Ontem, Maria de Fátima Pereira seguiu um pouco da rotina dos dias úteis durante o feriado de Corpus Chisti. Foi à aula de dança, próximo ao Parque Solon de Lucena, e aproveitou o fim da manhã para ir à Avenida B. Rohan, também no Centro, antes de voltar para casa, no Ernani Sátiro. Ela fazia parte do grupo que esperava pelos ônibus abaixo dos toldos instalados desde a última terça-feira (28) pela Prefeitura, como alternativa de abrigo às paradas que atualmente estão isoladas para reforma. Ela percebeu menos movimento que nos demais dias.
“Está um pouco deserta a rua. Tive que apanhar o primeiro ônibus que passou para chegar aqui, porque lá estava deserto, também por conta da chuva e pelos locais que estão fechados hoje”, explicou Pereira. Sobre a solução dos toldos, ela conta que os pontos antigos já não davam conta nos períodos chuvosos. “Eu cheguei agora, não sei direito o que dizer, mas ali, as paradas, quando chovia, não serviam de nada. Pelo menos aqui tem uma proteção maior para aparar a chuva”, completa.
Terezinha Benício também aguardava o ônibus nas proximidades da Lagoa, costume que pratica há cerca de 20 anos. Ela fez considerações sobre a mudança. “Ficou um pouco ruim, muita correria, mas, com essa cobertura [de toldo], amenizou mais. Estão chegando fiscais, controlando o fluxo, porque, no primeiro dia, foi um transtorno, realmente. Muita gente perdendo ônibus, muito veículo passando direto. Tem ônibus que para lá atrás, passa, não para e aí precisamos ficar atentas. Mas está dando para sobreviver. O que estão dizendo é que vai ficar melhor para gente. Vamos esperar”, exulta Terezinha Benício.
Ela faz parte do grupo de pessoenses que saíram ontem de casa, mesmo com o feriado e as chuvas. Apesar de a data religiosa afetar o funcionamento do serviço público e outros locais, para o comércio, o feriado foi trocado para o dia 24 de junho. Por isso, as atividades de ontem aconteceram normalmente. “Na realidade, para o comércio se torna muito bom, porque as pessoas têm tempo para sair de casa e fazer suas compras. É como dia de sábado. Estávamos ansiosos pelo dia de hoje, mas veio essa chuvinha, que atrapalha um pouquinho e o povo se retrai. Estamos esperando estiar mais para o pessoal se deslocar de casa, sempre com pensamento positivo”, explicou João Evangelista, gerente de uma loja de sapatos no entorno da Lagoa.
A percepção dos ambulantes foi a mesma. Para Wesley Batista, que esperava mais movimento, a chuva atrapalhou. “Numa chuva dessas, o povo fica ‘encorujado’ em casa, muitos não estão trabalhando hoje, nas repartições públicas, mas acho que, mais tarde, dá uma melhorada. Creio que seja um sentimento geral”.
Batista mantém um pequeno comércio entre as calçadas próximas aos toldos instalados e reconhece que a mudança temporária alterou o fluxo para pior. “Creio que não houve um planejamento correto, está muito tumultuado. Hoje está tranquilo, sem o fluxo intenso de carros, mas, durante os outros dias — segunda, terça e quarta — foi horrível. O local está parado, mas não tem nenhum trabalhador na obra. Nunca vi interditar e não ter ninguém trabalhando”, reclamou.
Na PB, alerta amarelo vai até as 10h de hoje
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou um alerta amarelo de chuvas até as 10h de hoje. A chuva pode variar entre 20 e 30 milímetros por hora ou até 50 milímetros por dia, com ventos intensos de 40 a 60 km/h. Em relação ao tempo, a nebulosidade deverá se manter variável, com ocorrência de chuvas ocasionais no Agreste, Brejo e Litoral paraibano, conforme previsão da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa).
A Aesa divulgou também um ranking dos municípios da Paraíba onde mais choveu em maio de 2024. Na cidade de Lucena, no Litoral Norte, a precipitação foi de 318 mm ao longo do mês. Em 2º lugar ficou Alhandra, com 290 mm; em Cabedelo, choveu 277,5 mm; já João Pessoa ficou em 4° lugar, com 274 mm. A Baía da Traição ocupou o 5° lugar no ranking, com 235,5 mm; seguido de Mamanguape, com 212,4 mm, ambos no Litoral Norte. Completam a lista da Aesa as cidades de Jericó (com 191,5 mm), Pitimbu (com 182,6 mm), Vista Serrana e Desterro da Malta (ambas com 170 mm) e Pedro Régis (com 166,1 mm).
A meteorologista da Aesa, Marle Bandeira, explicou que o período de chuvas no Litoral, Brejo e Agreste é de abril a julho. “Os meses climatologicamente mais chuvosos são junho e julho. Então, pode ocorrer algum evento climático mais expressivo. No entanto, só podemos prever com 24 horas de antecedência”.
Em caso de necessidades e riscos devido às chuvas, podem ser contatados a Defesa Civil, no 197, e o Corpo de Bombeiros, pelo 193.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 31 de maio de 2024.
