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Série do Globoplay

Paraibano é lembrado

publicado: 14/10/2024 11h45, última modificação: 14/10/2024 11h45
Obra retrata em quatro episódios a trajetória de atletas brasileiros com deficiência

por Esmejoano Lincol*

Quais desafios encontramos no caminho “Da Inclusão ao Pódio”? Esse é o tema da série homônima, que estreou recentemente no catálogo do Globoplay, no embalo dos Jogos Paralímpicos de Paris em 2024. Produzida com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e com patrocínio da Toyota, a obra retrata, em quatro episódios, a trajetória, por vezes tortuosa, mas gratificante, de atletas brasileiros com deficiência. O judoca paraibano Wilians Araújo, que ganhou medalha de ouro na competição paralímpica deste ano, é um dos entrevistados. 

Wilians Araújo (judô), Carol Santiago (judô), Gabriel Lucas (parabadminton), Sandro Hirochi (halterofilismo), Alessandra Oliveira (natação) e Dayana Silva | Fotos: Divulgação/Globoplay

O primeiro episódio é dedicado aos pequenos: a série aborda as práticas desportivas como ferramentas de inserção e projeção para crianças com deficiência. Já o segundo capítulo trata do enfoque regional do esporte e a importância de sua universalização no território brasileiro. No penúltimo episódio, o foco está na cidadania como instrumento crucial para pessoas com deficiência (PcD) dentro e fora do desporto. O capítulo final retrata a preparação dos atletas paralímpicos nos meses anteriores às disputas em Paris.

André Bushatsky, o realizador, tem um currículo diverso — dos roteiros da animação “Peixonauta” à direção do documentário “A História do Homem Henry Sobel”, sobre o rabino lusoamericano, falecido em 2019. Essa multiplicidade de trabalhos vem do interesse do artista em conhecer e difundir novos temas. “Quando surgiu o convite para uma visita ao Comitê Paralímpico Brasileiro e, depois, a possibilidade de fazer uma série sobre o movimento paralímpico, abracei imediatamente a oportunidade. Era um tema sobre o qual eu definitivamente gostaria de falar”, ele rememora.

Para Bushatsky, a parte mais difícil do processo de pesquisa para “Da Inclusão ao Pódio” foi entender qual história contar diante dos muitos personagens entrevistados; segundo ele, todos os relatos foram igualmente surpreendentes e inspiradores. O diretor ainda assevera como figuras importantes na trajetória do produto Mizael Conrado e Yohansson Nascimento, ex-atletas paralímpícos e atuais presidente e vice-presidente do CPB. “Toda a equipe do Comitê foi de grande ajuda. Poderia fazer uma lista gigantesca aqui, mas todos eles são muito relevantes para o esporte paralímpico e para a sociedade brasileira”, pontua.

Os telespectadores que assistiam aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos pela TV aberta cobraram uma maior paridade na transmissão das duas competições: enquanto o primeiro evento teve amplo espaço na grade, foram poucas as horas dedicadas ao segundo segmento, dos atletas com deficiência. Ainda assim, a grande repercussão dos paratletas brasileiros em 2024 é celebrada por André Bushatsky. “Evoluímos bastante, mas precisamos fazer mais. O fato de termos conquistado o quinto lugar na classificação geral mostra o talento dos nossos atletas e cria mais mídia”, avalia o diretor.

Natural de Riachão do Poço, município da Zona da Mata paraibana, Wilians Araújo está radicado há quase três décadas no estado do Rio de Janeiro. Ele trouxe o ouro para o Brasil neste ano ao disputá-lo com Ion Basoc, da Moldávia, na categoria acima de 90 kg. A Paralimpíada de 2024  foi a quarta no currículo de Wilians; nos jogos do Rio, em 2016, ele ganhou a prata no segmento para atletas acima dos 100 kg. “Paris foi um sonho e eu ainda estou vivendo esse sonho. Almejava ser campeão paralímpico e sabia que teria totais condições de ser desta vez. Também estou feliz por proporcionar essa alegria para todos que me cercam e que torceram por mim”, ele revelou.

Comentando sua participação em “Da Inclusão ao Pódio”, Wilians diz que estar presente nesse projeto foi um reconhecimento de todo esse trabalho, desenvolvido ao longo de 16 anos. “O esporte é o maior meio de inclusão social que temos. Ainda que nem todas as pessoas com deficiência tenham aptidão para competir, é importante que todos conheçam o que fazemos. Às vezes as pessoas valorizam demais o campeão que traz a medalha, mas o mais importante é ser campeão na vida”, finalizou Wilians.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de outubro de 2024.