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Patins nas veias

Rafael Santana vence campeonato em nível nacional

publicado: 01/02/2024 09h07, última modificação: 01/02/2024 09h07

por João Thiago*

Quando um bebê nasce, geralmente ganha uma bola de presente. O objeto acaba sendo o primeiro referencial de esporte para aquela criança. No caso do Rafael Santana as coisas foram diferentes. Ao invés de bola, ele ganhou patins, e com pouco mais de seis anos já estava patinando por aí.

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Patins sempre foi o esporte preferido de Rafael Santana, que participou de competições em vários estados do país - Foto: Arquivo pessoal

“Simplesmente coloquei no pé e saí andando, não sei muito como explicar. Foi muito instintivo. Foi o primeiro esporte da minha infância. Fiquei um bom tempo andando, mas aí eu acabei migrando para a bicicleta e só voltei aos patins sete anos depois, quando me mudei para João Pessoa”, revelou o patinador, que venceu na categoria patins street a primeira edição do Mix Extreme, que aconteceu em João Pessoa no último final de semana.

Além de vencer no street, que é aquela pista que imita as ruas da cidade e exige destreza e disciplina do patinador enquanto pratica acrobacias e movimentos, no Mix Extreme ele ainda se destacou na categoria jump freestyle, quando os patinadores saltam sobre uma barra, em uma modalidade parecida com o salto em altura, do atletismo. Rafael ganhou a prata e bateu seu recorde pessoal de saltar a altura de 1,40m.

Rafael compete desde 2017 e em 2018 foi campeão brasileiro geral da categoria iniciante. Desde então vem participando de campeonatos por todo o Nordeste e por todo o Brasil. O torneio teve participações de representantes de 12 estados, que vieram a João Pessoa competir no skate e nos patins.

Pandemia travou rodinhas

A cidade não recebia um campeonato dessas duas modalidades há, pelo menos, seis anos. A pandemia foi a grande inimiga dos praticantes dos esportes radicais, lembra Osvaldo José, um dos mais tradicionais patinadores da capital paraibana.

“Foi o pior período para nós dos patins. Eu ando há 28 anos, e só tinha ficado parado antes por conta de lesão, e, mesmo assim, apenas alguns meses. Na pandemia foram dois anos sem patinar. Estou voltando agora. A gente fazia um ou dois eventos por ano. Estamos sem fazer de 2018 pra cá. Com a pandemia todo mundo ficou morto. A primeira área afetada foram os eventos. Várias vezes eu fui treinar de patins e fui expulso da pista pela polícia por conta dos decretos”, lembra o patinador.

Seis anos sem competições relevantes na cidade fizeram com que a cena ficasse mais fraca. Trazer o Mix Extreme foi um jeito de fazer com que os patins voltassem à vida. “Agora nós estamos com uma cena forte. temos patinadores praticando na orla da praia, nas praças, tem patins até pra alugar. Muita gente aderindo ao esporte como prática, hobbie, e daí para migrar para o esporte é rápido. ter campeonatos acontecendo aqui novamente é o primeiro passo para fortalecermos ainda mais essa base”, explica o veterano.

Cinco patinadores

Osvaldo José lembra que veio morar em João Pessoa em 2008, justamente por conta da pista do Skate Plaza Manaíra. “Eu vim morar do lado do Plaza. Eu trabalhava do lado também. A gente abriu uma loja e começou a vender os primeiros patins na cidade. Isso em 2008. Tinha cinco patinadores em João Pessoa nessa época. A gente andava no Plaza e na calçadinha. Não a calçadinha como a gente tem hoje, reformada, mas toda quebrada, esburacada, com aqueles azulejos trincados. Nós começamos essa cena que existe hoje”, lembra.

O atleta já foi vice-campeão brasileiro de street em 2018, e tem uma longa história nos patins. Hoje, aos 37 anos, quer deixar, mais que uma história, um legado para as novas gerações do patins na cidade. “Eu já tenho 28 anos de patins. Já estou quase com 40. As novas gerações é que vão brilhar. A gente tá elevando os patins de novo em João Pessoa. É um grande momento para patinar aqui na cidade”, diz.

Ele ainda destaca que João Pessoa poderia ter mais patinadores, se o esporte fosse mais acessível. “Temos poucos, mas bons patinadores. As novas gerações estão chegando com tudo. O esporte ainda é muito caro. Se tivéssemos mais recursos poderíamos ter mais talentos brilhando por aqui, mas o importante é que estamos reabrindo esse caminho e ainda vamos ver muitos dos nossos atletas brilhando por aí”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 01 de fevereiro de 2024.