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Pesquisadora analisa como a publicidade incita a conexão

publicado: 06/08/2019 12h35, última modificação: 06/08/2019 12h35
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- Foto: - Divulgação

por Guilherme Cabral

Resultado da pesquisa de Camila Mozzini-Alister será lançado nesta quinta-feira, na Academia Paraibana de Letras


A noção de que todo mundo tem que estar conectado gera duas categorias: desconectados e conectados. Portanto, a ideia de igualdade e universalidade dos discursos publicitários não reproduz o que sugere. Essa é uma das conclusões a que chegou a pesquisadora gaúcha Camila Mozzini-Alister durante um trabalho para o mestrado que lhe consumiu nove anos de investigação e que resultou no livro intitulado Impressões de um Corpo Conectado: como a publicidade está nos incitando a conexão digital. A obra - a primeira solo que a autora assina - é publicada pela Appris Editora (PR), tem 199 páginas, custa R$ 49 e será lançado nesta quinta-feira (8), a partir das 17h30, na sede da Academia Paraibana de Letras, localizada na cidade de João Pessoa, dentro da programação do Pôr do Sol Literário, promovido pela Confraria Sol das Letras, em parceria com a própria APL. A escritora faz uma análise do discurso de peças publicitárias com o intuito de procurar entender como as pessoas estão sendo incitadas a viver no ambiente digital. No entanto, o livro já pode ser adquirido tanto no site da Appris Editora (www.editoraappris. com.br) quanto nos demais das livrarias do país em formato impresso e e-book.

“Minha posição é crítica e não é a de ser contra a internet. Quero mostrar que a internet cria novos problemas que precisam ser tratados diante da compreensão da vida. O que é ruim é tornar, considerar inserido e levar a se sentir que está presente no mundo somente quem estiver conectado. A tecnologia não é fruto de um progresso tecnológico, as pessoas, de fato, estão sendo instigadas a estar online. Estar desconectado é uma possível escolha e, apesar dessa escolha, essas pessoas não deixam de ser felizes”, disse para o Jornal A União a autora, Camila Mozzini-Allister, que também é jornalista e estudiosa das redes sociais e já lançou o livro em São Paulo e em Porto Alegre. “Os avanços da tecnologia e da internet mudaram não apenas a maneira como as pessoas se inserem no mundo e o enxergam, mas também como os produtos e serviços são consumidos e como a publicidade impacta o público”, acrescentou ela.

Camila Mozzini comentou que passou a se sentir “incomodada” com o comportamento das pessoas que estavam ligadas na internet. Diante de tal situação, ela decidiu procurar entender como a conexão digital se tornou algo imprescindível ao viver neste mundo globalizado. Instigada, a pesquisadora começou a coletar publicidades ao acaso e a fazer análise do discurso das peças. Ela disse que se colocou no lugar do público impactado para saber como o fenômeno comportamental acontece no intuito de responder as seguintes perguntas: como as pessoas estão sendo instigadas a estarem conectadas todo o tempo e como estamos sendo incitados, por meio da publicidade, a constituir uma vida melhor vivida por meio da conexão digital?

“Eu me deixei impactar pelas propagandas em vídeo, embalagens de produtos e anúncios que me cercavam. Percebi que algumas características se repetiam. De maneira sutil, as mensagens de que estar conectado nos remetem aos ideais de igualdade, felicidade e universalidade são propagados pela publicidade”, comentou Camila. Para alcançar seu intento, a autora aborda três frentes de análise para compreender tal questão: as redes digitais enquanto um local de produção de verdade, o compartilhamento em rede como uma estratégia de universalização da conexão digital e a universalidade das redes como um modo de subjetivação contemporâneo.

Camila-Mozzini-Alister.jpgSobre a autora

Camila Mozzini-Alister é doutora em Comunicação (UERJ) e, também, em Artes: Produção e Investigação (UPV, Espanha), mestra em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) e graduada em Comunicação – habilitação Jornalismo (UFRGS). Ela atuou nas áreas de telejornalismo, marketing digital, performance artística, dança contemporânea, educação social, arte-educação e meditação. Ao longo de sua trajetória, buscou aliar esses diversos campos de saberes e práticas para, de forma minuciosa, investigar os efeitos e afetos das práticas de mediação em redes sociais no e sobre o corpo.

 

*publicado originalmente na edição impressa de 06 de agosto de 2019.