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Surto de Esporotricose preocupa donos de animais de estimação

publicado: 20/04/2018 00h05, última modificação: 20/04/2018 00h51
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Para evitar contaminação, é aconselhável isolar o gato infectado do contato com outros animais - Foto: Evandro Pereira

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José Alves

Donos de animais de estimação, principalmente de gatos, estão preocupados com o surto de esporotricose em João Pessoa. Segundo a médica veterinária do Centro do Controle de Zoonoses da capital, Valéria Rocha Cavalcanti, nos três primeiros meses deste ano o número de gatos avaliados com diagnóstico da doença foi superior ao número de animais avaliados no ano passado. "A esporotricose, popularmente conhecida como a doença do jardineiro, é transmitida através de um fungo que atinge mais os gatos do que os cães, e também pode afetar os humanos", informou.

Em João Pessoa, segundo informações de Valéria Cavalcanti, já foi constatada a infecção por esporotricose em pelo menos duas pessoas protetoras de animais, mas elas estão em tratamento. Nos humanos, os sintomas da doença aparecem com um pequeno nódulo de cor vermelha que pode aparecer no dedo do pé, mão ou braço, onde o fungo penetrou. O tratamento é feito com especialistas em doenças de pele.

A veterinária disse que o surto maior dessa doença está acontecendo na Zona Sul da cidade, mais precisamente nos bairros do Geisel, Mangabeira e Bancários. São desses bairros que mais animais estão sendo levados pelos seus donos para serem avaliados no Centro de Zoonoses. "No caso de suspeita, os animais devem ser levados imediatamente para clínicas veterinárias", alertou Valéria Cavalcanti.

Porta de entrada

Como o fungo que transmite a doença está constantemente em ambientes abertos, como jardins e quintais, a esporotricose pode ser transmitida através de ferimentos já abertos nos animais, gatos em sua maioria, através de mordeduras ou arranhões. Caso o animal não seja tratado, o focinho dele vai sendo corroído até cair totalmente.

A doença surgiu primeiramente no Rio de Janeiro, na década de 90. Nos gatos, as manifestações clínicas da esporotricose são variadas. Os sinais mais observados são as lesões ulceradas na pele, ou seja, feridas profundas, que não cicatrizam e costumam evoluir rapidamente. A doença está incluída no grupo das micoses subcutâneas.

O fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Animais contaminados, em especial os gatos, também transmitem a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada.

É possível que um gato doente contamine outros animais que convivem no mesmo ambiente. Por isso é aconselhável isolar o gato do contato com outros animais, separando-o num ambiente próprio, para que receba os cuidados de que necessita sem comprometer a saúde dos outros bichos da casa. Em caso de morte do animal com esporotricose, é essencial que o corpo seja cremado, e não enterrado. Isso porque a micose pode se espalhar pelo solo, espalhando a doença entre outros animais.

Para evitar a transmissão, se faz necessário uma boa higienização do ambiente, que ajuda na redução de fungos dispersos e, assim, novas contaminações. É também importante não manusear demais o animal infectado e, se for, a pessoa deve usar luvas e lavar bem as mãos.

Os casos suspeitos de esporotricose podem ser avaliados no Centro de Zoonoses do município, situado na rua principal do bairro dos Bancários, mas o tratamento tem que ser feito em clínicas veterinárias.

O tratamento recomendado, na maioria dos casos humanos e animais, é o antifúngico itraconazol, que deve ser receitado por médico ou veterinário. A dose a ser administrada deve ser avaliada por esses profissionais, de acordo com a gravidade da doença. O tratamento pode durar meses ou mais de um ano e é muito importante que seja seguido à risca.

Algumas pessoas indagadas sobre essa doença no bairro de Mangabeira disseram desconhecer a esporotricose. Só o morador Manoel Pereira, que estava no mercado do bairro, afirmou que a esporotricose é uma doença que contamina mais os gatos do que os cães. "Tenho um gato em casa, mas ele é criado com muito cuidado e amor" disse Pereira.