por Lucilene Meireles*
As aulas presenciais na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) serão retomadas na próxima segunda-feira (21), dois anos após a suspensão das atividades na instituição por causa da pandemia de Covid-19. A volta acontece um mês após o início do semestre letivo 2021.2, que começou com aulas on-line e híbridas (no caso de alunos que fazem internato e estágio, por exemplo).
Alguns setores reclamam que a decisão sobre o retorno acontece de forma unilateral, sem diálogo. O argumento é que serão mais de 26 mil pessoas circulando ao mesmo tempo na instituição, o que pode levar a um aumento no número de casos da Covid-19 e de mortes pela doença.
Marcelino Rodrigues, coordenador de Finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (Sintespb), afirma que a entidade nunca foi contra o retorno, mas reclama que não há conversa por parte do reitor Valdiney Gouveia. “Falta diálogo com as entidades. Sugerimos uma proposta de biossegurança, mas foi descumprida”, -se.
O protocolo de segurança, segundo ele, foi documentado e encaminhado à Comissão de Biossegurança. Entre as exigências está o “passaporte da vacina” e o fornecimento de máscaras e álcool gel pela UFPB. Além disso, conforme enumerou Marcelino, há setores que não têm ventilação adequada.
O sindicalista, que também é coordenador-geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), emendou que a instituição tem mais de 300 setores, e seria impossível ao reitor definir o que poderia funcionar com segurança. “Por isso, foram criadas comissões, mas ele as desconsidera. Estamos preocupados com esse retorno, porque não há condições ideais”, comentou.
Ruan Navarro, coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPB, afirmou que as duas últimas pesquisas realizadas - uma em 2021 e outra neste ano – mostram que a maioria dos estudantes da UFPB prefere o sistema presencial. “Entendemos que o modelo de aulas remotas veio como uma opção para não paralisar a educação do ensino superior. Todavia, para quem é oriundo de curso presencial, os danos são praticamente irreversíveis no aspecto de qualidade de aprendizagem”, disse.
Ele ressaltou que o DCE é membro da Comissão que trabalhou na criação da política de retorno gradual e seguro das atividades presenciais na UFPB. “Esta política foi rejeitada pela Reitoria e segue processo no Ministério do Trabalho”, frisou. O DCE defende o retorno gradual seguro, mas sugere que sejam disponibilizados testes. Além disso, ressalta a necessidade de efetiva fiscalização da adoção dos protocolos pela UFPB, assim como fornecimento de insumos essenciais para a biossegurança.
De acordo com o reitor da UFPB, Valdiney Gouveia, a retomada das aulas presenciais foi uma decisão do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). “Portanto, penso que foi em comum acordo”, destacou. Ele ressaltou que o diálogo sempre existe. “Estamos à disposição. Unicamente não poderemos oferecer o que não está previsto no orçamento ou contar com uma Universidade diferente daquela que se construiu nas últimas seis décadas”, argumentou.
Como será a volta na universidade
As aulas presenciais para o semestre 2021.2 na UFPB, que correspondem ao período letivo 2021.2, começam nesta segunda para cerca de 26,6 mil alunos matriculados. O período letivo foi iniciado em 21 de fevereiro nos formatos remoto e híbrido, em razão do aumento, na época, dos casos de Covid-19. A apresentação de comprovante de vacinação contra Covid-19 será obrigatória.
De acordo com a instituição, a retomada das atividades presenciais de forma gradual e segura na UFPB é regida pela Resolução nº 45/2021 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). O documento estabelece o período letivo 2021.2 como regular, que tem como regra geral a oferta de turmas presenciais, além de descrever as excepcionalidades que permitem a oferta de componentes remotos ou híbridos.
A Pró-Reitora de Graduação, professora Silvana Maciel, afirmou que cada Centro da UFPB já estava se preparando para o recebimento dos alunos, considerando principalmente as questões relativas à biossegurança, em consonância com as orientações da comissão de biossegurança institucional e das comissões dos centros, com o intuito de reforçar as medidas gerais de distanciamento social, proteção individual e coletiva orientadas pelas autoridades sanitárias.
“É importante que as pessoas leiam o material e assim possam estar vindo para a UFPB dispostos a obedecer às questões voltadas para a biossegurança. É importante que usem as máscaras e façam o distanciamento social”, disse. Ela pede, ainda, que os discentes, técnicos e docentes estejam atentos a questões como o distanciamento na sala de aula, o uso compartilhado de material e de bebedouros.
Uma das orientações da PRG é que o aluno entre em contato com o docente, ou com a coordenação de curso, para inteirar-se sobre quais disciplinas retornam à presencialidade e quais permanecerão em regime remoto. Para o retorno às atividades presenciais, a Pró-Reitoria de Graduação (PRG) elaborou um Plano de Ampliação da Retomada Segura e Gradual das Atividades Acadêmicas Presenciais na UFPB.
Foi criada ainda uma comissão de planejamento pedagógico, coordenada pela PRG, representantes dos centros e discentes para pensar a questão pedagógica. “Sabemos que essa questão do remoto, presencial e do híbrido durante a pandemia terminou acarretando vários problemas de ordem pedagógica para os alunos. Então, a comissão vai se debruçar sobre essas questões”, disse Silvana Maciel.
UEPB
As aulas presenciais na UEPB retornam dia 25 de abril para o semestre letivo 2022.1.Entretanto, desde abril de 2021 as atividades práticas nos laboratórios foram retomadas. Para os cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia, Agronomia, Ciências Agrárias, Curso Técnico em Agropecuária, Engenharia Civil e Odontologia (Câmpus VIII), conforme consulta pública realizada com os estudantes, foi definida para 1º de fevereiro de 2022 a migração dos componentes teóricos ao modo presencial.
IFPB
Dos 21 campi do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), 11 ofertam cursos superiores. Desses, cinco estão no ensino híbrido e seis avançaram para o retorno presencial. Até o meio do ano, todos devem estar na fase presencial, conforme a situação da Covid-19. Em João Pessoa, o IFPB está na fase híbrida e deve iniciar a presencial com a graduação.
UFCG
As aulas presenciais na Universidade Federal de Campina Grande serão iniciadas em 2 de maio para o período letivo 2021.2. Na UFCG, o ensino teórico segue de forma remota para o período 2021.1, que teve início em 22 de novembro e termina em 11 de abril. Um protocolo de biossegurança foi construído para definir como será o retorno às atividades presenciais. Uma das exigências será a apresentação do cartão de vacina.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 19 de março de 2022