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Campanhas do HT reduzem acidentes com queimaduras

publicado: 07/06/2018 00h05, última modificação: 07/06/2018 08h27
Campanha

Coordenador da UTQ, Saulo Montenegro, alerta para os cuidados com fogos no período junino e na Copa do Mundo - Foto: Evandro Pereira

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José Alves

"Antes da existência do Hospital de Trauma, o índice de óbitos por queimadura grave na Paraíba era altíssimo, cerca de 60%, mas após a chegada do hospital, os índices despencaram com pessoas com áreas corporais queimadas em até 80% sendo tratadas, recuperadas e seguindo suas vidas". A informação foi do coordenador da Unidade de Tratamento de Queimados do Trauma (UTQ), o cirurgião plástico Saulo Montenegro, durante o lançamento da XVI Campanha de Prevenção às Queimaduras “Marcas que Ficam Para Sempre", que vem conseguindo reduzir o número de acidentes com queimaduras na Paraíba.

Segundo o doutor Saulo, o foco maior da campanha é alertar as pessoas a tomarem cuidado durante a Copa do Mundo e o São João, eventos em que a população se excede nas bebidas, solta fogos de artifício e acende fogueiras. Ele disse que para os eventos deste mês, o hospital, que é referência no atendimento a vítimas de queimaduras em toda a Paraíba e estados circunvizinhos, vai reforçar a equipe médica.

Ele lembrou que a Paraíba é o único estado brasileiro a manter por 16 anos ininterruptos essa campanha de prevenção a queimaduras e o resultado já pode ser visto. No final da campanha do ano passado, foi verificada uma redução de 13% no número de vítimas de queimaduras, em relação ao mesmo período no ano de 2016. Em junho de 2017, foram 95 paciente atendidos e em 2016, 109 pacientes, comprovando que os números estão decrescendo a cada ano.

Principais vítimas

"Os acidentes com queimaduras ocorrem em todas as faixas etárias mas tem uma prevalência em crianças na faixa etária de zero a 12 anos, em torno de 35%. O pior é que tanto as crianças quanto os adultos ficam psicologicamente traumatizadas, e algumas ficam de fora do mercado de trabalho, dependendo da gravidade da queimadura", disse Saulo Montenegro.

A UTQ é uma unidade de alta complexidade credenciada pelo Ministério da Saúde, sendo referência em todo o Estado. Trabalha tanto a parte de cirurgia plástica quanto queimaduras e atende adultos e crianças. O serviço conta com dois cirurgiões plásticos de plantão 24h presencial, sendo o único hospital da Paraíba com essa qualidade de serviço.

A unidade presta os mais diversos atendimentos, desde amputação de orelha até grandes queimaduras. Atualmente compõem o quadro 13 cirurgiões plásticos, além de um serviço multidisciplinar com fisioterapeuta, psicólogos, técnicos, enfermeiros, anestesistas e nutricionistas. A unidade dispõe de 16 leitos para tratamento de queimados.

Fogos mutilam pessoas

Saulo Montenegro revelou que a maioria dos acidentes com queimadura acontece em casa, com fogueiras, com fogos e churrascos, principalmente neste período. "Os adultos têm que se conscientizar que lugar de criança não é na cozinha. Se uma panela vira de cima do fogão vai atingir primeiramente a criança que está perto da mãe na cozinha, e pode gerar queimaduras devastadoras. Também tem pessoas que ficam mutiladas por causa de fogos de artifícios, perdendo os dedos. É preciso muito cuidado nesta época”, alertou o médico.

Segundo estatística da unidade, dos 1.131 atendimentos em 2017, 635 foram por conta de líquido em alta temperatura, os demais casos (299) foram por contato com objeto de alta temperatura, eletricidade, fogo, fogos de artifício, insolação e produtos químicos. Segundo o coordenador da Unidade, casos envolvendo líquido em alta temperatura tiveram uma redução de 3% nos últimos 10 anos. “A redução desses números na Paraíba é atribuída à campanha de prevenção de queimaduras ‘Marcas que ficam para sempre’, que ocorre há 16 anos consecutivos”, comemorou.

Pacientes

Evanilda Mendonça dos Santos, 35 anos, residente no bairro do Rangel, disse que teve parte da lateral do lado esquerdo do corpo queimado quando fazia café em casa. "Quando fui coar bati com o cotovelo no recipiente e ele caiu sobre a lateral do meu corpo, queimando principalmente minha perna. Imediatamente corri para o banheiro e fiquei embaixo do chuveiro para aliviar a dor". Ela contou também que se não fosse a Unidade de Queimados do Hospital de Trauma estaria sofrendo muito. “Fui trazida pra cá, sábado passado, e graças ao atendimento que estou tendo, venho me recuperando bem e devo receber alta amanhã".

Outro paciente que está em tratamento na Unidade é Leandro Lima, 28 anos, residente em Cruz do Espírito Santo. "Queimei 70% do meu corpo após o padrasto de minha esposa atear fogo na casa. Logo depois me trouxeram para o hospital e já fiz vários enxertos no corpo e só está faltando mais uma cirurgia no meu calcanhar, e acredito que tudo vai ser resolvido porque a equipe médica daqui é de primeira qualidade", disse Leandro.