Dois paraibanos foram destaque no CBSURF Maracaípe de Surf Adaptado, primeira seletiva do brasileiro de parasurf que aconteceu no último final de semana na praia de Maracaípe, litoral sul de Pernambuco. Tiana Dantas, ficou em primeiro na categoria S1 e garantiu vaga para o mundial da modalidade que acontece em dezembro na Califórnia. Genilson Lima assegurou o segundo lugar no pódio na categoria PS Prone 2.
“Muito alegre, muito feliz, muito grata. Estou super animada, é como um sonho sendo realizado”, comemorou a surfista que teve os movimentos do braço direito limitados em decorrência de uma mastectomia para a retirada de um câncer de mama. “Foi minha primeira grande competição no surfe e estou muito feliz com a conquista”. Primeira grande porque houve outras competições disputadas pela entrevistada, que surfa desde os 13 anos. “Tem tempo, né?! Na época só tinha eu no surfe feminino de prancha de pé, e eu competia com os meninos”, lembra.
Tiana, hoje com 50 anos, chegou a ser convidada por um patrocinador para morar no Rio de Janeiro e lá desenvolver ainda mais a prática, mas por ser muito jovem a mãe não deixou. “Hoje eu entendo porque sou mãe, mas na época fiquei bem triste, chateada, pra baixo mesmo”. O casamento e a chegada dos filhos a afastou do mar, retornando em 2016. “Foi quando recebi o diagnóstico e tive que parar novamente. Passei 2017 todo em tratamento”. Cinco anos depois, recuperada e cheia de energia, Tiana pretende agora superar o obstáculo da falta de patrocínio. “Correr atrás das marcas, já que o tema da inclusão está sempre na mídia até porque acabou aquela época onde o deficiente físico ficava em casa, hoje é o contrário, é resgate”.
Para Genilson Lima, que roda nas cadeiras desde os 19 anos quando sofreu um acidente que o deixou tetraplégico, deslizar nas ondas é sinônimo de felicidade. “Agora é água, muito surfe, muita onda”. Em uma rede social ele comemorou o feito e agradeceu. “Deus, gratidão pela bela equipe que me conduziu no meu primeiro campeonato”. O segundo lugar no brasileiro de Surf Adaptado, na verdade, já tem familiaridade com o mar, Genilson é responsável pelo projeto Acesso Cidadão, que promove banho de mar e atividades físicas adaptadas para pessoas com deficiência.
Já em relação à prática do surf, iniciada há apenas 17 dias, Genilson diz que já sabe onde quer chegar e garante que vai seguir firme. “Eu pretendo ser campeão mundial, vou atrás desse sonho. Já sou o segundo do Brasil na minha categoria e agora quero treinar muito, botar pra descer e conquistar o mundial”.
O resultado dos paraibanos em Pernambuco foi comemorado pelo presidente da Federação Paraibana de Surf, Carlos Gilberto. “Muito legal, ficamos muito felizes com os resultados. Tiana tem chance real de medalha no mundial e Genilson começou há pouco tempo e a gente percebe que tem muito a crescer também”. Carlos aproveitou para adiantar um projeto que deve ser implementado já no próximo ano. “Queremos implementar em nossos campeonatos o parasufe, assim teremos eventos mais completos e inclusivos”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de setembro de 2022.