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Ciclovias sem sinalização causam acidentes pela cidade

publicado: 15/05/2016 00h05, última modificação: 15/05/2016 15h50
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Ciclistas trafegam em alta velocidade e acabam provocando acidentes - Foto: Marcos Russo

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Teresa Duarte e Feliphe Rojas Especial para A União

Um incidente acontecido no dia 23 de abril chamou a atenção da população de João Pessoa sobre a segurança nas ciclovias da cidade. Enquanto trafegava na ciclovia da orla do Cabo Branco, a jornalista Juliana Bandeira foi atropelada por um ciclista que passava em alta velocidade pelo local. O atropelamento causou um corte profundo na testa da jornalista, que precisou ser atendida pelo Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, onde recebeu três pontos internos e sete externos.

O acidente ocorreu no por volta das 18h30, no trecho próximo ao Hotel Xenius. Os ferimentos foram causados pelo forte impacto do guidão da bike na cabeça de Juliana. Em um breve desabafo como forma de chamar atenção das autoridades, a jornalista conta que vinha passeando de patins na ciclovia quando foi surpreendida. “Eu estava andando em minha mão e ao me aproximar da curva percebi que vinham três bikes no sentido oposto em altíssima velocidade. O último ciclista da fila, um trabalhador que visivelmente usava a bike como meio de transporte, tentou ultrapassar as outras duas bikes que vinham na sua frente e usou a contramão, me pegando em cheio”, falou.

Ela conta que o impacto foi inevitável. “Foi inevitável a batida por conta da velocidade, por isso é necessário uma atitude por parte dos órgãos competentes, não porque isso aconteceu comigo, mas porque o impacto que causou isso aí podia ter sido em uma criança e, olhe, nesse caso poderia ter sido uma tragédia”, desabafou. O ciclista caiu da bike, foi lançado em cima de um carro que estava estacionado e teve várias escoriações com a pancada. A pedestre foi atendida por pessoas que circulavam no local e chamaram uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para socorrê-la.

Um grupo de skatistas que trafega pelas ciclovias relatou que é comum imprudências cometidas na faixa dedicada ao uso de ciclistas. "O pessoal da bicicleta vem com muita velocidade, não freia e ainda fica reclamando. Teve uma vez que um ciclista estava passando, apareceu uma galera na frente dele, ele tentou desviar, saiu da faixa dele e acabou batendo de frente comigo. Por sorte eu só tive alguns ferimentos leves. Também tem muito pedestre que não faz a travessia na faixa de pedestre e passa correndo pela ciclovia. Teve uma vez que quase batia em um senhor, porém pulei do skate antes da colisão", disse o estudante Alysson Ravel.

Falta de conscientização

O engenheiro civil Francisco Moreira, que utiliza a ciclovia para passear de bike, reclamou da falta de sinalização nas ciclovias e a falta de programas de conscientização dos atores envolvidos no trânsito. "Nessa área aqui [próximo ao Busto de Tamandaré] tem muito comércio e trânsito de pessoas pelas ciclovias e não existe sinalização. Eu sei que a obra da calçadinha ainda não foi concluída totalmente, mas espero que eles façam sinalizações e coloquem limites de velocidade para as bicicletas. Poderia ter campanhas de conscientização também, porque a gente conhece a cultura do Brasil, principalmente no Nordeste, então acho que é preciso ter mais educação para que as pessoas possam ter mais segurança", disse.

Imprudência das partes

Sarah Barroca é educadora física e trabalha na orla todos os dias. Ela diz que a imprudência existe por parte de todos. "Eu vejo de tudo aqui [na orla]. De manhã, principalmente, que é quando o tráfego é maior. Tem ciclista andando na calçada, no meio da rua, pedestre andando na ciclovia, mesmo as ruas sendo fechadas para prática de cooper. Então é assim, no final das contas, vejo imprudência de todos os lados: de pedestre, de ciclista, de pessoal que quer andar de patins e skate porque a ciclovia é um dos lugares lisos para se andar, então mesmo que as ruas sejam fechadas, não vale a pena ir para lá andar de patins e skate", considerou.

Proibições na ciclovia

Visando regulamentar o trânsito em ciclovias e calçadas, foi determinado no dia 24 de abril de 2013, durante encontro entre Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e o Ministério Público, que estaria proibido o uso de patins, skates e patinetes, tanto na ciclovia quanto na calçada das orlas de João Pessoa. A Semob se comprometeu a estudar um local para as pessoas que utilizam os equipamentos citados circulassem livremente.

Hoje, três anos após a determinação, que previa que quem a descumprisse poderia ter o equipamento recolhido, a realidade é que o acerto não é cumprido, não é fiscalizado e sequer é de conhecimento dos praticantes. Além disso, não existe nenhum espaço para adequado para que se possa utilizar os utensílios sem ser a própria ciclovia.

Malha cicloviária

De acordo com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob-JP), João Pessoa conta com aproximadamente 60 quilômetros de malha cicloviária (ciclovias, ciclofaixas e faixa preferencial e lazer). As ciclovias são aproximadamente 14km, a exemplo da orla de Tambaú e Cabo Branco; ciclofaixas são aproximadamente 26km, a exemplo da Avenida Flávio Ribeiro Coutinho, em Manaíra; enquanto que a faixa preferencial, treinamento e de lazer são aproximadamente 22km, a exemplo da Ciclofaixa de Lazer aos domingos, Avenida Panorâmica (PB-008) e a Faixa Preferencial da Avenida Antônio Mariz, no Quadramares.

A Seção de Geoprocessamento e Estatística (Segeo) e a Central de Informações e Reclamações (Cerin) da Semob informam que não registraram ocorrências sobre esses casos. Para promover o ordenamento e evitar imprudências no tráfego, a Semob realiza constantes fiscalizações em toda a cidade, incluindo nas localidades onde há ciclovias, alertando sempre que o pedestre tem prioridade sobre ciclistas e ciclistas têm prioridade sobre outros veículos. Além disso, agentes de mobilidade orientam ciclistas e demais condutores sobre a importância do respeito ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com o intuito de preservar a segurança de todos que trafegam pelo trânsito de João Pessoa.