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PARAPAN-AMERICANO

O mais rápido do mundo

publicado: 08/11/2023 13h50, última modificação: 08/11/2023 13h50
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Tricampeão e recordista mundial dos 100 metros rasos na categoria T47, o paraibano encara o último desafio da temporada em Santiago do Chile - Fotos: Comitê Paralímpico Brasileiro
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Antes das provas, Pedrinho conversa com Petrúcio Ferreira sobre suas condições
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“É preciso entender o meu corpo e entender meus limites”, afirma o corredor
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por João Thiago*

Dez segundos e vinte e nove centésimos. Você demorou mais ou menos este tempo para ler estas duas frases e Petrúcio Ferreira já correu cem metros rasos. O paratleta mais rápido do planeta se prepara para um novo desafio: Os Jogos Parapan-Americanos de Santiago no Chile, que começam no dia 17 deste mês. A menos de duas semanas da competição, ele realiza os últimos ajustes para a competição e sonha com mais um ouro para encerrar bem a temporada.

“Foi uma temporada longa, que começou em outubro do ano passado e que está exigindo um pouco mais da gente. É uma cobrança física e mental maior do que o normal, mas estamos lidando bem com isso”, explica o atleta, que fala no plural não por um vício de linguagem, mas por sempre incluir em seus esforços e na sua história Pedro de Almeida Pereira, o Pedrinho, treinador que há dez anos acompanha o atleta, e conta com a confiança total dele.

Pedrinho é responsável pelo treinamento de Petrúcio e de Cícero Valdiran Lins Nobre, atleta do lançamento de dardo da F57, que trouxe a medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos de Tóquio em 2021 e que também vai para o Parapan neste ano. Pedrinho destaca que estes são os últimos retoques para os atletas que encaram a última grande competição do ano.

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Antes das provas, Pedrinho conversa com Petrúcio Ferreira sobre suas condições

“Eles estão prontos. Estão bem. Ambos com a cabeça no lugar e preparados para este desafio. O ano tem 52 semanas, mas esta temporada teve 57 por causa do mundial de Paris, então tem mais sobrecarga, mais intensidade e é preciso mais cuidado, pois tudo acaba sendo mais delicado”, explicou Pedrinho.

O desafio de correr os 100 metros em apenas 10 segundos 

Em 10 anos correndo os 100 metros rasos, Petrúcio colecionou vitórias e recordes. Atualmente, o recorde mundial na categoria é dele, e é aquela marca que apresentei no início da matéria: 10 segundos e 29 centésimos na T47.

O recorde mundial olímpico ainda é de Usain Bolt, que fez os cem metros em 9 segundos e 58 centésimos. Petrúcio até pensa em bater essa barreira dos dez segundos, mas não é um dos objetivos principais neste momento.

“Seria um feito, mas eu preciso entender o meu corpo e entender qual o meu limite de entrega nos treinos. Cem metros é prova de detalhe. Às vezes a ansiedade, a emoção, a adrenalina do momento podem trazer erros que custam a prova. Se eu penso nisso? Sim, mas entendo que preciso pensar no longo prazo para ter resultados”, afirmou.

Para Pedrinho, Petrúcio ainda tem um longo caminho pela frente. “Eu ainda vejo ele em pelo menos mais dois ciclos olímpicos. O treinamento nos traz boas marcas, margem de segurança. Pressionar traz ganho no curto prazo, mas cobra muito no longo prazo”, explicou o treinador.

Petrúcio, referência mundial

Referência mundial em sua categoria, o paratleta mais rápido do mundo é aquele que tem que ser alcançado. Para isso, o técnico não treina apenas o corpo do atleta, mas também a sua mente.

“Nós levamos isso com naturalidade, levando o desafio, não tentando lançar sobre ele um peso maior do que é na realidade. Trabalhamos no processo, controlando ansiedade, dando segurança e lembrando das boas marcas, dos bons resultados. Isso é um fator importante para as competições”, explicou Pedro Almeida.

Ser o homem a ser batido, para Petrúcio, é um fardo, um peso que ele precisa carregar, mas não é algo ruim. Ele sabe que os outros querem vencê-lo, mas isso é do esporte, e ele encara com tranquilidade e alegria, sempre.

“Tenho muito amor pelo que faço, e esse fardo eu carrego com alegria. São cobranças diárias, mas a maior cobrança sempre vem de mim mesmo. Eu busco sempre brincar o máximo possível com os adversários, que são amigos fora da pista. Rivalidade é pra pista. O fardo é grande, mas é prazeroso. O desafio é grande, mas o final é gratificante”, concluiu.

*Matéria publicada na edição impressa de 08 de novembro de 2023.