Se atuando fora de casa nas últimas três Paralimpíadas (Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012) a Seleção de Futebol de 5 já se apossou do lugar mais alto do pódio, imagine na Rio 2016. Impossível escapar do rótulo de time a ser batido, na busca pelo tetra. A equipe lida com os aspectos positivos e negativos deste favoritismo para a estreia contra o Marrocos, hoje, a partir das 9h, no Parque Olímpico da Barra e com a presença dos atletas paraibanos Luan Lacerda, Damião Robson e Marquinhos, além dos técnicos Fábio Luiz e Josinaldo Costa.
Além da hegemonia, o Brasil ainda chega como atual campeão mundial, após o título conquistado diante da Argentina em Tóquio, dois anos atrás. O brilho das medalhas traz também a força da experiência para muitos dos jogadores, que estiveram presentes em várias das conquistas do País na modalidade. Jefinho, eleito melhor jogador do mundo em 2010, encara o favoritismo com naturalidade e confiança.
“Favoritismo não nos atrapalha, pelo contrário, nos ajuda. A gente entra com mais tranquilidade. Os adversários sabem que a gente vem ganhando, então eles já entram pressionados. E a experiência que a gente tem é importante para saber o que fazer em momentos decisivos. Temos qualidade para botar nosso melhor futebol dentro de quadra”, disse o pivô.
Outro que avalia que todos vão respeitar o Brasil é o ala Ricardinho. Eleito melhor jogador do último mundial no Japão, ele sabe que esses títulos e medalhas simbolizam o porquê de todos enxergarem o time como o mais forte da competição logo de cara.
“Nós, atletas, temos que entender que só é cobrada a equipe que pode corresponder. Felizmente temos essa cobrança, ruim seria se a gente não tivesse. Temos que saber lidar com isso, e esse favoritismo fica fora de quadra, não ganha jogo. Já temos pensado assim há alguns anos e tem dado certo”, comentou.
No Grupo A, além de Marrocos, a seleção terá pela frente ainda a Turquia (11.08) e o Irã (13.08) no caminho rumo às semifinais. No Grupo B estão Espanha, China, México e a cabeça de chave Argentina, que treinou logo antes do Brasil na manhã desta quarta-feira, na quadra 1 do Centro.
O favoritismo traz admiração dos adversários, mas também faz com que o Brasil seja o alvo de todos, mesmo em casa. O técnico da equipe, o paraibano Fábio Vasconcelos, se preocupa com isso, e trabalha para que o status não atrapalhe a cabeça dos jogadores, de modo que evite o chamado “salto alto”.
“Tem gente que já fala em final, isso não existe. Primeiro tem o Marrocos, depois a Turquia e o Irã para ver se a gente se classifica para a semifinal. Temos que nos blindar de toda a euforia que vem do lado de fora”, afirmou o treinador, que explicou ainda como faz para trabalhar o fator psicológico.
“Muitas vezes eu chego no vestiário, antes do treino e a cada duas sessões de atividades, eu converso com os atletas para mostrar que vai ter imprensa, a gente vai ter que dar entrevistas toda hora. Tem o “bam bam bam” de “já ganhou”, gente falando em quatro ouros. A imprensa é importante para divulgar o esporte, é um legado que fica, mas a gente não pode levar ela para dentro de campo. Temos que estar preparados, focados e com mais vontade, pois os jogos vão ser decididos nos detalhes”, contou Fábio.