32 anos, tenta modernizar a sociedade e impulsionar a economia por meio de um plano chamado de “Vision 2030” (Visão 2030), que tem como objetivo reformar o país, hoje dependente da produção de petróleo.