por Fabiano Sousa*
Na data que simboliza o Dia Internacional da Mulher, o Centro de Treinamentos Ivan Tomaz, em João Pessoa, foi palco, ontem, da realização do Troféu 8 de Março. O torneio, que reuniu cerca de 150 atletas com idade a partir de 12 anos, contou com a participação de seis equipes de futebol feminino.
Para a organização do torneio, o objetivo não foi apenas de lembrar a data simbólica em alusão ao dia das mulheres, mas como também inserir oportunidade e ao mesmo tempo uma luta por igualdade de gênero no futebol de João Pessoa.
“O dia 8 de março é um dia muito importante para as mulheres. Esse é um torneio que hoje, em especial, coloca a competitividade em segundo plano como uma forma de homenagear e fomentar o futebol feminino em nosso estado. No futebol, assim como em outros segmentos da sociedade, não há mais espaço para a segregação por gênero. É preciso transformar o discurso por igualdade em prática, para que as mulheres garantam cada dia mais o seu merecido reconhecimento na sociedade”, comentou Marcos Lima, organizador do torneio.
Entre as 250 atletas que participaram do torneio, esteve Grizanda Gomes, jogadora de 21 anos do Unidos do Colinas II. Ela admite ainda enfrentar preconceitos, enquanto mulher, mas também se diz determinada a buscar seus objetivos.
“Enfrentamos lutas diárias para conseguir nosso lugar e reconhecimento não apenas no futebol, mas como em outros segmentos da sociedade, confesso que também ainda somos vítimas de preconceitos. Em se tratando de futebol, queremos mostrar o nosso talento, porque somos designadas, não podemos apenas ser lembradas no dia 8 de março. Somos guerreiras, emponderadas, e isso é que nos torna fortes para continuar lutando por nossos objetivos”, pontuou Grizanda.
O torneio contou com o apoio da Secretaria Municipal da Juventude Esporte e Recreação (SEJER) de João Pessoa e da União Brasileira de Mulheres - UBN - PB. Para Juliana Dantas, presidente da UNB-PB, o evento reforça a ideia de inclusão e novas conquistas para as mulheres.
“Temos em nossa sociedade o que chamamos de machismo estrutural. Muitas das mulheres foram educadas para acreditar que somos aptas e limitadas a determinadas situações domésticas. Todas as atividades devem ser divididas igualitariamente. O dia de hoje representa uma data para reconhecimento e lutas por novas conquistas. Foi bonito ter observado as meninas ocupando um espaço num esporte que é majoritariamente masculino. O nosso papel enquanto defensora de uma classe social é apoiar as lutas pela por conquistas em outros segmentos” disse.
Passado a realização do torneio, a primeira promessa pela conquista do espaço no futebol feminino foi prometida por Kaio Márcio, secretário da Sejer - João Pessoa. A ideia é incluir a modalidade feminina na Copa João Pessoa de Futebol, deste ano.
“Com esse torneio estamos plantando uma semente para que o futebol feminino evolua tecnicamente e possa possibilitar oportunidades. A Copa João Pessoa de Futebol, antes disputada apenas no masculino, a partir deste ano, vai contar com a participação do futebol feminino. Entendemos que dessa forma estaremos dando um passo na contribuição para a igualdade de gênero nesse esporte. Mas é preciso buscar sempre o direito das mulheres, seja ele em qualquer segmento da sociedade”, pontuou.
“O 8 de março deve ser lembrado sempre. Que dia após dia as restrições impostas pela sociedade não possam desencorajá-las a desenvolver ações positivas por conquistas, mesmo ainda sendo vítimas de preconceitos”, concluiu. No Brasil, segundo o último levantamento da Fifa, antes da pandemia do coronavírus, o registro é de apenas 15 mil jogadoras atuando de forma organizada, um número baixo se comparado aos EUA que tem mais de 9 milhões praticando o futebol.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de março de 2022