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Vestir-se bem e gastar pouco é a proposta dos brechós

publicado: 18/02/2018 00h05, última modificação: 18/02/2018 11h04
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Nesses estabelecimentos a variedade de peças é o que mais encanta: roupas de criança, peças vintage, vestidos de festa - Foto: Evandro Pereira

tags: brechós , economia , vestimenta , moda , estilistas


Sara Gomes

Especial para A União

Em meio à crise econômica, os brechós são uma boa alternativa para quem procura roupas de qualidade a preços acessíveis. Nesses estabelecimentos, a variedade de peças é o que mais encanta: roupas de criança, peças vintage, vestidos de festa, cadeira de bebê para automóvel, jaqueta de couro e acessórios. Os preços variam de R$ 10,00 a R$ 200,00. Em João Pessoa existem alguns tipos de brechós: os tradicionais encontram-se roupas para uso cotidiano com um valor mais barato que em lojas de departamento; os personalizados são àqueles que oferecem consultoria de moda; e os brechós online, são grupos de venda e troca de produtos organizados em redes sociais.

Cada vez mais as roupas usadas deixaram de ser sinônimo de velharia, afinal, uma peça sustentável só precisa de uma customização diferenciada. Assim, consumo consciente e economia compartilhada aumentam os valores, disseminados na cultura do brechó. Para incentivar a reeducação dos hábitos de consumo, Adriana Guimarães, sócia de um brechó localizado no Bairro de Manaíra, explicou que a empresa adotou uma medida quanto à forma de pagamento “Nossas vendas são à vista ou débito para que o cliente evite a compulsão de comprar, pois, parcelar no cartão de crédito facilita o consumo exacerbado. É preciso consumir de acordo com sua necessidade”, ressaltou ela.

Um exemplo de brechó personalizado é o que pertence ao figurinista, empresário e produtor de moda Fábio Rodrigues. Segundo ele, o perfil dos clientes que frequentam seu estabelecimento, localizado na Praça do Pavilhão do Chá, no centro da cidade de João Pessoa, são pessoas que buscam exclusividade nas peças, pois querem expressar sua identidade nas roupas. “Nosso conceito é vestir às pessoas com atitude e personalidade, afinal moda não tem gênero. Tenho clientes homens que vestem saia, legue, porque se sentem bem assim. O brechó não segue tendências, vai muito de seu gosto pessoal”, afirmou ele. Quem também compartilha desse pensamento é Rozineide Santos, cliente há quatro anos de um brechó localizado em Jaguaribe, segundo ela, veste-se de acordo com sua personalidade, “O segredo é utilizar a roupa adequada no momento certo. Sou motorista particular e tenho que usar roupas nesse padrão”, explicou a cliente.

Estilista com foco na moda

Com foco na moda vintage e figurino, há 13 anos, esse espaço representa o talento e autenticidade deste visionário. Originado de um garimpo constante de roupas, há cerca de 10 mil peças em seu acervo, resgatadas em diversas cidades tanto do Brasil quanto em países do Mercosul. Além disso, o brechó possui uma decoração peculiar com brinquedos que remetem à cultura pop - muito deles, elementos dos anos 1980 e 1990 - o que provoca no consumidor uma sensação de nostalgia e charme ao local. Ao ser questionado sobre suas referências e como se encontrou no universo da moda, o produtor de moda define suas inspirações como um estudo orgânico, inerente à sua identidade, “É um estudo antropológico, quando você está em outra cidade garimpando [triagem de roupas], absorvemos a história daquele lugar, as manifestações do comportamento humano, então, avalio como posso reverter isso para o meu público”, enfatizou ele.

Fazer um trabalho de consultoria personalizada é o objetivo desse brechó. Vesti-los com atitude, percebendo as limitações do cliente mediante a ditadura da moda é o valor que move esse trabalho. Assim, a roupa encontra você. Você está ali por acaso.

Brechós online

Boa parte do tempo as pessoas estão online, logo nada mais natural que consumir serviços e produtos nesse espaço. A logística do brechó online é diferente, existem critérios na política para garantir que a venda seja efetivada da melhor maneira possível. Não é permitido trocar nem provar peças e dúvidas por mensagem privada. Apesar das restrições, as empresas se disponibilizam para esclarecer dúvidas com o máximo de precisão nas informações para que o cliente sinta-se seguro em finalizar a compra, “Tiramos dúvidas sobre metragem, tamanho, tecido, pois, tudo é feito na base do comprometimento e confiança da empresa com o cliente”, explicou Mariana Costa, consumidora e proprietária do brechó Fcksbazar.

Além disso, manter um espaço físico demanda tempo, estrutura e custo financeiro, tendo em vista que muitos proprietários gerenciam seu negócio como uma fonte de renda paralela. A doutoranda Mayara Dantas, proprietária de um brechó online está nesse contexto “Compramos peças de vários estados do Nordeste, gastamos com limpeza, manutenção e embalagens. Apesar desse custo não se comparar a um brechó físico, há um valor agregado que não é financeiro, garimpar peças de qualidade, estar antenado à moda e esclarecer dúvidas dos clientes exige tempo” enfatizou a proprietária, natural de Campina Grande.

Consignação

O brechó Jardim das Margaridas trabalha com peças em consignação. Quem tiver interesse pode levar no mínimo dez peças para que as sócias avaliem os critérios estabelecidos pela empresa, entre eles, o padrão de qualidade, a rotatividade das roupas e se atende ao perfil das clientes.

Economia compartilhada

A economia compartilhada, além de disseminar o consumo consciente, incentiva parcerias com empresas de beleza e consultorias de moda. Desse modo, apresentar seu trabalho em pequenos eventos tem sido o futuro desse mercado, cada vez mais em ascensão.

Redes sociais

Os brechós citados afirmam que as redes sociais potencializam às vendas, entretanto a loja física continua sendo a porta de entrada, a divulgação online é apenas a vitrine.

Doação de Roupas

O brechó Fábio Rodrigues entende que circulação de peças é a proposta de brechós, se uma roupa está sem utilidade há algum tempo doam-se para instituições sociais de João Pessoa.