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Paraíba em Paris

publicado: 26/08/2024 11h06, última modificação: 26/08/2024 11h59
Estado tem representantes no atletismo, bocha, taekwondo, futebol de cegos, judô e halterofilismo
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Fotos: Divulgação/CPB/CBDV | Montagem: Antônio Régis

por Camilla Barbosa*

A partir da próxima quarta-feira (28), Paris se torna o centro das atenções do mundo esportivo, com a abertura dos Jogos Paralímpicos. A competição, que se estende até 8 de setembro, reunirá cerca de 4.400 atletas, os quais disputarão em 22 modalidades dentro e ao redor da capital francesa. O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) convocou 280 representantes para competir em solo parisiense, dentre eles, 11 paraibanos.

A modalidade que mais rendeu condecorações olímpicas ao Brasil (170, divididas entre 48 de ouro, 70 de prata e 52 de bronze), é também a que terá mais participantes da Paraíba, desta vez serão quatro competindo em provas de atletismo.

Ariosvaldo Fernandes da Silva (o Parré), que é da classe T53 (compete em cadeira de rodas) vai para sua quarta participação consecutiva; Cícero Valdiran Lins Nobre, que compete na classe F57 (atletas com deficiência nos membros inferiores e que competem sentados) e foi bronze no lançamento de dardo nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020; Joeferson Marinho, (classe T12, atleta com baixa visão), que foi o mais recente destes paraibanos a se dedicar profissionalmente à modalidade, em 2016.

Fechando a lista, vem Petrúcio Ferreira, que busca o tricampeonato paralímpico na prova dos 100m da classe T47 (deficiência nos membros superiores). O velocista afirma que a ansiedade para viver mais uma experiência paralímpica supera a que sentiu antes da edição em que estreou (Rio 2016), na qual sagrou-se campeão nos 100m e foi prata nos 400m e no revezamento 4x100m.

“Esta será a minha terceira vez nos Jogos Paralímpicos e estou mais ansioso do que na primeira. Agora, eu já sou conhecido e sei como é a cobrança, mas cheguei aqui para me divertir e tentar conquistar mais um título para o nosso país”, afirmou ele à Agência Brasil. Além dos quatro velocistas, o técnico paraibano Pedro Almeida (Pedrinho) também integra a delegação brasileira.

Desde que o Futebol de Cegos foi incluído na competição, em Atenas 2004, os brasileiros não sabem o que é perder. A seleção pentacampeã deseja manter a hegemonia de maior detentora de títulos paralímpicos, e contará com os dois goleiros (únicos integrantes do elenco que tem visão total) da Paraíba. Luan de Lacerda, que vai buscar sua terceira medalha de ouro — foi campeão na Rio 2016 e em Tóquio 2020 — e Matheus da Costa, que estreou em Paralimpíadas com ouro, na última edição, serão os arqueiros.

“A emoção é a mesma que a de Tóquio. Participar de uma Paralimpíada é sempre especial, é o ápice do esporte no mundo, estava na expectativa e a emoção foi grande de poder ser convocado. E, tendo muitos atletas da Paraíba sendo convocados, isso só mostra o quanto o esporte tem crescido aqui, no estado”, comemorou o arqueiro de Campina Grande.
Um detalhe importante e que traz ainda mais orgulho para o estado é que a comissão técnica do time é composta inteiramente por paraibanos, com destaque para o treinador Fábio Vasconcelos e o chamador Júlio César (Cesinha).

A Seleção Brasileira de Goalball terá um integrante paraibano em seu elenco. Jogando na posição de ala, Emerson Ernesto, da classe B3 (deficientes visuais que conseguem definir imagens), chega a esta edição com um currículo que já cita, entre outras conquistas, a de um ouro em Tóquio 2020. Além do jogador, o treinador Jônatas Cunha é outro representante do estado.
“Eu tive a honra de trabalhar com o Emerson desde os 14 anos de idade. Juntos, fomos campeões brasileiros juvenil, representando a Paraíba e tive a honra de encontrá-lo na seleção. Ele foi destaque no último campeonato mundial, como pivô, que é uma função muito difícil. Então, a gente tem muita expectativa no desempenho dele e confia muito que, mesmo jovem, ele possa ser destaque também nas Paralimpíadas”, comentou o professor.

A bocha olímpica, a quarta modalidade mais vencedora do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos, com 11 medalhas (seis ouros, uma prata e quatro bronzes), contará com a atleta de Campina Grande, Laissa Guerreira, da classe BC4 (para atletas que têm deficiências severas, mas que não recebem assistência). A CPB também convocou sua mãe, Edna Maria, para a função de apoio.

O judô e o halterofilismo contarão com um representante da Paraíba cada: Wilians Araújo, multicampeão na categoria acima de 90 kg e detentor de uma medalha de prata na edição do Rio 2016, e Ailton de Andrade, categoria Até 80 kg, que vai em busca da primeira medalha olímpica, respectivamente.

No parataekwondo, Silvana Mayara Cardoso Fernandes vai em busca do primeiro ouro. Em sua estreia em Jogos Paralímpicos (Tóquio 2020), ela foi bronze na classe K44 (a única com disputa em Paralimpíadas, destinada a lutadores com coordenação e movimento afetados nos braços, ou ausência parcial dos mesmos), na Categoria Até 57 kg.

Retrospecto histórico

Como resultado de suas participações em Jogos Paralímpicos, o Brasil chega à França com 373 medalhas (109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes), conquistadas desde a segunda vez em que competiu, nos Jogos de Toronto 1976 (em sua estreia, nos Jogos em Heidelberg, quatro anos antes, e em Arnhem 1980, não houve brasileiros no pódio).

Rio 2016 e Tóquio 21 renderam, igualmente, 72 medalhas ao Brasil. Competindo em casa foram 14 ouros, 29 pratas e 29 bronzes; já na última edição paralímpica, foram 22 ouros, 20 pratas e 30 bronzes.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de agosto de 2024.