por Ana Flávia Nóbrega*
O mês de junho foi marcado, para grande parte da Paraíba, pelas fortes chuvas características do período. Além do início oficial do inverno, no dia 21 de junho, as chuvas esperadas foram acima do normal. Isto porque, as Ondas de Leste, que são perturbação no campo de vento e pressão que atuam na faixa tropical do globo terrestre, atuando em áreas de influência dos chamados ventos alísios, que se deslocam da costa da África até o Litoral Leste do Brasil.
O fenômeno, já esperado, foi mais intenso do que o normal, contribuindo para que os últimos meses, em especial o mês de junho, fossem marcados por temporais que deixaram vítimas fatais e desabrigados com alagamentos, deslizamento de barreiras e desabamento de casas. Em João Pessoa, não houve registro de ocorrências graves.
Em junho, a capital registrou 323,4 milímetros de chuvas, com 7,19% acima da média histórica da cidade, que é de 287,7 mm, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), no entanto, observa que a média para o período é de 301,7 mm.
Os dados de maio são ainda mais expressivos, com o acumulado de 654,2 milímetros (mm), representando 127% acima da normalidade histórica. Os dados são registrados através das plataformas de coletas de dados pluviômetricos.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Kelson Chaves, João Pessoa tem suportado o volume de chuvas e conseguido assegurar o bem-estar da população. “Diante de todas as dificuldades atravessadas, especialmente por algumas capitais nordestinas, a exemplo de Maceió e Recife, estamos atravessando o período de chuvas sem qualquer anormalidade grave. Resultado, tenho certeza, do esforço e do trabalho preventivo desenvolvido pela Prefeitura Municipal e os órgãos envolvidos na política de Proteção e Defesa Civil”, declarou.
Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em junho, os bairros da capital com maiores índices pluviométricos foram Tambauzinho, com 353,8 mm; seguido de Manaíra, com 339,0 mm; Cristo, com 326,0 mm; Altiplano, com 319,4 mm; Cuiá, com 314,4 mm; Centro, com 310,2 mm; e Grotão, que registrou 301,4 mm.
Até o dia 6 de junho, João Pessoa já havia registrado 118,7 mm de precipitações, o que representa 50,2% do esperado para todo o mês.
A Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (Compdec-JP) vem trabalhando de forma preventiva para evitar desastres principalmente em áreas de risco e comunidades ribeirinhas, a exemplo da São Rafael, Hildon Bandeira, Miramar, Tito Silva, Santa Clara, São José, Cafofo Liberdade e ainda, comunidades Alfa-Beta-Gama, no Bessa; além de monitorar as áreas de barreiras e encostas onde existem construções para proteger as famílias que residem nesses locais.
Outra ação preventiva é a limpeza e desassoreamento dos rios. No primeiro semestre de 2022, foram limpos cerca de 10km dos rios Jaguaribe, Cuiá, Laranjeiras e Cabelo.
Dados da Aesa apontam ainda para João Pessoa como a maior concentração de precipitações máximas em junho. A cidade é seguida por Cabedelo (435,2 mm), Lucena (406,0 mm), Alhandra (350,9 mm), Bayeux (334,3 mm) e Baía da Traição (334,0 mm).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 7 de julho de 2022.