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Paraibana de 61 anos é número um no ranking nacional de triathlon

publicado: 15/05/2016 00h05, última modificação: 15/05/2016 15h44
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Paraibana alcançou a 10ª colocação no Campeonato Mundial de Triathlon, na Austrália, em 2009 - Foto: Divulgação

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Wellington Sérgio

O velho ditado popular, “filha de peixe, peixinho é”, faz parte da vida de Marina Palmeira Sobral de Azevedo Melo, que aos 8 anos de idade, juntamente com os seis irmãos, começou na natação no Esporte Clube Cabo Branco (ECCB), em Miramar. A influência veio do pai, Manoel Quinídio Sobral, que era sócio do vermelho e branco e participava de competições, desde quando morava em Patos e nadava nos açudes da região. Casada com Luiz Humberto de Azevedo Melo e mãe do casal Samir e Kalina, a paraibana de 61 anos é a número um do ranking nacional da Confederação Brasileira de Triathlon (CBT).

Vida saudável

Uma história de dedicação, paixão e amor pelos esportes - natação, ciclismo e corrida - para ter uma vida saudável e gostar do que faz, onde participa de competições locais, nacionais e internacionais. O primeiro pódio ocorreu aos 8 anos, ao ganhar a primeira medalha de ouro - categoria petiz - com uma prancha e batendo só as pernas. “Lembro como se fosse hoje a alegria e emoção que fiquei em receber a primeira medalha. Os familiares e amigos fizeram uma festa. Coloquei ao lado da minha cama”, observou. Incentivos não faltaram, desde do pai e do noivo, que acompanhavam nas disputas para segurar as medalhas que conquistou.

A dentista tem como ídolos, Maria Lenk, nadadora brasileira de Olimpíadas, Kay France, primeira sul-americana a atravessar o Canal da Mancha, além de Kaio Márcio - ambos paraibanos - que defenderá o Brasil nos 200m (borboleta) nas Olimpíadas do Rio de Janeiro/2016, no período de 5 a 21 de agosto. “Gerações que admiro e tenho um carinho especial pela qualidade de todos. Estou na torcida pelo Kaio que vai representar o País e a Paraíba na disputa internacional”, disse. Com mais de 50 anos na natação, Marina, começou a participar de maratonas aquáticas (5 mil metros) no ano passado. Ela só diminuiu os treinos quando estava na faculdade, mas participou dos Jogos Universitários, além de nadar até o oitavo mês de gravidez.

“Participei de um Brasileiro de Triathlon Olímpico e no outro dia disputei a Maratona Aquática. Graças a Deus ocorreu tudo bem e tive uma gravidez saudável”, avaliou. Entre as conquistas importantes na carreira a paraibana destacou a 10ª colocação no Campeonato Mundial de Triathlon, na Austrália (2009), oitava posição na Hungria (2010), além de ser a primeira no ranking brasileiro da modalidade, categoria 60 a 64 anos. A Federação de Esportes Aquáticos da Paraíba (FEAP) concedeu o troféu de melhor atleta feminino de maratonas aquáticas de 2015, além de ser convocada para o Mundial de Triathlon, em setembro do ano passado, em Cozumel, no México. Com relação ao segredo de participar das disputas, Marina passou “dicas” importantes para quem deseja conquistar títulos. Entre as prevenções estão, começar a praticar esporte desde criança, gostar do que faz, realizar exercícios diariamente, não beber e fumar, alimentação saudável, evitar os derivados do leite, dormir e acordar cedo, tomar banhos frios e evitar dormir com ar-condicionado.

“Muita dedicação e força de vontade para conseguir os objetivos. São hábitos e costumes que temos que levar a sério. A saúde agradece em todos os sentidos”, frisou.

Sem data para deixar 

Marina não tem previsão de abandonar o esporte e pretende continuar competindo. A meta é deixar de trabalhar aos 70 anos, onde exerce as atividades como dentista, funcionária municipal, além de ser aposentada pelo Estado. A atleta disse que fazer o que gosta é prazeroso, independente que vença ou perca a disputa. “Deixo a decisão para Deus. Enquanto tiver saúde, disposição e motivação estarei sempre nas competições representando a Paraíba”, comentou. Ela enfatizou que o idoso pode manter uma vida saudável praticando o esporte com acompanhamento médico, um educador físico competente e jamais extrapolar os seus limites.

“São recomendações importantes para os idosos praticarem esportes por muito tempo. Cada um tem seu limite para não fazer o que não pode”, observou. Com relação aos atletas paraibanos que deixam a terrinha para seguir a carreira em outro estado, Marina, disse que as causas são, incentivo, falta de patrocínios e principalmente valorização. “Perdemos atletas de ponta em todas as modalidades porque não existe uma estrutura capaz de garantir a permanência na Paraíba. Temos diversos exemplos, a começar de Kaio Márcio, que passou por vários clubes para ser reconhecido no País e no mundo”, frisou.

Sobre os conselhos para que o atleta tenha sucesso no esporte, Marina, enfatizou que vale a pena treinar duro, deixar as baladas, bebida, fumo e amar o que faz. “Vale o sacrifício para quem almeja conquistar títulos. O mais importante é o amor pelo esporte”, disse. Ela comentou que a FEAP valoriza e estimula o atleta a se superar cada vez mais, premiando os melhores do ano, diferente da Federação de Triathlon da Paraíba (FETRIP) que não incentiva os associados. “Trata-se de uma forma de valorizar e estimular os atletas de todas as idades e categorias da Paraíba”, observou.

Com relação aos filhos seguirem o caminho da mãe no esporte, a paraibana frisou que os dois nadam, porém, não querem saber de competições. “Pelo jeito não serão atletas. Quando os netos chegarem terei o maior prazer de incentivar para a natação”, avaliou. Marina gostaria de homenagear a professora de natação da Acqua R1, Valéria Jonson, que estimulou para participar das maratonas aquáticas, além de Gustavo Saraiva, o Guga (Estação Training), pelo apoio no triathlon.