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Projeto comunitário incentiva crianças que sonham com profissão no futebol

publicado: 02/10/2016 00h05, última modificação: 01/10/2016 11h02
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Atletas de 7 a 15 anos são treinados pelos ex-jogadores e hoje treinadores, Jean e Maia - Foto: Marcos Russo

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Rachel Almeida - Especial para A União

Muitos jovens sonham e planejam ter um bom futuro, mas alguns deles por viverem em ambientes que limitam essas perspectivas acabam não conseguindo realizá-los da forma que gostariam. Como uma maneira de mudar a história de crianças e adolescentes do bairro de Mandacaru, os ex-jogadores de futebol Jean e Maia criaram, há oito anos, o Projeto JM, que atualmente conta com 140 alunos, de sete a quinze anos. O intuito desse trabalho não é apenas formar atletas, mas também cidadãos melhores no futuro. Os fundadores ministram aulas de futebol nas terças e quintas, das 8h às 10h, pela manhã, e das 14h às 16h, à tarde, no bairro.

O trabalho é fruto de uma amizade de 30 anos entre os fundadores, que se conheceram na infância quando jogavam futebol juntos no bairro de Mandacaru. Jean Carlos da Silva, um dos idealizadores, comentou um pouco de sua trajetória no futebol, que teve total influência para que o projeto fosse iniciado. Ele disse que começou a jogar na Ponte Preta com Maia, tendo a oportunidade de serem transferidos para o Auto Esporte. A separação aconteceu quando Jean foi para o Botafogo e Maia para o Náutico de Recife, mas de acordo com Jean, o sonho de iniciar o trabalho com as crianças e adolescentes permanecia em seus planos.

“ Eu e Maia sempre tínhamos esse sonho, mas como a gente estava jogando e não tinha tempo de acompanhar os garotos de perto, além de ainda não ter ninguém de confiança para cuidar deles, a gente preferiu adiar um pouco. Depois de seis anos eu me reencontrei com Maia no Mogi Mirim e no Joinville, e então discutimos sobre o assunto, decidindo só colocar esse plano para frente quando parássemos de jogar. Logo após ter uma grave lesão no joelho e Maia decidir não jogar mais, começamos a jornada que dura até hoje”, disse o ex-jogador Jean.

O trabalho com os adolescentes vai além do campo, pois para treinar é necessário que os alunos estejam estudando, que estejam acompanhados de um responsável e que preencham uma ficha com alguns dados, como: telefone, endereço, a escola onde estuda. Isso faz com que Jean e Maia, juntamente com a comissão técnica, possam acompanhar o andamento escolar deles, além de aconselhar e orientar. Severino de Ramos Maia, um dos coordenadores, disse que as pessoas da comissão técnica trabalham voluntariamente, e que muitos deles são pais dos estudantes, pessoas que apoiam o projeto e os próprios alunos, tendo um total de seis pessoas.

”Ter a possibilidade de jogar profissionalmente nos incentivou a querer ajudar esses adolescentes através do que a gente tanto gosta, porque o esporte muda quadros de vida. Queremos tirar essa juventude das ruas, tentar mostrar para eles que eles podem ser bons cidadãos, fugindo das drogas e sem fazer coisas erradas”, relatou.

O projeto também proporciona a participação de meninas nos treinos, além de dar para alguns a oportunidade de jogar em grandes clubes, como é o caso do filho da dona de casa Rosa Maria de Nascimento, mãe de dois meninos e de uma das meninas. Ela comentou que traz as crianças à tarde, pois eles estudam pela manhã, e que ela se sente muito feliz com o projeto, pois os professores dão muita assistência e cuidado. “Um dos meus filhos começou aqui e agora está treinando no Sport de Recife, mas está sempre visitando os professores, praticando o que eles ensinam, que é respeitar os mais velhos, os pais, colegas de trabalho e ser bom na escola”, disse.

Sonho de ser jogador profissional

Um dos sonhos de alguns alunos é ser um jogador profissional dentro e fora do Brasil, e com Luiz Gustavo, um dos alunos, não é diferente. Ele disse que o grande sonho dele é jogar na Seleção Brasileira e chegar à Europa. Luiz comentou que o projeto mudou totalmente a vida dele, afirmando que Jean, Maia e a comissão técnica sempre o apoiam muito, tanto no esporte e nos estudos, quanto aconselhando a se desviar de situações que possam prejudicá-lo. “ Eu me sinto muito feliz em estar aqui, pois sempre nos incentivam a estudar e chegar lá em cima, como jogadores e estudantes”, finalizou.

O presidente do Auto Esporte da Paraíba, Watteau Rodrigues, elogiou o Projeto JM enfatizando que projetos como o dos ex- jogadores Jean e Maia são extremamente importantes, pois além de ter a questão da capacitação, os atletas são profissionais que carregam grande experiência no esporte e que não formam atletas e sim pessoas. O esporte pode mudar a vida de muitos jovens e com relação ao Projeto JM, levar para os alunos um aprendizado que vai além da prática do futebol, e sim da cidadania faz com que esse seja um trabalho diferenciado.

“Aprender futebol, seja pelas peladas de bairro ou escolinhas, todo mundo consegue fazer, agora o difícil é você passar toda uma experiência de vida e uma vivência de ex-atleta com o sucesso, mas também com as barreiras, dificuldades e superações. E isso eles dois têm de sobra”, comentou.

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