Durante o inverno, há um aumento significativo nos atendimentos de pacientes com doenças respiratórias, entre elas a tuberculose. Esse cenário eleva a preocupação dos órgãos de saúde quanto à transmissão da doença. Referência estadual no diagnóstico, tratamento e acompanhamento da tuberculose, o Complexo de Doenças Infectocontagiosas Clementino Fraga, em João Pessoa, realiza em média de 40 a 50 atendimentos diários relacionados à enfermidade — incluindo consultas para adultos e crianças, exames complementares, internações e acompanhamento contínuo. De acordo com dados apresentados pela Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES), de dezembro do ano passado a junho de 2025, foram registrados 951 casos de tuberculose na Paraíba — 46 a mais em comparação com o mesmo período de 2023 a 2024.
Os principais sintomas para a tuberculose pulmonar são tosse por mais de três semanas, que pode ser seca no início e depois se tornar produtiva — aquela que envolve a produção e expectoração de muco ou secreção das vias respiratórias; febre diária — geralmente no fim da tarde; sudorese noturna — mesmo em noites frias. Outros sinais comuns relacionados à doença são a perda de peso sem causa aparente, fraqueza e sensação de fadiga e falta de apetite.
No tempo frio, as pessoas tendem a manter portas e janelas fechadas, propiciando o aparecimento da bactéria Mycobacterium tuberculosis que ocasiona a tuberculose. Gerlânia Simplício explica que a falta de ventilação favorece a concentração de partículas no ar, incluindo o bacilo da tuberculose . “Essa doença infecciosa é transmitida por vias aéreas, principalmente por meio da tosse, fala ou espirro de pessoas infectadas”, revelou. Além disso, pode ocorrer uma maior dispersão e concentração bacteriana em locais fechados e coletivos, como ônibus, metrôs, hospitais e abrigos, o que facilita a transmissão entre indivíduos.
Por fim, a pneumologista enfatiza que os pacientes em tratamento da tuberculose precisam de cuidados especiais. “O inverno favorece infecções respiratórias associadas, como asma, gripes, pneumonias e exacerbações de doenças pulmonares. O paciente pode ficar mais vulnerável, o que prejudica a recuperação e favorece complicações”, destacou.
Serviços
No Complexo Hospitalar Clementino Fraga são oferecidos atendimentos especializados em pneumologia para diagnóstico, além de tratamento e acompanhamento de casos de tuberculose em adultos e crianças. A unidade também realiza diversos exames complementares, como baciloscopia, testes moleculares, cultura para micobactéria (grupo de bactérias que pertencem ao gênero Mycobacterium, conhecidas por sua resistência e capacidade de sobreviver em ambientes hostis), teste de sensibilidade, testagem para HIV, teste tuberculínico, radiografia de tórax, tomografia computadorizada e broncoscopia.
O hospital dispõe de leitos para internação de pacientes com tuberculose pulmonar, extrapulmonar, formas multidroga e multirresistentes da doença, incluindo suporte em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 19 de julho de 2025.