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Foram registradas 313 ocorrências na primeira quinzena deste mês, 30% a mais que o verifiado em janeiro e fevereiro

Casos da “Doença da Mosca” em alta na UPA Bancários

publicado: 18/03/2022 09h04, última modificação: 18/03/2022 09h04
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Foto: Roberto Guedes

por Juliana Cavalcanti*

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro dos Bancários, em João Pessoa, registrou 313 atendimentos com sintomas relacionados à gastroenterite viral, conhecida como a “Doença da Mosca”, na primeira quinzena de março. Isso representa um aumento de 30% do número de pacientes com diarreia, vômito e febre nesse local em apenas 15 dias. Em janeiro e fevereiro os registros foram mais raros.

De acordo com a diretora-geral da UPA Bancários, Vanine Vieira, além dessa unidade de saúde, o aumento de pacientes com a “Doença da Mosca” é verificado em outras Upas e até mesmo nos hospitais particulares. O número de adultos já acometidos pela doença desse vírus já é bastante alto.

“A Upa Bancários realmente tem registrado um aumento no número de pacientes com diarreia, vômito e febre. O mesmo cenário também foi descrito pelas direções das outras Upas, além dos hospitais da Unimed e Nossa Senhora das Neves, que também estão lotados de pacientes com esse vírus”, declarou.

Segundo a médica, a Doença da Mosca é considerada comum principalmente devido ao final do verão, o início dos períodos mais chuvosos e o consequente aparecimento desse tipo de inseto. Destaca que, mesmo que o mês de março seja a época em que esse problema de saúde é mais frequente, a tendência é que surjam novos casos enquanto as chuvas continuarem.

“Essa alta na incidência de casos vem ocorrendo desde o começo de março. Foi um aumento bem significativo e podem ser registrados novos casos, já que esta é uma doença típica das chuvas”, reforça.

A virose da mosca é conhecida cientificamente como Doença Diarréica Aguda (DDA) ou Gastroenterite Aguda, e tem esse nome justamente por causa do maior aparecimento de moscas no período chuvoso do ano. São insetos que pousam em áreas contaminadas e depois em alimentos, podendo, assim, transportar microrganismos que levam doenças para dentro de casa.

As moscas costumam passar por diversos tipos de matéria orgânica (lixo, fezes, cadáveres) e acabam transportando inúmeros tipos de patógenos, como vírus, bactérias, protozoários e ovos de helmintos (verminoses). Com isso, são os potenciais vetores na transmissão de doenças, em especial, diarreias e desconfortos intestinais.

Os principais sintomas da virose citados pela médica são: diarreia, febre, náusea, cólicas abdominais, inchaço e vômitos. Porém, existem casos em que podem ser verificados sangue nas fezes e desidratação em casos mais graves.

“É uma doença que causa diarreia intensa, vômito intenso, mas não a ponto de se agravar. Devido a intensidade dos vômitos e da diarreia, ocorre a desidratação. Por isso, as pessoas procuram sempre a UPA para se hidratar de maneira mais direta e rápida, através de soro na veia. A desidratação é bem intensa, mas não é grave”, descreveu.

Os sintomas duram normalmente dois dias e, dependendo do caso, até cinco dias, mas sem riscos de morte. “A gente não teve nenhum caso registrado de agravamento a ponto de chegar a óbito. Geralmente é uma diarreia e um vômito que dura de um a dois dias, cujo tratamento é muito simples”, observa a médica. No entanto, a diretora orienta que se os sintomas persistirem ou fiquem mais graves, a pessoa deve procurar ajuda médica nas UPAs ou Unidades Básicas de Saúde.

Fácil prevenção

Conforme a diretora da UPA Bancários, a virose da Mosca é uma doença de fácil prevenção, pois basta apenas reforçar a higiene dos alimentos e utensílios domésticos. Além disso, a doença não é transmitida apenas pela mosca, pois ocorre ainda através da contaminação de alimentos e água, por meio das mãos da própria pessoa ou de outras e até outros insetos que transportem os microrganismos.

Entre os cuidados preventivos estão o acondicionamento adequado do lixo, mantendo-o sempre em sacos fechados e descartando-os apenas no dia e horário do caminhão de coleta; lavar as lixeiras após a retirada do lixo, pois podem conter ovos ou larvas, além de evitar o acúmulo de qualquer resíduo orgânico, como adubos na superfície da terra e restos de alimentos.

“A gente deve ter sempre essa prevenção em relação ao contato desses insetos com os alimentos. Temos que lembrar ainda de lavar bem os alimentos antes de consumir, mantendo o cuidado redobrado da população em relação a essas medidas, pois elas são eficazes para evitar a doença”, finalizou Vanine Vieira.

 *Matéria publicada originalmente na edição impressa de 18 de março de 2022